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Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
rodrigogazeta@bol.com.br
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
 
Novas ferrovias devem atrair R$ 70 bilhões a MG, Varginha pode ser beneficiada; Política raiz
06/04/2022
 

Novas ferrovias devem atrair R$ 70 bilhões a MG, Varginha pode ser beneficiada 

O Brasil está dando os primeiros passos para uma transformação significativa no modal de transporte de cargas e de passageiros, especificamente no modal ferroviário, e o Estado de Minas Gerais está no centro dessa revolução logística. Dos R$ 200 bilhões em atração de investimentos estimados pelo governo federal para este setor, cerca de R$ 70 bilhões deverão ser aplicados em trechos dentro do estado ou que passam pelo território mineiro. Esse montante de investimento vai gerar relevantes oportunidades de negócios e milhares de empregos para a população mineira não só na indústria, mas em vários outros setores, como serviços e turismo. O desenvolvimento das ferrovias é tratado com prioridade na gestão do governador Romeu Zema. Tanto que Minas Gerais foi o primeiro estado a desenvolver o Plano Estratégico Ferroviário (PEF), apontando caminhos para expandir a participação desse modal no sistema de transporte no estado. O estudo apontou diversos trechos viáveis de transporte de cargas e trens de passageiros, regionais e metropolitanos. Ao todo, Minas poderá ganhar cerca de cinco mil quilômetros de ferrovias nos próximos anos. O tema desenvolvimento ferroviário interessa muito a Varginha. A cidade faz parte da malha ferroviária da Ferrovia Centro Atlântica em linha ferroviária desativada que liga a cidade ao litoral carioca, com ramificações de linha para outras regiões do Brasil. O plano ferroviário nacional, construído em parceria com o Governo de Minas, deveria também ser foco de atenção da Prefeitura de Varginha. Pois muitas empresas e investimentos públicos vão se balizar pelas linhas férreas em funcionamento, ou que podem voltar a funcionar para dinamizar o transporte de cargas e passageiros, bem como garantir desenvolvimento para alguns setores econômicos. O restabelecimento da linha férrea que passa por Varginha, poderia ser mais um modal de saída e entrada de mercadorias do porto seco local, com conexões a várias outras linhas em funcionamento ou em construção. Além disso, o modal ferroviário é bem mais barato e atrairia empresas, bem como assegura redução de custos com transportes para várias empresas já existentes na cidade. Vale a pena o secretário municipal de Desenvolvimento, Juliano Cornélio, bem como o prefeito Verdi Melo ficarem atentos a esta articulação política para desenvolver a malha ferroviária estadual. A conferir! 

Política raiz 

No período em que o prefeito Verdi Melo está em viagem internacional o vice-prefeito Leonardo Ciacci, na função de chefe do Executivo municipal tem cumprido intensa agenda junto com secretários, visitando obras e “mostrando a cara ao eleitor”. Ciacci esperava por esta oportunidade há muito tempo. No dia-dia típico do homem público do interior, Ciacci visitou repartições públicas, esteve com o secretário de Saúde, Armando Fortunato na UPA e na Policlínica Central, na ocasião da doação de sangue realizada na policlínica. Ciacci abraçou populares, conversou com muita gente, constatou a urgência de Varginha ter uma unidade do Hemominas para garantir doações regulares de sangue e produção de hemoderivados na cidade. Ao final dos compromissos, o prefeito em exercício ainda fez “costura política”, tomando um café com o vereador Carlinhos da Padaria, seu aliado político. O vice sabe que precisa “mostrar serviço” para se fortalecer em 2024, quando pretende disputar o efetivo comando da cidade. Neste ano, muitos dos nomes que vão disputar eleição estão, na verdade, de olho na disputa municipal de 2024. Razão pela qual Leonardo Ciacci está colocando “as barbas de molho”, pois tem que construir e consolidar base e apoio para chegar forte em 2024, quando poderá ter que enfrentar eleição municipal disputando com nomes que já vão disputar agora em 2022, portanto bem mais presentes na memória do eleitor. Aliás, a agenda conjunta descrita pela coluna entre o vice-prefeito Leonardo Ciacci (PP) e o secretário municipal de Saúde, Armando Fortunato (PSD) junta dois partidos da base de Verdi Melo, bem como dois parlamentares apoiadores deste governo, Dimas Fabiano e Diego Andrade. Seria isso um sinal de uma futura construção PP/PSD para 2024? A conferir! 

