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Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
rodrigogazeta@bol.com.br
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
 
Novidade que preocupa; Cozinhando o galo; Exemplo a ser seguido?; Cantamos a pedra
19/06/2020
 

Novidade que preocupa

Dentre os nomes que pretendem disputar as eleições majoritárias em Varginha, Zacarias Piva (PSL) é o que mais preocupa o comando de campanha do prefeito Vérdi Melo, que vai disputar a reeleição. Piva é vereador e tem boa atuação no Legislativo, mas não conseguiu manter o ritmo de “construção política” que vinha fazendo desde que colocou seu nome como pré-candidato. Acredita-se que interlocutores do prefeito sejam os responsáveis pelas articulações para “frear o crescimento” de Piva na conquista de apoios. Nos bastidores, o comando da campanha de Vérdi Melo acredita que Piva será o “adversário mais difícil de ser desconstruído” tendo em vista sua pouca experiência política e personalidade firme (por vezes com cheiro de soberba). É sabido que nos “QGs” dos principais candidatos é levantado informações contra os adversários. Esse caminho já é conhecido, numa eleição onde ninguém tem maioria de apoio, o caminho pode ser “desconstruir adversários com dossiês duvidosos” e tentar “vencer pela aversão do eleitor ao adversário político direto”. Exemplo disso foi a própria eleição de Bolsonaro, que era o candidato de muitos, (não da maioria), contudo, como o adversário de Bolsonaro em 2018 era Fernando Haddad do PT, muitos eleitores votaram por exclusão em qualquer um que não fosse do PT. Em Varginha, a maioria dos candidatos possui “fragilidades que podem ser atacadas”, ainda mais os nomes com mais “tempo de vida pública”. Assim, Zacarias Piva que possui pouco tempo de vida pública, mas pegou rápido a habilidade para “cativar eleitores” pode ser um adversário perigoso, se tiver discurso e estrutura/apoio nas eleições municipais. Daí a preocupação de alguns grupos para “limitar seu crescimento”. No Partido Progressista, antigo partido de Piva, alguns medalhões também dispararam ligações para impedir apoios à campanha do PSL. A coluna sabe de 2 líderes partidários que foram “desestimulados” para não se aproximar da campanha do PSL. Será que Zacarias Piva chegou ao seu ápice de crescimento político? Ou pode vir a surpreender?

Cozinhando o galo

Falando em Partido Progressista, o vereador Leonardo Cicci, nome da legenda para a disputa eleitoral deste ano tem passado momento de “ansiedade pré-eleitoral” com as articulações municiais em andamento. Ciacci sempre colocou seu nome a disposição, contudo nunca reuniu apoio e coragem para enfrentar uma eventual derrota para prefeito, o que faz parte do resultado eleitoral. Ciacci gosta de “disputar eleição ganha, ou eleição fácil”, o que é raro ocorrer na disputa pelo Executivo municipal. Atualmente um vereador com grande liderança no Legislativo, tendo ocupado a presidência da casa por algumas vezes e sendo reconhecido como “padrinho político” de algumas nomeações no Executivo municipal, Ciacci acalenta o desejo de ser candidato a prefeito. Mas para isso depende de uma grande construção política com a soma de muitos partidos e lideranças, além de uma considerável quantia para pagar uma eleição municipal, que no caso do PP, pode envolver ainda o apoio a cerca de 80 candidatos a vereadores de partidos aliados! Ou seja, algo difícil de ocorrer! Sem falar que no “caminho” do sonho de Ciacci tem a reeleição de Vérdi Melo, que não deseja abandonar sua pré-candidatura já em andamento. Aliás, a Vérdi Melo, pelo calendário e prazos já estabelecidos da Justiça Eleitoral, só restam duas alternativas, ser candidato a reeleição como prefeito ou não ser candidato a nada! Quem conhece Vérdi, sabe a escolha que o prefeito fez! Neste sentido, para que Vérdi Melo e Leonardo Ciacci sejam parceiros nestas eleições existem apenas duas possibilidades: Ciacci ser vice de Verdi Melo ou ser candidato a reeleição como vereador na composição de apoio a reeleição do prefeito. Caso contrário, Vérdi Melo e Leonardo Ciacci seriam candidatos adversários na disputa pela Prefeitura de Varginha. Para os amigos de Ciacci, o vereador “cozinha o galo” na negociação com o prefeito a fim de, na última hora, sair como candidato a prefeito pelo PP, o que não se acredita tendo em vista “molemolência do passado do edil”. Já para os amigos de Vérdi Melo, é o prefeito quem “cozinha o galo” esperando que Ciacci, “sem vice e sem recursos suficientes, aceite ser vice na chapa de Verdi Melo”. De qualquer forma, é possível que este “galo não cozinhe e surja daí um prato indigesto para ambos”!

