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Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
rodrigogazeta@bol.com.br
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
 
Faltam informações; Demissões aumentam; A força da união
29/04/2020
 

Faltam informações

Poços de Caldas apresentou o maior índice de isolamento na semana passada entre as maiores cidades do Sul de Minas. Os dados são de uma empresa de segurança que usa a geolocalização de uma base de dados com mais de 60 milhões de dispositivos móveis em todo o Brasil. Conforme os números, o índice de isolamento na cidade na semana passada foi de 49,25%. Hoje, em Minas Gerais, a média de isolamento é de 62,5%. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 70% é o índice mínimo para impedir a alta disseminação do novo coronavírus. Em Varginha não se sabe nada sobre o índice de isolamento, nem mesmo sobre os controles técnicos adotados para a retomada do comércio na cidade. Varginha vem cumprindo os requisitos mínimos do isolamento propostos pela Organização Mundial de Saúde? De quanto em quanto tempo serão analisados os números da pandemia na cidade para saber qual o grau de abertura ou fechamento o comércio deve adotar? Os representantes do Ministério Público e Judiciário estão participando das ações ou apenas acompanhando tudo de casa (com os salários em dia) para depois aparecer apenas para criticar o que foi feito?

Demissões aumentam

Mais de 15 mil demissões já foram realizadas em Uberaba desde a última semana de março deste ano, quando os poderes públicos começaram a limitar e suspender o comércio por causa da pandemia de coronavírus. A estimativa é do Sindicato dos Contabilistas de Uberaba (Sindcont), que realizou um levantamento com os escritórios de contabilidade da cidade. Com a reabertura do comércio em Varginha, muita gente busca um recomeço. Para especialistas, o choque econômico deve provocar um impacto maior nos próximos meses. A fase pode ser encarada como de sobrevivência, com novas regras nas relações comerciais, nos hábitos de consumo e no posicionamento de mercado. Sabe-se que em Varginha milhares de empresas sofreram com a pandemia e naturalmente demitiram funcionários, mas também não há informações seguras de quantos foram demitidos. O comércio de rua tende a recuperar mais rápido que o comércio no shopping e em galerias, visto que foi o primeiro a reabrir. Os comerciantes do Shopping Via Café, além de pagarem altos alugueis, serão os últimos a retomarem as atividades.

A força da união

Desde o começo da pandemia diversas empresas estão dedicadas a apoiar a sociedade em Varginha. Embora a Prefeitura de Varginha apareça mais por comandar as ações, o fato de maior destaque desta área social é o enorme apoio dado por grandes, médias e pequenas empresas que estão doando recursos, bens e serviços na campanha de combate a pandemia e apoia direto a sociedade. São doações de máscaras protetoras, equipamentos, serviços sociais e alimentos para famílias carentes. O hospital de campanha construído na Unifal e grandes doações de indústrias como Wallita são alguns destes exemplos que permeiam comércio, indústria e agronegócio. Toda a sociedade e setor produtivo estão mobilizados, mas falta uma área importante da sociedade que ainda precisa dar sua contribuição. Este importante setor foi lembrado pelo ministro da Economia Paulo Guedes em discurso na manhã de quarta-feira, juntamente com o presidente Bolsonaro, na saída do Palácio do Planalto. Paulo Guedes lembrou que os governos estão fazendo enorme esforço fiscal e econômico para “segurar empregos e apoiar empresas e a estrutura de saúde que ampara os doentes”, contudo, os servidores públicos precisam dar sua ajuda. Os servidores, que possuem estabilidade de emprego e estão com salários garantidos em meio a pandemia e muitos estão em casa, precisam abrir mão de aumentos salariais pelos próximos dois anos. O desafio será grande, pois a classe é forte e não gosta de ser afrontada. Vejam que em Varginha, mesmo com a “casa caindo”, os servidores públicos já asseguraram aumento real nos salários neste ano. A conferir!

Saiu e arrependeu?

