- Como você vai fazer nesses próximos 3 meses?
- Do que está falando?
- Sobre a coluna BrasilZÃO. Seu parceiro, na coluna, seguiu para a Espanha e você ficou na mão, não é mesmo?
- Não. Já nos organizamos e temos muito o que relatar.
- O que, por exemplo?
- Escreveremos sobre a cidade de Caçador, no estado de Santa Catarina. Temos muitos assuntos arquivados – e vividos – de nossas andanças nesses últimos tempos. O difícil mesmo foi motivá-lo a partir e a deixar o seu país para buscar inspirações e conhecimentos em um mundo alheio que lhe permita uma maior compreensão de nossas vidas brasileiras.
- Como assim? Viajando pelo Brasil de maneira constante, como tem ocorrido com vocês sistematicamente, já não é o suficiente para compreender o dia a dia desta nação?
- A meu ver não. Não foi fácil convencê-lo a partir para uma viagem digna na qual pudesse aprofundar e alargar o seu espírito critico em terras alheias.
- O que deseja dizer com isso?
- Todo jovem sonha em viver em um país estrangeiro. Eu mesmo deixei o Brasil, de barco, em 1972 quando, aos 19 anos, decidi buscar aventuras ultramarinas.
- Pois é. Mas porque tentou tanto influencia-lo para que seguisse trabalhando de maneira orientada e concreta, já que você nos deixou tão jovem com apenas 300 dólares no bolso? Além do mais, na época, sua família não concordava com essa aventura aparentemente perigosa.
- Por isso mesmo. Era jovem e sonhador. Meu companheiro de BrasilZÃO já avança para a casa dos 30. Pretendia partir para o subemprego na Europa, viver de pequenos salários “lavando pratos” ou servindo os ricos irmãos do hemisfério norte. É quase humilhante, você não acha?
- Humilhante por quê? Você subestima os imigrantes?
- Não. Não os subestimo. Entretanto no caso especifico desse jovem fotógrafo me parece muito mais oportuno, inteligente e agradável buscar a descoberta e a vivência no estrangeiro através das facilidades que obtemos após a desenvoltura adquirida nas viagens dos últimos 4 anos. São dezenas de publicações que levam aos leitores experiências e registros desse enorme Brasil.
- E agora? Esse “lá fora” na Europa é tão distinto e distante de nosso cotidiano... O que vocês estarão realizando na Espanha?
- Bem, após nosso amigo romper as primeiras barreiras do medo e insegurança de viver em outro país estamos com o apoio do Governo Espanhol para a realização de um guia turístico e cultural para o estudante, e sua família, que pretende buscar conhecimento na Espanha.
- É muito interessante. Entretanto falta-lhe conhecimento, estudo e prática para desenvolver um trabalho desse porte, você não acha?
- Concordo com você. Tivemos dificuldades em orientá-lo e, sobretudo fazer com que se decidisse a adquirir a sua passagem, a renovar o seu passaporte, a estudar o idioma que facilitaria sua vida no território ibérico, podendo assim estar preparado para essa aventura. Mas devagarinho fomos conseguindo estimulá-lo a realizar este trabalho que certamente será de grande utilidade para ambos os paises.
- Você não está exagerando? De que maneira um guia turístico e cultural poderá ser tão importante para essa duas nações?
- Infelizmente nossos compatriotas têm se comportado mal em outros paises. Na Espanha, por exemplo, 70% da prostituição masculina é composta de homens brasileiros. E nas Ilhas Baleares, as profissionais da noite são na maioria brasileiras.
- É, não adianta “tapar o sol com a peneira”. Houve uma saturação. E isso, infelizmente, está ocorrendo em vários locais do planeta: na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos e mesmo na longínqua Austrália, nunca a imagem do brasileiro foi tão negativa nos estrangeiro como nos últimos tempos.
- Agora entendi. Mais do que nunca me parece que o trabalho que está sendo realizado por vocês é indispensável. Mas... e o BrasilZÃO?
- Continue antenado. Toda semana estaremos contando mais um pouquinho de nossas viagens para que vocês possam acompanhar os nossos sonhos e as nossas constatações.
- “Et vive les differences!!!
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