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Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
rodrigogazeta@bol.com.br
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
 
MDB e PL; Caça de vereadores; O PSD e as eleições municipais; Dupla do barulho; Novos tempos, velhos hábitos!
07/02/2024
 
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MDB e PL

Na semana passada a Gazeta trouxe uma matéria inédita sobre uma reunião entre o presidente do Partido Liberal e vice-prefeito Leonardo Ciacci e a cúpula do MDB municipal, presidido pelo professor Stefano Barra Gazzola. Não é mistério que Leonardo Ciacci e Stefano Gazzola são pré-candidatos a prefeito de Varginha e, depois do encontro, muito se especula sobre uma possível aproximação entre os dois. O encontro foi provocado por Ciacci, mas esperado de longa data por Gazola. O prefeito Vérdi Melo, nem o secretário de Governo Carlos Honório Ottoni, participaram do encontro entre Gazola e Ciacci, mas os dois torcem por um acerto entre os pré-candidatos, visto que dividem o mesmo eleitorado. Tanto Gazola quanto Ciacci são conhecidos do mesmo eleitorado, são próximos do prefeito Vérdi Melo e certamente numa disputa eleitoral tiram votos um do outro, enquanto que, somados, podem se consolidar em diversas faixas do eleitorado. O problema é que “dois bicudos não se bicam e tem muita gente, que torce contra a aproximação”. A começar pelos adversários de Ciacci e opositores do governo, pois Gazola tem apoiadores na Educação, na imprensa, no empresariado e no eleitorado formador de opinião e boa parte deste apoio acompanham Gazola onde for. Já sem Gazola na disputa, boa parte deste apoio tende a migrar para outro professor e pré-candidato, o deputado estadual Cleiton Oliveira (PV), principal adversário de Ciacci. Contudo, também no governo a quem observe com cuidado a aproximação entre Gazola e Ciacci. Atualmente o PTB caminha para vice na chapa de Ciacci, uma eventual união entre Ciacci e Gazzola tira a vice do PTB o que pode trazer desconforto na legenda e para alguns de seus integrantes. Além disso, no MDB e Solidariedade, legendas que acompanham Gazola a quem defenda uma candidatura própria, independente, sem vínculos com governo ou oposição. Desejam construir Gazola como uma terceira via política local. Mesmo sabendo que Gazola tem bom relacionamento com Cleiton Oliveira e também Verdi Melo, o que o torna a “segunda opção da maioria do eleitorado de Ciacci e também de Cleiton Oliveira, ou seja uma alternativa viável de terceira via. Talvez seja por isso que tanto Ciacci quanto Cleiton Oliveira estejam buscando aproximação com Gazola. Certamente que muitos encontros oficiais e extra oficiais entre Gazola e os demais pré -candidatos vão acontecer até que uma decisão seja tomada no MDB.

Caça de vereadores

O título dessa nota tem duplo sentido neste momento político que estamos vivendo! O primeiro deles é a verdadeira caça de (candidatos a) vereadores existente dentro das legendas que estão buscando estimular lideranças populares e ex-vereadores a voltar para a vida política sendo candidatos. Muitas lideranças com filiação partidária com chances reais de eleição recebem telefonemas, visitas de caciques partidários e todo tipo de estímulo para entrarem na política. Muitos caem no conto do vigário, outros até escolhem boas legendas, mas poucos aventuram-se na política com boa assessoria ou conhecimento suficiente para “sobreviver aos percalços”. Já entre os ex-políticos (se é que existe ex-político, pois quem vira político nunca abandona de vez) estão todos por dentro do que acontece nos bastidores das eleições e estão havidos por voltar ao poder ou emplacar um parente próximo nas próximas eleições municipais. Já o segundo sentido do título “caça de vereadores” está na caça dos atuais vereadores, seja por grupos políticos ou mesmo pré-candidatos a prefeito. No governo existe um “forte sentimento de dificultar a volta de muitos titulares da Câmara na próxima legislatura, devido às brigas e perseguições ocorridas neste mandato”. Certamente que também há quem esteja caçando os atuais vereadores para pedir favores, pequenas benesses e pagamento de contas, como aliás infelizmente ocorre ao final de cada reunião da Câmara onde eleitores procuram os atuais vereadores em busca de benefícios rápidos. De qualquer forma, vale pontuar, a eleição de vereadores será mais disputada que a de prefeito, alias sempre foi. O diferencial é que de ambos os lados, governo e oposição, vão dar ampla atenção a escolha do Legislativo pois viram que um Legislativo articulado pode, se quiser, dificultar bem a vida do Executivo e prefeito da vez!

