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Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
rodrigogazeta@bol.com.br
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
 
Controle
20/07/2012
 
Controle

A palavra chave para a candidatura PTB/PSDB, composta por Antônio Silva e Verdi Melo, é Controle. Os candidatos já estão com todo o gás nas ruas a caça de votos. Desnecessário falar que ambos os candidatos da chapa tem sua experiência e seu grupo político mais próximo, mas que o controle na condução da campanha, que deve ser tocada por ambos os políticos de forma harmônica e sem vaidades, é fundamental para o sucesso nas urnas.

Também não é mistério que a chapa Antônio Silva e Verdi Melo será muito atacada, principalmente pela chapa petista, e que o “equilíbrio e controle emocional” dos candidatos será importante para que um ato, gesto ou frase mal colocada não ponha a perder toda a campanha. Essa será uma das linhas de atuação dos apoiadores de Corujinha, forçar um deslize de Antônio Silva ou Verdi Melo! Quem não se lembra de um pronunciamento mal formulado de Antônio Silva na TV, e mal interpretado pela população, num debate com Eduardo Ottoni, nas eleições de 2000. Um único tropeço no caminho de Antônio Silva, espertamente arranjado pelo candidato rival Eduardo Ottoni, teria feito Antônio Silva perder o voto de muitas mulheres há poucos dias antes das eleições, que naquele ano elegeu o saudoso e azarão Mauro Teixeira.

Como se vê, um pequeno detalhe pode ganhar ou perder os poucos votos que farão a diferença entre a vitória e a derrota. Varginha não tem segundo turno, de forma que o candidato tem uma única chance de vencer, perdida a chance, acabou, só daqui a 4 anos. E Antônio Silva já espera a bem mais tempo que isso para voltar ao poder! Já o vice Verdi Melo, pode ser o calcanhar de Aquiles na aparente robusta chapa PTB/PSDB. Por ser menos experiente que Antônio Silva no controle emocional e nas papas na língua, o “descontrole” tem maior chance de ocorrer com o vice, do que com o experiente cabeça de chapa. Muito embora saibamos que ambos serão alvo constante de provocações, públicas e reservadamente, que vão durar toda a campanha. Gravações e filmagens secretas devem perseguir os candidatos da chapa PTB/PSDB, a caça de um único ato comprometedor ou frase mal colocada. Sem dúvida a campanha mais pesada emocionalmente e vigiada, será a de Antônio Silva e Verdi Melo, pois além dos petistas e seus aliados, muitos outros almejam “cavar buracos no caminho de Toninho e Verdi”.

Controle 2

Caberá a assessoria de campanha do PTB/PSDB, que possui bons nomes como o perspicaz professor Stéfano Gazola e o “vacinado politicamente” Jefferson Melo, corrigir rumos e aplainar obstáculos, bem como controlar ânimos nesta campanha. Mesmo antes das eleições contagiarem a população, a troca de farpas põe a perder muitos trunfos à campanha do PTB. O comando da campanha deve saber mais do que com quem brigar, mas, sobretudo, saber quando brigar. Não será vantajoso para os candidatos da chapa fomentar, provocar ou mesmo revidar todos os ataques!

É sabido que todos os candidatos já estão nas ruas eufóricos com a disputa eleitoral, porém a população ainda não se contagiou com a disputa, de forma que, ataques ou respostas duras a esta altura podem soar mal ao eleitor. Podem passar o ar de arrogância, soberba, fortalecendo o adversário político.

É bem possível que Corujinha tente fazer este papel, o de “coitadinho”, aproveitando e/ou estimulando que os adversários o ataquem com violência desde o início da disputa, para tentar ganhar a “piedade eleitoral” do povo.

Cabe a Antônio Silva e Verdi Melo saber identificar estes movimentos e ponderar, controlar quando, onde e com que intensidade atacar. Lembrando sempre que as críticas por si só não convencem o eleitor de votar, mas a crítica inteligente seguida de uma proposta viável de solução do problema enfrentado é sempre melhor vista pelo ouvinte. Vale ressaltar que o autocontrole dos candidatos da chapa PTB/PSDB não deve ficar somente no relacionamento com o PT, mas também aos aliados do governo petista e com a chapa do Democratas, que deverá ter um tratamento diferenciado do direcionado aos petistas.