Transporte coletivo: passagens sobem mais que o dobro da inflação, cofres públicos vão pagar! 

A pandemia impactou sobremaneira diversas áreas econômicas, uma das que mais sofreu foi o transporte público. Não é mistério que o transporte público no Brasil é péssimo, principalmente nas grandes cidades. Em Varginha o transporte público coletivo é alvo de diversas reclamações, não há conforto nem pontualidade, faltam veículos e a falta de segurança é constante nas linhas de periferia. Lado outro, a única empresa que presta o serviço na cidade não apresenta claramente a planilha para prestação de contas que justifique seus reajustes anuais, sempre questionados. A reclamação de redução de passageiros durante a pandemia pode ser rebatida com a redução de veículos em circulação, bem como a redução da folha de pagamentos da empresa com o corte da função de cobrador, sendo que os veículos agora circulam apenas com o motorista, que também cobra passagens. A planilha de custos da empresa que deveria ser alvo de sistemática fiscalização e conferencia por parte do poder público, nunca aparece para o usuário também conferir e questionar. Contudo, como sabemos que o combustível subiu, outros insumos também tiveram reajuste, é permitido que os serviços públicos, a exemplo dos salários possam sofrer reajustes acompanhando a inflação do período do ano anterior, que fechou com o IPCA em torno de 10%. Assim, os servidores públicos municipais, estaduais e muitos outros salários subiram em 10%. Já produtos da cesta básica e outros produtos para a indústria e comércio tiveram aumento de 10%. Mas, estranhamente, este índice não foi o mesmo usado pela empresa de transporte público de Varginha e pela Prefeitura de Varginha, que reajustaram a passagem em mais de 20%. 

Transporte coletivo: passagens sobem mais que o  dobro da inflação, cofres públicos vão pagar! - 02 

A desculpa usada agora foi outra! A passagem do transporte coletivo urbano de Varginha está atualmente em R$ 4,20 (quatro reais e vinte centavos). Computado a inflação do período de 2021, no percentual de 10%, a passagem deveria ir para R$ 4,62 (quatro reais e sessenta e dois centavos), ou seja, R$ 0,42 centavos a mais, correspondendo a 10% de inflação. Todavia, não se sabe porque ou quais fundamentos, a empresa disse que precisaria aumentar a passagem em R$ 1,00, ou seja, mais que 20% de reajuste, sendo 10% de inflação e mais 10% de aumento real em relação ao período! Realmente um absurdo, tendo em vista a qualidade questionável dos serviços, bem como o baixo índice de investimentos da empresa na cidade! Mas a inconsistência não acaba aí. O município fez um projeto de lei, que foi aprovado no Legislativo municipal (não se sabe como), onde os cofres públicos municipais vão complementar para a empresa em R$ 1,00 (um real) a mais para cada passagem de R$ 4,20 vendida. Ou seja, o Executivo e o Legislativo aceitaram um índice de reajuste tarifário superior a 20% (10% de inflação e mais de 10% de aumento lucro real à empresa). O engodo de dizer que “querem proteger o trabalhador do aumento de passagem é uma balela, afinal, os cofres públicos vão pagar o enorme aumento”. Na medida em que o município pagará estes mais de 20% de reajuste, vai precisar tirar dinheiro público da Educação, da Saúde, da Segurança Pública etc para pagar a empresa privada. Na verdade, é o trabalhador que está pagando este aumento, de forma indireta, mas de forma tão nefasta e prejudicial quanto fosse realizado o aumento direto! É improvável que este índice de reajuste seja utilizado por qualquer outro serviço público, mas no caso do transporte coletivo, vemos um claro beneficiamento da empresa sem qualquer contrapartida! Afinal, a empresa vai melhorar os veículos instalando ar-condicionado? Vai renovar a frota? Vai ampliar o número de linhas e carros adaptados? Qual a contrapartida da empresa para justificar o aumento real no valor da passagem neste percentual? Não é porque o dinheiro do reajuste vai sair dos cofres públicos que a sangria não vai bater no bolso da população! Não existe “transporte grátis, o passe livre do estudante, do deficiente ou mesmo o reajuste e aumento concedido agora, é pago sim por toda a população que paga impostos que sustentam o caixa único municipal”. 