Depois da pandemia que pegou de surpresa todo o mundo e chegou repentinamente em Varginha, creio que, para nossa cidade, a segunda notícia que mais chocou a todos foi a renúncia (também inesperada) do ex-prefeito Antônio Silva. Em sua breve carta de renúncia enviada a Câmara de Vereadores o político diz “por razões de foro íntimo, reconheço não ter condições de continuar administrando a Prefeitura. Relembrando as palavras do Apóstolo Paulo, posso afirmar que “combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé”, e encerro a minha missão com a consciência do dever cumprido”. Ou seja, Antônio Silva reconhece que “não tem condições de continuar administrando e que já fez tudo que podia e sai de consciência limpa”! Porém parece que o político deve ter se arrependido ou mentido em sua minuta ao Legislativo, visto que mantém a “luta política e argumentação administrativa” nas redes sociais. Constantemente Antônio Silva argumenta e até debate com eleitores “bravos” pela rede e “apresenta poréns e argumentações para ações do Executivo que não comanda mais”, ou será que ainda comanda? Não se sabe! Afinal, mesmo depois de ter abandonado a cidade numa das piores crises de saúde da história e ter comandado uma incerta operação de crédito que pode aumentar a dívida da cidade em R$ 26 milhões, Antônio Silva parece continuar “querer tomar decisões gerir os rumos da cidade”, pelo menos pelas redes sociais! Qual será a verdadeira influência do ex-prefeito Antônio Silva sobre o atual prefeito Vérdi Melo?

Voando sozinho?

O vereador Zacarias Piva saiu do Partido Progressista onde ficava “debaixo do guarda chuvas do deputado federal Dimas Fabiano e na sombra do vereador Leonardo Ciacci” para ingressar no PSL, do deputado federal Charles Evangelista, onde pretende ser candidato a prefeito de Varginha. Zacarias reúne um pequeno grupo de apoiadores e articula apoios para sua pretensão política. O vereador tem alguns “gargalos políticos” para resolver como maior apoio político, recursos pra campanha e, naturalmente, maior visibilidade e conhecimento por parte do eleitor. Na verdade a maioria dos pretensos candidatos em Varginha enfrentam os mesmos problemas, com o diferencial que Zacarias Piva buscou apoio de um deputado federal desconhecido na cidade e abrigou-se numa legenda recém chegada a cidade. Charles Evangelista não tem muitos apoiadores em Varginha e nem histórico de grandes conquistas para a cidade, da mesma forma o PSL, embora seja a legenda com o maior valor do Fundo Partidário, é uma legenda sem histórico político na cidade. Sem medalhões em Varginha, o PSL tem em Zacarias Piva a oportunidade de “despontar” nas eleições de 2020. Tendo em vista que as eleições de Varginha são televisionadas para todo o Sul de Minas, é possível que, se Zacarias Piva tiver bom desempenho, leve o nome do PSL e de Charles Evangelista para todo o Sul de Minas. O vereador de Varginha já percorreu corredores de Brasília e Belo Horizonte para buscar apoios nas eleições municipais, contudo, pouco prospectou de apoio concreto na cidade. Piva reúne descontentes do PP, PSDB e apoios de partidos menores que podem sofrer interferência das cúpulas partidárias. Sem dúvidas, Piva tem o primeiro dos atributos necessário para ser prefeito: tem coragem, coisa que sempre faltou ao vereador e ex-colega de PP Leonardo Ciacci, que novamente ameaça ser candidato. Será que em seu primeiro “grande desafio político” Piva será testado justamente na disputa contra seus ex-colegas do PP?

Sumidos, mas faturando!

A direção do Hospital Regional do Sul de Minas recebeu nova emenda parlamentar do deputado federal Odair Cunha (PT) para gastos correntes de manutenção do Hospital Regional. O recurso integra outros R$ 2 milhões já destinados por Odair Cunha ao Hospital Regional no ano passado. O parlamentar do PT estava sumido da cidade depois que o PT perdeu o poder municipal e seu grupo político deixou o comando do Hospital Regional. Mas vale pontuar que, mesmo não tendo mais aliados no comando do Hospital Regional, Odair Cunha continua contribuindo com a instituição. O parlamentar busca articular uma candidatura de aliados em Varginha e talvez por isso esteja novamente apoiando instituições na cidade, ou seja, quer continuar faturando politicamente no município onde já conseguiu mais de 15 mil votos numa única eleição. Já o comando do Hospital Regional do Sul de Minas, liderado pelo “destemperado” médico Frederico Nunes recebeu os recursos sem informar onde vai gastar. É habitual o comando do Hospital Regional manter uma “caixa preta” nas finanças da instituição que possui milhões em contas a pagar e reclamação de diversos credores que acusam a atual administração de não respeitar critério cronológico nos pagamentos e perseguir desafetos no comando da instituição. Na verdade, o Hospital Regional do Sul de Minas caiu muito no conceito moral da sociedade após a posse de Frederico Nunes no controle da instituição. Porque o Hospital Regional não publica editais de prestação de contas? Porque no Hospital Regional algumas áreas como cardiologia são beneficiadas em detrimento de outras? Porque “aliados recebem em dia e desafetos esperam na fila”? As ameaças de perseguição perpetradas por Frederico Nunes a empresas e jornalista que investigação as suspeitas de mau uso de dinheiro público foram concretizadas? Porque caiu o apoio da sociedade e destinação de recursos públicos ao Hospital Regional?