Lula em Minas

O ex-condenado e atual presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva virá a Minas na semana que vem. Será a primeira vez que Lula vem a Minas depois de sua eleição. O petista venceu Bolsonaro em Minas por pouco, o que garantiu sua vitória nacional. Contudo tem em Minas um dos principais adversários ideológicos que é o governador Romeu Zema, que sempre destacou os estragos feitos em Minas pela gestão petista que o antecedeu. Agora eleitos, Zema e Lula precisam conviver e governar juntos. Lula sabe que precisa de Zema em Minas e Tarcísio em São Paulo, os dois maiores colégios eleitorais do Brasil. Mas também Zema sabe que precisa de Lula para administrar a dívida bilionária de Minas com a União, hoje em torno de R$ 160 bilhões. Sem o apoio de Lula, Zema pode ter muitas dificuldades de manter o equilíbrio fiscal e mesmo funcionamento do governo caso as medidas judiciais caiam e Minas tenha que pagar bilhões da dívida de uma só vez. Pensando numa “trégua temporária e estratégica para ambos” Lula e Zema devem se encontrar na semana que vem em Belo Horizonte. Os apoiadores de ambos os políticos são os mais incendiários pregando a briga e distanciamento, mas os políticos sabem que este não é o momento para confrontos, pelo menos não agora. Lula vai tentar emplacar um prefeito de esquerda nas eleições municipais de BH, uma das capitais que mais deu votos a Bolsonaro. Já Zema, vai tentar emplacar prefeitos aliados nas cidades polo de Minas, mesmo com o seu Partido Novo mais fraco que quando da sua primeira eleição ao governo. Ou seja, a visita de Lula a Minas, depois de uma eleição constrangedora, vai marcar o momento difícil de fragilidade política que vive o PT e o Novo no Estado.

Guarda Municipal: STJ nega porte de armas fora do serviço

O Superior Tribunal de Justiça negou salvo-conduto para guardas municipais portarem armas de fogo fora do serviço. Ou seja, os integrantes da Guarda Municipal de todo o Brasil somente poderão portar armas de fogo durante o expediente de trabalho. Em Varginha a Guarda Municipal tem melhorado sua atuação depois de aportes milionários de investimentos dos cofres públicos municipais e ampliação do efetivo, contudo, não se registra nenhuma ação solitária de integrante da Guarda Municipal fora do serviço que justificasse porte de arma ou necessidade de proteção extra fora do serviço. Além disso, o comparativo entre Polícia Militar e Guarda Municipal neste momento se faz necessário para dizer que, o rigor da hierarquia, amplitude da estrutura e rigidez das normas mostra que a Guarda Municipal não tem a mesma preparação do PM para portar uma arma de fogo nos momentos de folga. Embora a interação cada dia maior entre os militares e a Guarda Municipal esteja fazendo bem a ambas as instituições. A Polícia Militar vai construindo junto a Guarda uma importante força aliada de auxílio a redução da criminalidade municipal. Já a Guarda Municipal vai se capacitando e crescendo em unidade de tropa, similaridade de atuação e confiança dos integrantes no trabalho diário e interação com a PM. A coluna não estudou os números das instituições para saber o “valor de cada integrante da tropa aos cofres públicos, mas é certo que o custo proporcional da Polícia Militar aos cofres estaduais não deve ser muito diferente do custo do integrante da Guarda Municipal para os cofres municipais, vamos levantar os números”.

