Entrevistas com os candidatos; Executivo e Legislativo; Custo eleitoral; “Pobre e engajado”; Futuro da esquerda; O inteligente sem voto?
Entrevistas com os candidatos
Com a pandemia o encontro direto entre candidatos e eleitores ficou gravemente prejudicado, dando claramente uma vantagem aos candidatos mais conhecidos. Neste cenário as entrevistas promovidas pela imprensa e demais instituições de Varginha são muito importante para que o eleitor tenha conhecimento do que pensa e o que pretende fazer cada um dos candidatos. A série de entrevistas da Gazeta de Varginha, em parceria com o Portal Varginha OnLine foi uma das grandes oportunidades do eleitor conhecer seu candidato. A coluna entrevistou todos os candidatos, fez questionamentos diretos e confrontou dificuldades de cada candidato, partido ou plano de governo. As entrevistas estão nas redes sociais do Jornal Gaze ta e no Portal Varginha OnLine e YouTube. Muitas das assessorias dos candidatos já acompanharam as entrevistas e certamente as respostas serão utilizadas nos programas de rádio e TV, bem como e principalmente nos confrontos diretos no único debate que teremos na última semana. A participação e peso do candidatos a vice-prefeito também foi uma análise interessante visto que a cada dia a figura do vice ganha maior destaque no mundo político. As entrevistas concedidas também no Blog do Madeira e no Cesul/UNIS foram encontros importantes para que o eleitor conhecesse os candidatos e suas propostas. É claramente perceptível que poucos dos 7 candidatos têm noção exata da atual situação financeira do município e que menos ainda possuem domínio básico das principais áreas da gestão pública: Educação, Saúde, Segurança Pública e Emprego. Isso se deve porque as eleições que, a princípio teriam apenas três ou quatro candidatos acabou por produzir 7 concorrentes. Isso porque as aglutinações de força foram destruídas com o racha dos principais grupos políticos do governo e da oposição. Basta ver que o PSDB que lançou candidato era o partido do atual prefeito Vérdi, bem como Zacarias Piva era até pouco tempo um dos maiores aliados deste governo na Câmara. Já no campo político da oposição, Rogério Bueno que veio do PT saiu candidato pelo PSB. O PT que foi grande, agora, sem apoio do PCdoB, Rede e PSOL, nem lançou candidato, ao contrário dos demais partidos de esquerda que fragmentaram e hoje estão na disputa.
Executivo e Legislativo
Não bastassem as mudanças no Legislativo com saída de dois candidatos que seriam facilmente reeleitos se disputassem vaga na Câmara (Zacarias Piva e Leonardo Ciacci), as mudanças ocorridas nos últimos meses vai impactar profundamente o Legislativo que promete ser a maior renovação nas últimas décadas. Numa Câmara com 15 vereadores, “perdemos” Zacarias Piva e Leonardo Ciacci, que seguramente seriam reeleitos. Perdemos o saudoso Carlos Costa, que também tinha reeleição certa. Na esteira dos acontecimentos políticos estamos vendo nomes que teriam potencial se derreterem sem a possibilidade de aglomeração e visitas, por conta da pandemia. Junte a isso a desproporcionalidade dos recursos públicos para eleição. Enquanto alguns bons nomes não recebem recursos partidários, outros candidatos a vereador “peixes” dos medalhões da política recebem pequenas fortunas para a campanha. Por último, mas certamente não chegamos ao final, temos a renúncia de Zué do Esporte por conta de uma denúncia que atinge em cheio sua credibilidade junto ao eleitorado. Certamente que, a renúncia a essa altura, foca no fim de um processo de cassação que certamente prosperaria no Legislativo e iria sangrar politicamente o vereador até o dia da eleição. Com todos estes fatos e desdobramentos ocorrendo nestas poucas semanas da eleição, certamente a renovação do Legislativo será maior que 50%. Isso é uma incógnita perigosa no momento em que, pelas pesquisas eleitorais, a disputa do Executivo já caminha para o fim com resultado esperado!