Exemplo a ser seguido?

O mundo político é dos mais pichados pela sociedade no Brasil, mas isso não é sem razão! Seja por conta dos escândalos ou mesmo dos fortes indícios, onde tem política partidária e muitos recursos, acaba por aparecer benesses, favorecimentos e uso irregular do dinheiro público. Nestes tempos em que o Judiciário tem ganho manchetes tendo em vista a maior participação dos magistrados no mundo político, as eleições municipais vão ganhar um tempero a mais para “aproximar políticos e magistrados”! O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais será presidido pelo desembargador Alexandre de Carvalho, “polêmico representante do Judiciário Mineiro”, investigado por corrupção passiva e outras irregularidades, inclusive com interceptações telefônicas capazes de constranger magistrados honrados. A investigação se passa no Superior Tribunal de Justiça, onde Alexandre de Carvalho será julgado por outros colegas juízes. Carvalho é próximo de muitos políticos “igualmente polêmicos como ele” e certamente deverá ser um “espinho” para alguns magistrados nestas eleições municipais lançar mão de ilações e denúncias contra candidatos para impedir previamente candidaturas ou mesmo posse de eleitos! Vai que os políticos municipais estejam apenas “se espelhando no exemplo maior do ilustre desembargador e presidente do Tribunal Regional Eleitoral”? Não é mesmo!

Homem forte!

O governo municipal tem um prefeito com habilidades diferentes da antiga gestão de Antônio Silva. Vérdi Melo atua muito fora do gabinete e confronta adversários políticos, coisa não habitual no dia a dia de Antônio Silva. Contudo, o ex-prefeito que renunciou tinha um traço importante, embora tivesse conselheiros próximos que ouvia, era seu “próprio homem forte, não terceirizava decisões importantes”! No atual governo, do primeiro escalão passando pelo alto e baixo clero da administração é “pública e notória a ciumeira envolvendo o nome de Carlos Honório Ottoni Junior – Honorinho” visto por muitos como o homem forte do governo”. A nomeação de Leandro Acayaba como chefe de gabinete, que esperavam fosse “disputar poder como Honorinho” não ocorreu tendo em vista um “flagra constrangedor, envolvendo Acayaba e divulgado nas redes sociais do polêmico Juliano Rodrigues”. O fato teria enfraquecido Acayaba e deslocado o ex-vereador para a região “periférica das decisões”. Desde então, cresce a “tinta na caneta de Honorinho”, que agora além de secretário de Governo, também é titular da secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social. Nos bastidores, Honorinho também atua na pré-campanha de Vérdi Melo, foi um dos responsáveis pelo distanciamento entre o prefeito e o vereador Zacarias Piva, após “patético e amador deslize” telefônico envolvendo o vereador e primo de Honorinho, que na época presidia a Câmara de Varginha. Alias, na Família Ottôni, depois que Eduardo Ottôni foi prefeito e deputado estadual, o “sonho de ser prefeito” (ou vice, quem sabe) continuou vivo no coração da família por meio do vereador Dudu Ottoni e seu primo Carlos Honório Ottoni Junior. Mas se depender de Honorinho, suas forças e articulações até as eleições são para fazer de Vérdi Melo o prefeito reeleito em 2020 e Dudu Ottoni o nome mais distante possível da cadeira de vice! Será que o “homem forte” vai ter o que comemorar no final do ano? A conferir!

Perguntar não ofende

Com vagas sobrando no primeiro escalão e recursos extras chegando, será que as futuras nomeações no governo municipal terão apenas critérios técnicos ou deverão também somar apoio político a reeleição do prefeito? Será que a oposição está atenta a isso?

Já verificaram a relação de nomes de assessores e nomeados na ALMG e na Câmara dos Deputados a fim de encontrar “nomes conhecidos de Varginha” que ganham gordos salários e possuem muitos votos na cidade? Será que apenas a coluna faz este tipo de verificação?

Será que o Ministério Público tem verificado a existência de “nomes conhecidos e bem remunerados em Varginha” na relação de beneficiados pelo Governo Federal com o auxílio emergencial de R$ 600 por mês? Diversos servidores públicos entre os “contemplados”!!

Só por curiosidade, tendo em vista que acharam o Queiroz, alguém sabe por onde andam Raimundo Zaidem, Zé Roxinho, Samuel Maganha, Marcão Tip Top, João Ratzan, Chiquinho Oliveira, de Elói Mendes, Guilherme Maia e tantos outros que “sumiram dos holofotes”?

