Como antecipou a coluna, a central de boatos eleitorais está bambando em Varginha. Depois dos comentários maldosos sobre a vida dos candidatos, dos ataques apógrafos e a apreensão de material eleitoral na cidade, agora teremos o resultado sobre o debate da afiliada da Rede Globo em Varginha, que foi o último debate entre os candidatos a prefeito de Varginha. Como disse este colunista, já era esperado que nesta reta final os ânimos fossem se arrefecer e que a troca de acusações fosse marcar este final de campanha.
Além disso, diversas personalidades, empresários, artistas e pessoas conhecidas em seus segmentos, ao longo da campanha, foram tomando lado e apoiando ou se manifestando contra um ou outro candidato. Sabe-se que o povo, de modo geral, embora diga que não gosta de político e dos métodos sujos usados neste meio, no final da disputa está completamente envolvido na briga política. A eleição é o assunto mais comentado em Varginha e está presente em todos os bairros da cidade. Por essa razão, é surpreendente como os boatos tomam proporções titânicas em poucas horas e como esta indústria de futricas está marcando a cidade passando por cima de fatos consolidados na cabeça do povo.
Central de boatos 2
Nesta semana o cidadão varginhense recebeu em sua casa um jornal apógrafo com um CD contendo informações sobre as gestões de Antônio Silva. No material é mostrado a situação da saúde, infraestrutura e investimentos, no tempo em que o candidato do PTB era o prefeito da cidade. As informações contidas no material eleitoral distribuído sorrateiramente pela cidade são fatos consolidados e confirmados. Trata-se de manchetes de jornais com informações reais da situação da cidade. O material mostra que nas gestões de Antônio Silva houve problemas, o que não é novidade, pois em qualquer governo há problemas a serem resolvidos.
O material entregue correu a cidade e serviu ao seu propósito que foi o de evidenciar que a saúde, educação e finanças da prefeitura de Varginha, sofrem hoje e já vem sofrendo há muito tempo, bem antes do PT chegar ao governo. Mas também mostra que, se a situação antes era ruim, hoje, está bem pior.
Na mesma madrugada em que foram distribuídos estes jornais e CDs as polícias se apressaram em prender alguns dos entregadores do material apógrafo. A ação configura crime eleitoral, por não conter a identificação de quem a produziu, . Os entregadores presos são “café pequeno” e naturalmente não se tratam dos pensadores e criadores da ação eleitoral chocante, mas frustrada.
No amanhecer de quarta, quando o rádio e a televisão apresentavam o último dia de campanha eleitoral, já sem tempo para rebater ou explicar o material eleitoral distribuído sem identificação, os comandos de campanha se apressaram em dar suas explicações pela internet. Vale lembrar que, a internet e redes sociais, são um campo fértil para plantação de boatos e farsas. Tanto é assim que já na quarta feira desta semana, havia notícias fantasiosas informando que Antônio Silva teria tido um enfarte e estaria hospitalizado em razão do chocante jornal distribuído. Obviamente que o comentário era mentira. Depois disso, se seguiu comentários que davam conta que Corujinha, tido como primeiro suspeito de produzir o jornal apógrafo, estaria preso na polícia federal em razão do material distribuído. Também outra mentira, Corujinha não foi preso!
Central de boatos 3
Já no final da tarde de quarta-feira, uma investigação da Polícia Federal que foi ao comitê de Renato Paiva, apreendendo computadores levou a criação de outro boato, o de que desta vez, Renato Paiva estaria preso, o que não passou de outra falácia. Na manhã de quinta, se via pelas redes sociais cópias duvidosas de boletins de ocorrências onde as supostas pessoas presas distribuindo o material apógrafo sobre Antônio Silva, alegavam terem sido contratadas por Renato Paiva. Em outro e-mail distribuído noticiava-se que as tais pessoas presas trabalhavam para Renato Paiva, mas que teriam sido contratadas por petistas apenas para a distribuição do material apógrafo. As assessorias de Renato Paiva e de Corujinha se apressaram em dizer que não tiveram envolvimento com o episódio.
Outros já chegaram a dizer que o próprio grupo de Antônio Silva teria criado o jornal para “se tornar vítima” e ganhar a solidariedade do povo. Vale ressaltar que nenhum destes boatos foi confirmado como verdadeiro, e possivelmente fazem parte da grande e intensa onda de boatos criados por partidários. Ou seja, nesta reta final, não se pode acreditar em mais nada! Nem pesquisas, nem e-mails, redes sociais. Cada eleitor deve votar e analisar as informações que sabe de cada candidato pelo que vivenciou com cada um nas ruas ou nos programas eleitorais, e isso é bom. Pois força o eleitor a ser o criador de sua opinião e não se basear em “algo já mastigado e produzido por outros”.
O que a coluna pode dizer e assinar embaixo é que nenhum dos candidatos foi ou está preso. Que não há indícios ou suspeitas de que todos os candidatos tenham em algum momento fomentado a criação de boatos contra seus adversários, pois no final, o eleitor é quem terá a palavra final.