Embora o cuidado e atenção tenham que ser o mesmo com todos aqueles políticos que não são aliados, Antônio Silva deve sim fazer separação entre os adversários. Se não venhamos:

Controle 3

No bloco governista, existem muitos que ainda são simpáticos a Toninho e Verdi, mas permanecem com o governo por pressão ou interesse, e podem virar ou pender para o lado de Antônio Silva e Verdi Melo quando verem que o “navio governista for sucumbir sob as águas”. Quando começa um naufrágio, os ratos são os primeiros a abandonar o navio. Além disso, existem aqueles que podem apoiar veladamente ou mesmo trazer informações de valor nesta disputada eleição. Ademais, os “traidores de um lado, podem ser os heróis e a força que faltava do outro lado”. Além disso, todos sabem que existem muitos descontentes em vários partidos do bloco governista, e não será surpresa se, com uma campanha evolutiva e crescente eleitoralmente, Antônio Silva e Verdi Melo, terminarem a campanha com mais apoiadores do que começaram. Podemos computar neste crescimento eventuais descontentes do PSD, PMDB, e até mesmo do PRB. Se os ataques da chapa PTB/PSDB ao governo forem indiscriminados, poderão voltar a unificar os governista e reduzir as deserções entre os aliados petistas.

Já no bloco liderado pelo Democratas, a “política de relacionamento e atritos” deve ser equilibrada e diferente por parte de Antônio Silva e Verdi Melo. É preciso que a chapa PTB/PSDB veja que abrigar e dividir o flanco de batalha em duas direções (PT e DEM) pode não ser vantajoso. Além disso, se não for provocado, é possível que o candidato a prefeito do Democratas não faça afrontas merecedoras de resposta, pois também não ganha ou tem interesse de abrir guerra contra Antônio Silva e seu vice. Mas vale destacar que tanto no grupo liderado por Antônio Silva quanto no grupo liderado pelo democrata Renato Paiva, existem “eufóricos perigosos e insanos” que desejam ver azedar a relação política entre as campanhas de Antônio Silva e Renato Paiva, caberá principalmente a Antônio Silva a serenidade e controle para não permitir isso! Controle e serenidade, inclusive, para controlar pequenas atitudes provocadoras do vice Verdi Melo, contra renatistas de plantão. É fato que uma briga aberta entre “antonistas e renatistas” favorece diretamente o candidato a reeleição, e essa também será uma estratégia do PT e seus aliados, que possuem próceres bem relacionados nas campanhas adversárias do PT e podem plantar discórdia até mesmo entre irmãos!

Controle 4

A direção da campanha de Antônio Silva também deverá ficar atenta e controlar a calibragem no apoio e ligação dos candidatos majoritários com diversas personalidades políticas e temas quentes nesta eleição. Não será inteligente bater frontalmente no apoio do governo petista ao esporte. O BOA e a SEMEL tem muitos admiradores que se alegram com a política do “pão e circo”. Mas vale destacar que mesmo as conquistas do esporte neste governo poderiam ser mais vigorosas, se a administração municipal também desse atenção a outros setores como saúde e educação, por exemplo. Vejam também que o maior padrinho político da chapa Antônio Silva e Verdi Melo é o deputado estadual Dilzon Melo, mas não convém que este padrinho apareça muito. Na verdade, a campanha poderá destacar um outro “padrinho distante” que embora não se engaje muito ou diretamente por Antônio Silva e Verdi, possui muito mais carisma junto ao eleitorado. Refiro-me ao senador presidenciável Aécio Neves, que também terá a imagem disputada pela chapa do Democratas. Além disso, a campanha do PTB/PSDB poderá avocar para si a vantagem eleitoral e ou carisma de possuir o apoio do governo estadual capitaneado pelo governador Anastásia. O que pode também ser temerário, pois o governo Anastásia teve queda na avaliação desde que assumiu e ainda não fez tudo que poderia ou prometeu ao povo de Varginha. E isso será lembrado pelo PT, que também não vai deixar de ligar a chapa PTB/PSDB ao desgastado deputado Dilzon Melo, verdadeiro padrinho político da união Antônio Silva/Verdi Melo.