10 anos

Em 2020 fazem 10 anos da morte do ex-prefeito Mauro Teixeira, maior líder do Partido dos Trabalhadores em Varginha e responsável por levar o partido ao comando da cidade. Maurinho, como era conhecido, tornou-se um fenômeno de popularidade em Varginha e região, surfando a “onda do período eleitoral fértil do PT e de Lula”! O saudoso ex-prefeito realizou grandes obras, trouxe muitos recursos federais à Varginha e consolidou a força do PT na região. Não tivesse falecido tão jovem, certamente hoje seria um dos principais deputados federais de Minas Gerais. Cercado por polêmicas e brigas com desafetos políticos, Maurinho era um homem simples e próximo do povo, sua morte prematura comoveu a cidade e mesmo hoje, sua “herança política” rendeu votos a ex-primeira dama Geisa Teixeira que foi eleita deputada estadual após sua morte e ainda hoje se destaca como possível candidata a prefeita. Nomes conhecidos do PT de hoje foram próximos de Mauro Teixeira e devem muito a ele, mas seu legado político não serviu para que o PT estadual e personalidades fortes da legenda dessem o apoio ao diretório municipal para que se mantivesse forte na cidade. Depois de Maurinho, o PT em Varginha desceu “ladeira abaixo” e não dá “sinais de que vai se recuperar”, pelo menos não nestas eleições, embora seja o principal partido de esquerda no Brasil e na cidade. Mas é certo que, o candidato a prefeito do PT em Varginha, seja ele (ou ela) quem for, vai mostrar na campanha obras da gestão Mauro Teixeira que foi, até aqui, o único momento em que “a estrela brilhou” na cidade, após “apagar por completo”.

Pera, uva, maçã ou salada mista

Alguns filiados do PSDB em Varginha em conversa com a coluna teimam em dizer que, de dentro do ninho tucano, vão apoiar a candidatura de Vérdi Melo (ex-tucano e agora no Avante) contrariando os esforços institucionais da legenda para fazer decolar a pré-candidatura de Anderson Martins a prefeito. Na verdade, o PSDB está se “refundando” com o lançamento de Anderson Martins, nome novo no mundo político e que pode fazer a diferença se tiver estrutura de campanha. Muitos nomes conhecidos na cidade como o prefeito e a presidente da Câmara são oriundos do PSDB e será um desafio para a legenda desvencilhar da influência de ex companheiros nesta eleição. Até mesmo o pré-candidato do PP, Leonardo Ciacci, que nada tem a ver com o PSDB, corrobora com o esforço involuntário de varias lideranças políticas no natural esvaziamento do apoio do empresário Anderson Martins, atual presidente da Associação Comercial e Industrial de Varginha - ACIV. Ciacci já foi presidente da ACIV e naturalmente, se for candidato, vai tirar votos de Anderson Martins na área do comércio (ou seria o contrário?). De qualquer forma, a exemplo de Zacarias Piva que também sofre “ataque de forças ocultas” para não ser candidato ou perder apoios, o empresário Anderson Martins vai ter que “suar a camisa para vencer a maré até chegar ao alto mar com seu desejo de ser prefeito”. Se realmente o PSDB vai caminhar unido até o final só o tempo dirá! Todavia, para quem tem esperança numa “terceira via forte”, não é de todo descartada a aproximação de nomes como Zacarias Piva e Andersom Martins, afinal, são “desdenhados e boicotados pelas mesmas forças políticas”, o que leva ao conhecido ditado: “o adversário do meu inimigo, é meu amigo”! E olha que neste meio político ainda existem outros nomes que, embora não sejam novidades eleitorais, podem também resolver sentar a mesa com PSL e PSDB, é o caso de PSD e MDB. Ambas as legendas possuem adjetivos e vantagens políticas destacáveis e numa disputa apertada como parece estar se desenhando em Varginha, podem fazer a diferença. Será possível?

Cantamos a pedra

A coluna já falava no final de março que, dependendo dos reflexos do isolamento provocado pela pandemia do Covid-19, as eleições poderiam sofrer mudanças. Agora com as falas recentes do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Barroso, já são favas contadas. As eleições municipais não serão proteladas por dois anos para unificar com as eleições presidenciais, como muitos temiam. Contudo, serão atrasadas por algumas semanas e mesmo divididas em dois dias cada turno a fim de dar tempo a Justiça Eleitoral, aos partidos e candidatos para que o pleito ocorra, ainda em 2020. A coluna já havia acompanhado o início das conversas em Brasília e depois no TRE em Belo Horizonte, antes mesmo da confirmação do adiamento do primeiro turno de outubro para novembro. Agora já debatido claramente entre os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do TSE, a mudança do calendário eleitoral é apenas uma questão de regulamentação.

 
 
 
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