O debate
O debate da afiliada da Rede Globo em Varginha, (EPTV), por ser o último da reta final, foi o mais esperado e apreensivo para os políticos. Todos os candidatos a prefeito melhoraram muito seu discurso, sua segurança de falar e já se vacinaram contra perguntas capciosas e pegadinhas políticas. Além disso, a campanha conseguiu em grande parte ser propositiva, todos os candidatos tiveram tempo de apresentar propostas, dialogar com a população e falar ao eleitor. Todas as regiões da cidade receberam os candidatos e também cobrarão ações de quem for o vencedor. No debate da EPTV foi lembrado sobre a situação financeira da prefeitura, cargos de confiança, apoios estaduais e federais, a inoperância do governo em algumas áreas, bem como a necessidade de renovação das lideranças políticas, e como não poderia deixar de ser, o episódio do jornal apógrafo distribuído com fatos da gestão de Antônio Silva. Mais importante do que o falado por cada candidato no debate, é o efeito que isso teve sobre a população e a percepção do povo sobre quem “venceu” do debate.
Muitos e importantes votos já foram mudados neste debate, por ser o último de grande alcance, e tão perto da eleição. Além disso, o número de indecisos ainda é grande e como se acredita que os candidatos Antônio Silva e Renato Paiva estejam com índices de intenção de voto muito próximos, o voto dos indecisos pode mudar o rumo das eleições. Outro dado importante que não se pode esquecer é que o apelo emocional dos petistas está forte e possui impacto sobre a população mais pobre, que nutre muito carinho pela figura do saudoso ex-prefeito Mauro Teixeira. Enfim, a eleição não está definida e pode mudar a qualquer momento.
Frases
“O importante não é quem fez o jornalzinho, o importante é que o que foi mostrado é verdade!”- Eleitor de Varginha, sobre o jornal apógrafo com informações da gestão Antônio Silva
“Ele pode ser considerado retrógrado, mas 90% dos políticos de hoje, nasceram em seu governo, por meio dele!” – Eleitor em e-mail à coluna, sobre o deputado Dilzon Melo
“A disputa eleitoral não foi perfeita, mas, poderia ter sido muito pior! Acho que no final de tudo, estamos amadurecendo, isso é um bom sinal!” – Observador político sobre o caminhar da campanha eleitoral em Varginha.
“Se perder ele será esquecido rápido, mas será um dos poucos que saem do poder com menos do que entrou, isso é raro hoje em dia” – Observador político sobre o prefeito Eduardo Corujinha
Perguntar não ofende
Varginha sai das eleições melhor do que entrou ou sábado e domingo reservam surpresas para o eleitor?
Aécio Neves veio a Varginha declarar apoio em 2012 e saiu da cidade com menos apoiadores para sua campanha de presidente em 2014?
Os vencidos nas eleições vão apoiar o vencedor na conquista de recursos e solução dos problemas da cidade?
O silêncio político vai tomar conta da segunda feira em Varginha?
A suposta distribuição de vagas na Câmara para a próxima legislatura vai delimitar a força dos grupos políticos locais ou os deputados que articulam nos bastidores da cidade vão se entender até 2014?
Assessores e guerreiros
Nesta campanha política viu-se a diferença entre assessores e guerreiros! Assessores são aqueles que se podem contratar, pessoas que não devem lealdade ou dedicação máxima e exclusiva aos chefes.
Assessores são substituídos, traem com maior facilidade e, no caso de Varginha, poucos são bons e eficientes. Normalmente o assessor trabalha por pessoas e não por ideias. Assessores preocupam-se com a distribuição de cargos e salários e tem ciúmes de outros assessores.
Guerreiros são diferentes, são sonhadores em busca da realização do sonho, trabalham por ideais e não por pessoas. Os guerreiros trabalham muitas vezes sem salário, ou holofotes, querem a vitória como prêmio e salário.
Os guerreiros não podem ser substituídos ou trocados, são fundamentais para uma disputa. Por não se aterem a política de poder, perdem poder na política e por vezes, perdem espaço para assessores. Os guerreiros por sua vez, não se apagam ou mudam de ideal ou sonho depois das eleições. Diferente dos assessores, os guerreiros continuam no trabalho silencioso mesmo depois de fechadas as urnas.
Os guerreiros continuam na busca de realização do sonho social para o povo, mesmo que não haja um candidato para representar este sonho. Os guerreiros são imprescindíveis para a melhoria da cidade, enquanto que os assessores são maioria em uma campanha eleitoral.
Assessores e guerreiros sempre vão existir em torno dos políticos e das campanhas, com o diferencial que os guerreiros, não raramente, tornam-se um dia políticos e passam a ser atores principais das mudanças. Já os assessores estão sempre como coadjuvantes e condenados a serem assessório de um projeto ou candidato. Nestas eleições municipais, vimos que guerreiros fizeram a diferença e combateram o bom combate e que assessores estiveram na titularidade das “malversações e diabólicas ou infrutíferas manobras eleitorais”.
Varginha tem sido nos últimos pleitos uma “selva de assessores”, com a criação de poucos guerreiros neste período. Por sorte, estes poucos guerreiros começam a ser perenes na cidade e na política entre uma eleição e outra, já os assessores embora apareçam como insetos em época eleitoral, também possuem vida reduzida aos meses de eleições. Terminada a disputa, que os políticos saibam dar valor aos guerreiros e possam terminar de vez com a prática dos “assessores do mal” para trabalhos que não podem ser “realizados a luz do dia”.
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