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Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
 
Campos do Jordão. Paraíso ou Inferno?
12/02/2009
 

A Igreja Matriz

Capivari - a Suíça Brasileira

Campos do Jordão. Uma cidade de contrastes sociais

- O tema dessa semana será Tupã, não é verdade?


O Vale do Paraíba - as porteiras para o descanso

- Ainda não desta vez. Embora, conforme comentei com você, eu deseje obter maiores informações sobre o mito indígena e a interferência jesuítica na cultura dos habitantes encontrados nessa terra longínqua, chamada de Novo Mundo. Desejo também obter informações sobre o surgimento da cidade paulista que foi denominada Tupã.


Religiosidade em Campos do Jordão

- Fico impaciente com esse assunto. Selecionei as fotos com critério e certamente teremos versões interessantes sobre Tupã. Por que aguardar?

- Por causa do frio que enfrento nesse momento na capital espanhola – Madrid –, onde ocorre uma das maiores feiras de turismo do mundo, a Fitur, e que me faz pensar na maltratada e subestimada Campos do Jordão.

- Maltratada? Subestimada? Confesso que não compartilho desse ponto de vista. "Pas du tout."

- Pois então dê um pulo até lá! Procure, inicialmente, obter informações na Secretaria de Turismo que se encontra no Portal de Entrada da cidade. O serviço é deficiente, a decoração do recinto pouco atraente, o material impresso para orientar os turistas é distribuído sem critério, a sala de espera da entidade lembra as escolas publicas dos anos 60, quando as carteiras de madeira, enfileiradas, eram pouco cômodas e frias. Tudo sem sal, sem graça, sem charme, nada aconchegante.

- Mas isso, a meu ver, não tem a menor importância! Campos do Jordão é uma bela cidade!

- Não, não é. Foi. Percorra a avenida principal e dê uma olhada para a esquerda. Os morros estão invadidos e favelizados. As calçadas não são uniformes, a poluição visual causada pela publicidade ostensiva e sem controle contribui para desapontar o turista que aí chega após horas de viagem em rodovias bem-pavimentadas que o levam a Campos.

- E os plátanos? São tão bonitos...

- Estão mutilados por podas excessivas. Deixaram de ser elegantes como os de Paris, na França, que são árvores frondosas, elegantes, esbeltas, seres nobres da Cidade Luz.


Ar puro e beleza natural

Artesanato em família. De pai para filho

Nossa, acho que você realmente se antipatizou com Campos do Jordão!

- Engano seu. Apenas procuro alertar os habitantes, os visitantes, os turistas e os administradores e comerciantes locais para que tratem com mais zelo e carinho o belo patrimônio despedaçado dessa nossa cidade brasileira. O bairro Capivari, por exemplo, poderia ter-se transformado em um local extremamente "kitsch” e de mau gosto, e nos surpreende pela sua elegância. Em alguns bairros a vegetação ainda é exuberante e a topografia contribui para a sensação de bem-estar, de ar puro, o que torna Campos saudável, pretensamente européia, genuinamente mantiqueirense, paulista, brasileira. Sofro com a sua destruição desenfreada e injusta, que aos poucos a transforma em um monstro.


 Bem vindo a Campos do Jordão!             

Comércio e venda de produtos regionais
- Um monstro? Que exagero!!!

- Um dragão que carrega em seu ventre muita gente miserável e inculta, ricos alienados, forasteiros falsos amantes dessa terra, administradores sem experiência e sem escrúpulo, turistas mal-educados e inconsequentes, que rapidamente vão aniquilando a verdadeira alma dos jordanenses.

- Eita, sô! Você não para de criticar, não é mesmo?


 Estação de trem na vizinha São Bento do Sapucaí

Infra-estrutura para atender os visitantes

- Criticar? Sou realista. Campos do Jordão é uma terra de contrastes, cidade de superlativos. Na área gastronômica, você encontra restaurantes que oferecem cozinhas de muitas partes do mundo – alemã, francesa, italiana, japonesa, internacional –, além de pescados (trutas fresquinhas...), brasileira e de todos os tipos de carnes. Os centros de compras satisfazem a todos os gostos e necessidades: malharias, couros e sapatos, cutelaria, artesanato, moda, esportes, decoração, entre outras demandas do consumidor exigente.

- Então...

- Não me interrompa. Paralelamente há mendigos pelas ruas, jovens desempregados e embriagados, anciãos desajustados e sem ocupação...


Manifestação em praça pública na passagem do ano

O turismo é a maior fonte de renda da cidade

- Mas as opções de passeios são múltiplas e proporcionam trabalho a muita gente. A situação não é tão sombria.

- Cite alguns exemplos. Vamos ver.

- Alguns? São muitos. O teleférico, o Parque dos Lagos, a Pedra do Baú, o Horto Florestal, a Gruta dos Crioulos, a Ducha de Prata, o Boulevard Geneve, o Bosque do Silêncio entre outros. Viu só?


Trem turístico, um símbolo da região

- Mesmo assim não estou convencido. Campos orgulha-se de ter a primeira cerveja artesanal do País – a Baden Baden. A Secretaria de Turismo local batizou a cidade como o Jardim do Brasil e se orgulha de ter famílias renomadas – e abastadas – como amantes de suas terras: os Vidigal, os Conde, os Matarazzo, os Santini, os Giaffone, os Loureiro, os Simonsen, os Villares, além de representantes da elite nordestina e de outras regiões do Brasil. Todos têm propriedades luxuosas e poderiam certamente colaborar para "salvar" Campos do Jordão. Antes que seja tarde demais! Antes que a favelização, a sujeira, a poluição visual, o desemprego, a violência, a má administração, a má-fé tomem conta e destruam de vez esse paraíso da América do Sul...

 
 
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