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Coluna | Periscópio
Wender Reis
wendernew@hotmail.com
Pedagogo e Orientador Social, curioso observador de tudo que causa espanto no mundo.
 
Projeto Despertar e os Joões da Penha
19/02/2020
 
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Desconfortáveis e sem disfarçar o embaraço que uma chamada judicial gera em qualquer pessoa, assim  chegaram os participantes para o primeiro encontro do grupo reflexivo para homens responsáveis por praticar violência contra mulheres. Apesar de estar disposto na própria Lei Maria da Penha, ainda são poucos no Brasil e, desde o segundo semestre de 2019, Varginha conta com um grupo para atender homens infratores.

Tenho a oportunidade de compor a equipe multidisciplinar voluntária que acompanha os homens nesses encontros. Em pauta, questões como o machismo, relações abusivas, direitos das mulheres, o consumo de álcool e drogas, entre outros. Dessa forma, os participantes são convidados a refletir sobre as implicações de uma cultura de violência que fomenta o assédio, a exploração sexual, o estupro, a tortura, a violência psicológica, as agressões físicas, as perseguições e, por último, o feminicídio.

Os encontros ocorrem uma vez ao mês na Câmara Municipal de Varginha com a finalidade de reeducar para eliminar a reincidência e promover uma socialização masculina onde os homens tenham a oportunidade de parar para refletir sobre os seus comportamentos e conversar de maneira crítica sobre relações de gênero.

Falando como um dos facilitadores, e há de se ressaltar que expresso aqui minha opinião,  um projeto como este mexe com nossas próprias convicções individuais sobre direitos humanos e saúde pública. Considerando que no Brasil, a ideia de um punitivismo extremo tem crescido, contrariando as próprias estatísticas, o Projeto Despertar aposta que a ressocialização bem orientada e a reeducação são alternativas para diminuir as condenações pela Lei Maria da Penha.

Em uma sociedade que ainda naturaliza a violência contra a mulher, fazer o caminho inverso não é das tarefas mais fáceis, contudo, parar para pensar sobre é um passo fundamental para reverter essa situação. Se você, homem, ao ler esta coluna, esteja pensando que é mimimi, que as mulheres se vitimizam demais, atenção, você é um potencial participante do grupo. Pois muitas vezes, o que nos separa de um homem condenado pela justiça é, simplesmente, uma denúncia. E digo mais, geralmente quando acusamos alguém de ser vitimista, estamos tentando evocar para nós mesmos o título de vítima, mas esta é uma ideia para outro texto. De qualquer maneira, o grupo não deve ser pensado como uma punição, que fique claro que é uma oportunidade para a reflexão e dessa forma, hoje já percebemos os homens muito mais à vontade para rever seus preconceitos.  

 
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