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Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
 
São José das Três Ilhas – um verdadeiro descanso
14/08/2008
 

A religião católica está presente na região

Vida sadia nos rincões do BrasilZÃO

O proprietário é a alma do típico bar

Momentos de descontração entre amigos

Fachadas multicolores dos imóveis encantam os visitantes

- Lá em Madri, durante a nossa palestra, uma senhora idosa comentou: “O Brasil é país do desmatamento, da destruição da Amazônia, da violência e da prostituição...”.

- Lembra-se de sua resposta?

- Como poderia esquecer? Naquele momento, algo ficou muito claro para mim: faço parte dos 99% de uma população numerosa que é trabalhadora, e, portanto, não pertenço àquele 1% que se expatria à busca de outras formas de sobrevivência além dos trabalhos técnico, braçal, artístico ou intelectual.


Resquicios de um mundo interiorano

- O que mais?

- Mais uma vez tornei-me consciente das maravilhas escondidas longe dos grandes centros urbanos, onde uma vida tranqüila ainda é possível.

- São José das Três Ilhas?

- Como sabe? Desde quando é adivinho?

- Talvez não se recorde, mas quando estávamos na capital espanhola eu sugeri a você escrever sobre este pequeno distrito, que abriga belíssimos casarões antigos e a espetacular igreja com paredes de pedra, a qual teve sua construção iniciada pelos escravos negros uma década antes da abolição da escravatura.

- Conheça um pouquinho da história desta localidade. No final do mês de julho, todos os anos, orquestras e corais nos encantam com músicas que comprovam que ainda existe um Brasil tranqüilo onde se vive em harmonia com a natureza e a cultura.

- O que mais me agrada é saber que, mais uma vez, Minas Gerais decide preservar o seu patrimônio histórico, e que a igreja e cerca de trinta edificações antigas constituem mais um de nossos tesouros brasileiros.

- Onde fica esta vila?

- Fica entre Belmiro Braga e Rio das Flores, quase na fronteira de Minas Gerais com o Rio de Janeiro.


São José das Três Ilhas pertence ao município de Belmiro Braga - MG

- Há muito tempo não me sentia tão bem em um lugar onde, novamente, tive a impressão de viver no Brasil profundo, longe do cansaço cotidiano das grandes cidades e, sobretudo, esquecendo a necessidade materialista de consumo desenfreado ou de preocupação excessiva com a violência que tomou conta desta nação.

- Por esta razão, acredito que soubemos levar adiante a mensagem à platéia espanhola, que ouviu nossa fala de que o Brasil ainda tem os seus encantos embora a sua aposta industrial esteja equivocada: o Brasil é um país escravo da indústria automobilística, do excesso de importância que se dá ao dinheiro e de uma televisão medíocre, com programas sem conteúdo.

- Isto infelizmente é um fenômeno global que ocorre em diferentes países deste planeta. Mas, voltando a falar de São José das Três Ilhas...


A construção da monumental igreja foi concluída no final do século 19

- Está bem, vou fazer algumas sugestões. Procure convencer o senhor Maurício, da Fazenda Boa Esperança, a hospedá-lo por dois dias em sua propriedade. Você vai apreciar um céu estrelado em uma noite fria de inverno. Ouvirá histórias sobre o Ciclo do Café e irá se deliciar com uma prosa interiorana sem tempo para terminar. Ponha o seu celular de castigo, ou melhor, deixe-o descansar em uma gaveta.

- Soube que há alguns anos São José das Três Ilhas promoveu um Festival que reuniu manifestações culturais e artísticas da região. Foi um momento para consolidar a preocupação de apresentar aos habitantes e aos visitantes a alma brasileira, longe de supermercados, de shopping centers e da falta de individualidade que ocorre, infelizmente, em nossas grandes metrópoles. O paulistano já não é mais paulista. O carioca não se sente fluminense. O soteropolitano não sabe o que quer dizer esta palavra, e os habitantes de Belo Horizonte também vivem o terror em uma metrópole desorganizada, onde a lei da selva é exercida pelo tráfico de drogas ou por políticos incompetentes, que residem em condomínios fechados e não têm o menor apreço por sua terra.

- Não dá para você voltar a falar sobre São José das Três Ilhas?

- Não, não dá! Convido você a seguir comigo para lá!

- Oba! Assim é que se fala!

 
 
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