Executivo e Legislativo – 02
Corremos o risco de termos uma Câmara de Vereadores renovada, porém inexperiente, atuante, mas sem líderes. Os articuladores políticos de todas as legendas não acreditam que tenhamos grandes “puxadores de votos”, como foi o saudoso Carlos Costa no passado com mais de 2.500 votos! Pelo contrário, o que se espera é que no Legislativo empossado de 2021, teremos vereadores eleitos com menos de 1000 votos, o que parece pouco para uma cidade que beira os 150 mil habitantes. Há grande preocupação do Tribunal Regional Eleitoral com a abstenção de eleitores que não estão dispostos a comparecer as eleições neste ano. Não será surpresa de os votos válidos nesta eleição municipal foi pouco mais de 70 mil eleitores. O Tribunal Regional Eleitoral, em parceria com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais – ALMG, vai realizar uma campanha de estímulo ao voto, mesmo com as preocupações geradas pela pandemia do Covid-19. Em meio a tudo isso, nesta legislatura, onde tivemos dois presidentes da Câmara sem qualquer experiência política e poucas realizações, parece ser este o futuro Legislativo do ano que vem! Será? Quem serão os eleitos? Terão legitimidade e capacidade para legislar e fiscalizar a próxima administração que terá um dos maiores orçamentos do Sul de Minas? Não sabemos! Certo mesmo é que, fechadas as urnas, o frenesi será para eleger o ou a próxima presidente da Câmara, que inclusive pode ser alguém sem qualquer experiência legislativa. Afinal, com as mudanças de prazo e datas da Justiça Eleitoral em razão da pandemia, o tempo de articulação para a formação da próxima mesa diretora será de alguns dias. Mais exatamente 45 dias entre o dia 16 de novembro e 31 de dezembro. Será fundamental ao próximo prefeito eleger o comando da mesa diretora da Câmara. Razão pela qual, em caso de vitória da reeleição, o papel de Leonardo Ciacci será importante neste processo. Ciacci é conhecedor do “modus operandi” dos bastidores do Legislativo, conhece o regimento e os personagens que atuam naquela casa onde atua há mais de uma década. A conferir o que as urnas vão trazer para a Câmara de Varginha.
Perguntar não ofende
Quem é o candidato a vereador que já recebeu mais de R$ 20 mil de Fundo Eleitoral e nada de doações? Será que o candidato “querido pelos medalhões políticos e rejeitado pela sociedade apta a doar” será eleito? Porque ele é peça importante no tabuleiro político local?
O sumiço de Dilzon Melo nesta campanha eleitoral de Varginha é o fim de uma “dinastia política” ou o começo de outra dinastia, também com sobrenome Melo? E Antônio Silva, vai mesmo fazer campanha a favor de Vérdi Melo ou vai acompanhar de camarote as eleições?
As eleições municipais nem acabaram e já se comenta que no grupo político de Vérdi seriam 4 pré-candidatos a deputado em 2022. No grupo de Zacarias Piva, 2 pré-candidatos. Será que não vão esperar uma eleição acabar pra iniciar a outra?
Romeu Zema e Jair Bolsonaro passaram longe das eleições municipais em Varginha. Ninguém na cidade com o “monopólio” da amizade com o Palácio Tiradentes ou Palácio da Alvorada. Será que isso é consequência ou escolha dos candidatos locais?
Custo eleitoral
Mesmo com as novas mudanças da Justiça Eleitoral com intuito de reduzir os custos das campanhas e torná-las mais acessível e todos os candidatos, ainda é muito desigual os números da disputa eleitoral em todo o Brasil, inclusive em Varginha. Nos primeiros levantamentos da Justiça Eleitoral o candidato que mais recebeu recursos do Fundo Partidário eleitoral já gastou recursos superiores a R$ 350 mil, enquanto que outro candidato, na outra ponta, acumula zero de recurso do fundo eleitoral. Os dados estão na transparência da Justiça Eleitoral e podem ser acessados pela internet. Os recursos são provenientes de recursos públicos e multas aplicadas aos políticos que vão para um Fundo Eleitoral que possui cerca de R$ 3 bilhões de reais e sua distribuição é de acordo com o tamanho da legenda na Câmara Federal. Daí a razão dos candidatos lutarem por apoio dos principais partidos, principalmente aqueles que possuem gordo fundo eleitoral. Todavia, “reza a lenda” que os recursos dos partidos são distribuídos pelos diretórios de todo o país obedecendo critérios políticos ditados por deputados e medalhões políticos o que leva os candidatos a lutarem também pelo apoio destes parlamentares estaduais e principalmente federais. Coincidência ou não, em Varginha, o candidato Vérdi Melo, que disputa a reeleição, e possui o maior número de partidos e apoio de dois deputados federais recebeu até aqui o maior valor de Fundo Eleitoral, seguido pelo candidato Zacarias Piva (PSL) que pertence ao partido com direito a maior parte do Fundo Eleitoral (PSL), bem como também tem apoio de um deputado federal. Já o terceiro candidato que até aqui recebeu o maior volume de recursos do Fundo Eleitoral é Rogério Bueno, do PSB, que possui o apoio de um deputado estadual.