O ideal seria restringir a participação de Dilzon Melo nesta campanha a pontos e casos específicos, como a participação do sagaz empresário Jefferson Melo no comando da campanha, bem como colocar todo o peso político de Dilzon para que Aécio Neves tenha apenas um candidato na cidade: Antônio Silva. Porém isso ainda é uma incógnita, pois do outro lado da corda, o deputado federal Dimas Fabiano puxará o apoio de Aécio ao candidato a prefeito Renato Paiva.

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Não bastasse todo este tumulto e jogo de vaidades e traições, e o próprio controle e policiamento que Antônio Silva terá que fazer pessoalmente sobre sua equipe, o candidato deverá também manter seu “exército de vereadores e apoiadores” trabalhando diuturnamente, sem ofender possíveis aliados ou “subir no salto”, esmorecendo ou dando brecha aos adversários na ilusão de que a batalha esteja ganha. Nenhum dos adversários de Antônio Silva já esta derrotado, ou é potencialmente fraco para ser desprezado, a exemplo do que aconteceu em 2000, quando o azarão que estava em 4 lugar venceu nas urnas. Neste ano, o quadro que se desenha é que a chapa PTB/PSDB tem em sua “chapa siamesa” do Democratas, que também é da oposição, a maior rival. E não será fácil para Antônio Silva vencer as eleições, pois não poderá se descuidar da chapa de Corujinha, que pode crescer e oferecer forte risco, porém também não pode confrontar aberta e abruptamente os recentes ex-amigos do Democratas que crescem em preferência do eleitorado, sob pena de ver votos migrando para os petistas. Uma verdadeira corda bamba! Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!

Não será fácil para a chapa PTB/PSDB controlar todos estes fatores e nem mesmo, controlar o próprio intimo dos integrantes do grupo. Vejam que o próprio Antônio Silva, que em outros tempos era visto como centralizador e rancoroso, dando pouco valor aos apoiadores administrando com apenas um pequeno grupo, depois de muitas pancadas políticas e experimentado pelos anos, hoje imprime uma nova imagem aos aliados. Até mesmo os que conheceram bem o antigo Toninho Silva, que administrava friamente de dentro do gabinete, são unânimes em dizer que o Antônio Silva de hoje é outro! Teria ficado mais amoroso e arrependido das inimizades do passado. Em verdade, Antônio Silva recuperou todos os contatos perdidos no passado e já não há grupo político que não se permita sentar e conversar com Antônio Silva. Fruto de uma verdadeira transformação interior do candidato, que aprendeu mais com as derrotas do que com os anos em que esteve no poder. Hoje, Antônio Silva sabe que ninguém chega ao poder sozinho, mas pode perde-lo sozinho, se não souber valorizar o grupo e aprender a somar amigos pela caminhada política.

Parafraseado o próprio Antônio Silva, “política é a arte de somar” e o candidato do PTB, ao contrário do que fez em 2008 quando “se ajuntou a muitos”, nesta eleição, “verdadeiramente soma-se a poucos, mas, destemidos aliados políticos locais”. Porém, como diz o próprio candidato municipal do PTB, “maior que a ilusão do amor, é a ilusão da política”. Antônio Silva deve ficar atento para não cair, novamente, na ilusão de fechar um “pequeno e bajulatório” grupo político fechado, tomando decisões baseadas neste pequeno e por vezes enganador grupo. O político deve estar sempre disposto a somar aliados e mudar direções, corrigir falhas e recuperar amigos, ampliando o grupo da base de aliados que ajudarão e protegerão o líder deste grupo, e também será protegido por seu líder. Mudar o jeito de ser e a forma de pensar faz parte do ser humano, mais ainda daqueles que vencem os desafios, este parece ser o novo Antônio Silva que ai esta. Será mesmo...?

 
 
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