Prefeitáveis

A coluna listou alguns nomes de lideranças locais que estão no “páreo das disputas” municipais deste ano. Alguns dos nomes vão disputar o mesmo “tipo de eleitor, e em alguns casos, no mesmo setor”, o que se realmente ocorrer, promete que teremos uma disputa “apimentada”. Ou seja, tendo em vista que muitos dos postulantes já “foram aliados ou militaram no mesmo meio, é bem provável que, se realmente houver disputa, teremos muita roupa suja sendo lavada em frente a TV”. Vamos a alguns dos nomes que chegaram a coluna. Vérdi Melo, foi tucano, mas hoje está filiado ao Avantes. Foi vereador, presidente da Câmara, secretário, vice-prefeito e agora ocupa o cargo de prefeito após a renúncia de Antônio Silva.

Anderson Martins, filiado ao PSDB (ex-partido de Vérdi) é líder do comércio de rua local e já rivaliza com outros políticos para representar o comércio de Varginha, liderado pela Associação Comercial e Industrial. Rogério Bueno, ex-petista, atualmente no PSB, foi vereador e candidato a prefeito na eleição passada, tem amigos e desafetos na esquerda e na direita política da cidade. Possui “amigos com alto desgaste político e difíceis de esconder em ano eleitoral”. Zacarias Piva, ex-aliado do deputado federal Dimas Fabiano, foi do Partido Progressista e, como vereador já apoiou firmemente o atual governo. Hoje filiado ao PSL busca ser prefeito sem ter experiência no Executivo ou grupo político numeroso para conquistar e gerir a máquina pública municipal. Sergio Takeishi, foi vereador, presidente da Câmara, e secretário no governo de Antônio Silva, onde foi colega de Vérdi Melo como secretário. Filiado ao PSC, já recebeu apoio de nomes conhecidos da política local como Dilzon Melo, Dimas Fabiano, entre outros. Leonardo Ciacci, vereador pelo Partido Progressita por vários mandatos, foi colega de Serginho, Zacarias, Vérdi e Rogério Bueno. Sendo governista em todas as administrações que participou, nunca teve experiência no Executivo. Se for candidato, o que não se acredita, não definirá seu futuro pois é visto como “dependente” do líder político de sua legenda que prefere “um mau acordo a uma boa briga”. Jonas Loureiro, servidor de carreira da TV Princesa, filiado ao PC do B, primeiro nome da esquerda a ser definido pela legenda, não tem plano de governo formado nem recursos para campanha, mas terá “falhas a apontar de quase todos os demais adversários”. O Partido dos Trabalhadores deve lançar candidato mas, não definiu o nome. A ex-deputada Geisa Teixeira é o nome mais lembrado, contudo, não deseja participar do pleito, pelo menos por enquanto, o que pode colocar nomes do PT como Silvana Prado em condições de disputa.

Perguntar não ofende

Se Leonardo Ciacci for candidato a prefeito e enfrentar Anderson Martins no pleito, vamos saber quem realmente trabalha e representa o comércio local numa disputa onde haverá “roupa suja” sendo lavada e “máscaras caindo”? A ACIV iria apoiar qual dos candidatos?

Se Serginho Japonês realmente for candidato a prefeito, rivalizando com Vérdi Melo, seria possível que os dois nomes que fizeram parte do governo Antônio Silva trocassem farpas pelos erros e acertos do governo? Antônio Silva apoiaria firmemente Vérdi Melo ou não?

Se Zacarias Piva for candidato contra Leonardo Ciacci, Serginho Japonês e Rogério Bueno, é possível que tenhamos uma “lavagem de roupa suja” sobre a “paternidade de boas e más ações da Câmara de Vereadores” por onde passaram? Vão abrir a caixa preta?

Antônio Silva, que já apoiou e foi apoiado por Zacarias Piva, Leonardo Ciacci e Serginho Japonês manteria seu apoio a Vérdi Melo, batendo em ex-aliados para fazer seu sucessor? Será que, após a renúncia, Antônio Silva é um aliado que se deve mostrar na TV ou não?

 
 
 
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