Agronegócio 

Lideranças do agronegócio em Varginha, bem como pequenos produtores, reclamam da qualidade das estradas rurais no município. Há barrancos desmoronando, trechos com buracos enormes e valas profundas, o que pode provocar acidentes graves. É preciso melhorar urgentemente a infraestrutura das estradas que, principalmente em época de chuva, ficam sem manutenção. A manutenção das estradas rurais é muito importante porque é de lá que vem a produção consumida na cidade. Sobretudo nessa época em que se inicia a colheita do café, isso afeta toda a economia local. A malha rodoviária local é pequena e poderia ser alvo de programa de asfaltamento das vias, o que já foi promessa no passado. Aliás, o asfaltamento das vias iria valorizar tal região incentivando novos investimentos e gerando negócios, além, é claro, de garantir segurança e trafegabilidade a quem é da zona rural ou comercializa com os produtores. 

Força jovem 

As quatro maiores cidades do Sul de Minas registraram aumento no número de eleitores entre 16 e 17 anos entre fevereiro e março desde ano. O crescimento foi registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Poços de Caldas, Pouso Alegre, Varginha e Passos após campanha iniciada pelo órgão. Em Varginha 410 jovens eleitores tiraram o título em fevereiro de 2021, e 529 tiraram o documento em março deste ano, um crescimento de +29,02%. Vale registrar que os 939 (410 + 529) novos jovens eleitores que tiraram o título em fevereiro e março são eleitores suficientes para eleger um vereador na cidade, tamanho o impacto da chegada destes novos eleitores. E milhares de outros estão chegando a cada mês. São eleitores sem experiência eleitoral ou convicção política formada, uma oportunidade para renovação ou perpetuação das políticas públicas, bem como a formação de novas lideranças políticas na cidade, ou permanência dos nomes tradicionais. Houve no passado um político local que “apelidado de força jovem”, aproveitou a força de sua geração que estava chegado as urnas para fazer importantes mudanças no Legislativo e Executivo. Atualmente, sem representante a altura, os muitos jovens que chegam ao mundo político/eleitoral são presas fáceis para oportunistas que usam bandeiras da juventude, do meio ambiente, entre outras, para proveito próprio. Vamos ver até onde isso vai! 

Juventude x Violência 

Vale registrar que embora alguns índices de violência estejam caindo em Minas Gerais, temos acompanhado o crescimento da marginalidade na juventude em muitas cidades. Varginha parece ser uma das cidades onde tem crescido o número de jovens envolvidos em ilícitos. Basta acompanhar os boletins da Polícia Militar para perceber que o número de menores de 25 anos nas ocorrências tem aumentado. Crimes como tráfico de drogas, acidentes de trânsito e confusões com brigas envolvendo jovens são cada dia mais frequentes. Não há um programa específico para este público, que na verdade, deveria estar no mercado de trabalho. Afinal, um jovem entre 15 e 25 anos deveria estar no sistema de educação (escolas e faculdades), bem como, no mercado de trabalho (cursos técnicos etc). Todavia, seja por falta de oportunidades ou “juízo mesmo”, muitos estão nas ruas “engordando índices de criminalidade desta faixa etária”. A conscientização da juventude atualmente não é mais a mesma! Esta pode ser uma percepção de quem já “não é mais jovem ou que passou pela juventude com outros parâmetros da que vivemos hoje”! De qualquer forma, o respeito ao trabalho, experiência, família, comprometimento coletivo e outros valores mudaram muito na cabeça da geração que nasceu depois dos anos 2000. São de outro milênio, pensam diferente, agem de formas diferentes, sabem conectar-se com o mundo e não conversam com os pais ou professores. Pensamento de um leitor da coluna (mais velho), muito espirituoso dizia que “Uma geração forte construí tempos fáceis; Tempos fácil constroem uma geração fraca; uma geração fraca constrói tempos difíceis, que parece ser o que enfrentamos agora! Esperança na rápida virada deste “ciclo geracional”. 
 
 
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