“Pobre e engajado”
Apenas para contrapor os números acima sobre a distribuição dos recursos do Fundo Eleitoral. O candidato a prefeito pela Rede Sustentabilidade, Demétrio Junqueira, que até aqui, segundo a Justiça Eleitoral é o único que não recebeu recursos públicos do Fundo Eleitoral é também o candidato a prefeito que foi o mais assistido nas entrevistas realizadas pela Coluna Fatos e Versões e o Portal Varginha Online. A entrevista de Demétrio Junqueira foi visualizada e compartilhada por centenas de eleitores no Youtube e redes sóciais da Gazeta e do Portal Varginha OnLine. Pelo que vê a forma criativa e bem humorada dos candidatos da Rede Sustentabilidade estão atraindo a atenção do eleitor e internauta, principalmente os mais jovem, que são aqueles que mais utilizam as redes sociais e ferramentas virtuais para escolha do candidato. O candidato da Rede também foi o azarão nas entrevistas a TV Globo em Varginha, tendo em vista que o partido não possui grande representação legislativa nacional e os candidatos não teriam alcançado o desempenho necessário na pesquisa realizada pela emissora. Assim, os candidatos da Rede Sustentabilidade não foram entrevistados pela emissora de TV regional. Ainda assim, Demétrio está “desbravando a cidade”, cumprimentando pessoas e fazendo visitas a populares, ao contrário do que prescreve os mais preocupados com a pandemia do Covid-19. De qualquer forma, é certo que Varginha está vendo nascer novas forças políticas locais. Os números das pesquisas não são favoráveis aos candidatos da Rede, mas certamente vamos ouvir falar em Demétrio Junqueira nas próximas eleições! A conferir.
Futuro da esquerda
A desistência do PT em lançar candidato a prefeito em Varginha abriu uma enorme porta aos demais partidos de esquerda da cidade. Tanto assim que siglas como PCdoB, Rede, PSOL e PSB lançaram candidatos e estão tocando suas campanhas. É claro que a votação de cada candidato será um indicativo de qual partido de esquerda pode vir a ocupar a lacuna deixada pelo PT, que deve demorar a se recuperar, se é que vai conseguir. Mas outro ponto também é importante: Quais destes partidos vão eleger vereadores? Esta conta é fundamental, pois mesmo que um partido de esquerda, como PSB ou Rede Sustentabilidade, alcancem uma votação expressiva, isso rapidamente se perde com o andar do mandato nos próximos anos. O apoio de um vereador eleito e sua visibilidade são fundamentais para que uma legenda se mantenha “viva” na memória do eleitor, bem como tenha “algo a mostrar” ao eleitor. Não conhecemos bem as chapas apresentadas pelos partidos de esquerda de Varginha, mas seguramente, algum ou alguns deles podem ser eleitos e nas mãos destes eleitos está a chance de crescimento do PSB, Rede etc. Os partidos de esquerda não tem tradição política em Varginha e a eleição do PT com o saudoso Mauro Teixeira foi um espanto visto por muitos como “um ponto fora da curva”, mas isso pode mudar com o trabalho “individual, mas coordenado” feito pelas legendas de esquerda locais.
O inteligente sem voto?
As negociações que fecharam a chapa de reeleição de Vérdi Melo acabaram por interromper temporariamente os planos políticos de um importante “ator político local e destacada liderança da educação universitária regional”. O líder regional que se notabilizou pelo grande trabalho desenvolvido no UNIS é sem dúvida uma liderança capacitada e inteligente, com influência sobre diversas personalidades e setores da economia, além de possuir milhares de seguidores de uma nova geração política local. Contudo, esta liderança sempre ficou nos bastidores, não sem ser reconhecida por sua capacidade entre o povão” que decide uma eleição. Trocando em miúdos, o “inteligente sem voto, vai esperar mais dois anos até que os despreparados com votos, decidam o que será da cidade”.