O PSD e as eleições municipais

Para quem analisa com cuidado os caminhos das eleições municipais, o destino do PSD parece um completo mistério. A legenda integra o governo municipal de Verdi Melo comandando a endinheirada Secretaria Municipal de Saúde, tendo como titular o médico Adrian Bueno. O principal líder regional do PSD é o deputado federal Diego Andrade, que foi bem votado em Varginha, embora sua base eleitoral seja Três Pontas e Juatuba. O PSD tem bom tempo de TV e Rádio, possui líderes municipais como Armando Fortunato e Adrian Bueno entre outros, além de uma pequena estrutura local proporcionada por Diego Andrade e os líderes locais. Não é mistério que o PSD gostaria, por exemplo, de ter candidatura própria ou mesmo estar na chapa majoritária nas eleições de 2024. Inclusive, integrante do PSD esteve presente em muitas das reuniões da oposição que construíam possibilidades de dobradinha, antes da formação da dupla Cleiton e Zilda. Em conversas reservadas, o deputado federal Diego Andrade destaca que o PSD caminha com o governo Verdi, mas não definiu ainda seu caminho nas eleições de 2024, o que abre amplo entendimento para o mundo político. Embora Diego Andrade diga que não há “espaço no palanque para uma chapa de prefeito que tenha dois deputados federais”, é bem possível que uma relação próxima se desenvolva entre os 4 principais grupos políticos com deputados federais em Varginha. Isso porque, em caso do PSD apoiar Ciacci, poderá se surpreender em 2026 caso Verdi Melo seja candidato a deputado estadual tendo como parceiro o deputado federal e ex-prefeito de Pouso Alegre Rafael Simões (União Brasil) levando também o apoio de Ciacci, tendo ainda a deputada federal Greice Elias (PTB) correndo por fora. Caso o PSD apoie, por exemplo, Cleiton Oliveira (PV), não será mistério se em 2026 Diego Andrade ser trocado por Odair Cunha (PT) e Dimas Fabiano (PP). Assim, resta ao PSD, se for pensar em 2026, lançar candidato próprio para construir militância, eleger vereadores e criar base para garantir apoio a seu deputado federal em Varginha. Ou então, brigar por uma vice para assegurar secretarias municipais em caso de vitória nas urnas em 2024 e garantir espaço no governo para apoiar seu deputado federal. De qualquer forma, dizem os articuladores, o PSD pode “trair agora por sobrevivência ao invés de esperar para ser traído em 2026 e reduzir ainda mais seu tamanho na cidade”.

Dupla do barulho

Não se acredita que vai mudar, embora tudo possa ocorrer até a definição formal em convenções partidárias municipais. Mas a dobradinha Cleiton Oliveira (PV) e Zilda Silva (PP) parece que veio para ficar e já comparece em eventos públicos e leva torcida. Foi assim em evento do Corpo de Bombeiros de Varginha que inaugurou obra realizada com emenda do deputado estadual Cleiton Oliveira. Os dois estão sendo vistos juntos em eventos, reuniões políticas e com empresários. Contudo, cada um dos políticos terá papel individual caso esta dobradinha seja mesmo levada a efeito até outubro de 2024. Cleiton Oliveira ainda terá dura tarefa para convencer o Partido dos Trabalhadores PT a apoiar a dupla, bem como “aceitar dividir palanque com adversários históricos como o PP”. Vale ainda saber se o PT, com grande volume de recursos no Fundo Partidário e no comando do Governo Federal, vai apoiar uma candidatura majoritária encabeçada por um nome não petista. O PT é famoso por não colocar recursos ou apoiar nomes de fora da legenda. Já Zilda Silva terá menos dificuldade em convencer os pepistas e aliados no apoio à Cleiton, mas terá dificuldades em convencer setores tradicionais como o meio ruralista a apoiar nome ligado ao PT. O setor agrícola sempre desconfiou do partido que defende invasões de terras e chama produtores rurais de destruidores do meio ambiente. Não se sabe em qual proporção os deputados federais Odair Cunha (PT) e Dimas Fabiano (PP) terão influência na campanha da dobradinha PV/PP em Varginha. Mas é sabido que vai haver muito “choque entre apoiadores nas eleições de 2024 e sobretudo de 2026, se o consórcio PV/PP/PT realmente sair do papel nestas eleições. A conferir!

Novos tempos, velhos hábitos!

Os últimos 20 anos promoveram intensas mudanças em Varginha. A cidade cresceu, ganhou dezenas de novos bairros, milhares de novos moradores, centenas de novas empresas. Pequenas lojinhas cresceram, profissionais que a 20 anos atrás estavam formando hoje são líderes de mercado. Empresas que dominavam setores estratégicos hoje quebraram e setores importantes no passado hoje são fracos e inexpressivos, foram substituídos... Os líderes de mercado mudaram, as lideranças políticas mudaram, as prioridades mudaram! O eixo econômico mudou! A vinte anos atrás o café liderava a economia, hoje embora seja importante, divide espaço com o serviços, comércio e indústria. A vinte anos os meios de comunicação eram dominados por TV, rádio e jornal, hoje são os meios digitais com internet e redes sociais que conversam diariamente com a população. Os valores morais e éticos mudaram! Neste novo mundo, saber conversar com o tradicional e ganhar respeito do novo é um mistério. Novas fortunas surgiram na cidade, fortunas comerciais, imobiliárias, políticas, sociais, religiosas e midiáticas. A única coisa que não mudou foi a força econômica do dinheiro, e esta força começa a movimentar-se para mais uma vez garantir “espaço privilegiado nas decisões da cidade”. Ou você acha que tem dinheiro e poder vai ficar alheio às decisões de 2024?
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