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Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
rodrigogazeta@bol.com.br
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
 
Planos de Governo; Medo de cadeirada?; Depois da bonança, vem a tempestade!; Orçamento e Política; Segurança; Contraditório
02/10/2024
 

 Saúde: Planos de Governo dos candidatos a prefeito se mostram superficiais

A coluna traz hoje aos leitores a última entrevista da série de autoridades municipais ouvidas para analisar o plano de governo dos três candidatos a prefeito de Varginha. A série de entrevistas inéditas iria entrevistar uma autoridade do Serviço Público municipal, contudo a agenda eleitoral, que termina com a eleição no próximo domingo, não permitiu que tivéssemos mais uma rodada de entrevistas. Hoje damos continuidade a entrevista com o médico cirurgião plástico, Dr. João Carlos Ottoni Adell, que também é empresário e presidente do Conselho de Administração do Hospital Regional do Sul de Minas. Adell falou sobre a gestão pública da saúde em Varginha, sua análise do trabalho realizado nos hospitais públicos em parceria com a Prefeitura de Varginha e a necessidade de aperfeiçoamento de alguns pontos da área. A saúde é uma das áreas mais importantes da gestão municipal, sendo a que mais recebe recursos públicos e uma das maiores preocupações da população, segundo pesquisa recente em Varginha. Antes da entrevista na área de saúde, a Coluna já conversou com técnicos das áreas de infraestrutura, finanças, comércio e administração municipal. As entrevistas estão disponíveis no Portal da Gazeta e no Varginha Online. Na entrevista de hoje com o médico e gestor público de saúde, Dr. João Carlos Ottoni Adell, que analisou os três planos de governo dos candidatos a prefeito de Varginha, foi destacada a superficialidade das propostas apresentadas. A coluna iniciou a série de entrevistas com autoridades locais em razão da dificuldade em entrevistar diretamente os candidatos, que estão deixando de ir a debates e até se recusando a dar entrevistas. Acompanhe a primeira parte da entrevista sobre a saúde pública.

Medo de cadeirada?

Na última segunda, dia 30 de setembro, aconteceu mais um debate dos candidatos a prefeito de Varginha, desta vez, na Faculdade de Direito FADIVA. O debate foi promovido pelas entidades ligadas à Cultura em Varginha. Mais uma vez, o candidato governista Leonardo Ciacci (PSD) não compareceu ao evento. O candidato do PSD, que vem liderando as pesquisas, têm evitado desgastes normalmente ocorridos em debates, onde seria certamente o mais questionado. A estratégia de não comparecer ao debate já havia sido ventilada pela coluna e também aos organizadores do debate. Não se sabe se Ciacci vai faltar também ao debate da TV Globo, considerado o maior e mais decisivo da campanha municipal. Os debates entre candidatos a prefeito Brasil aforam nestas eleições têm sido foco de confusão e polêmica, como ocorreu em São Paulo onde um “show de horrores terminou em agressões, cadeiradas e nenhuma apresentação de propostas”. Em Varginha não se tem cadeirada, mas as ofensas nas redes sociais e horário eleitoral seguem rolando e não devem mudar até as eleições. A não apresentação de propostas fundamentadas e realizáveis por parte dos candidatos também é uma triste realidade. Todos seguem prometendo aumentos de serviços públicos, mais eficiência de gestão e menos impostos, sem dizer de onde vão cortar despesas ou quem da sociedade vão tributar (ainda) mais para arrancar recursos para a gastança prometida.

Depois da bonança, vem a tempestade!

O prefeito Vérdi Melo vive dias felizes! Depois de anos com grande briga política com o Legislativo e disputas com o Partido Progressista que o abandonou no meio do governo prometendo uma eleição disputada em 2024, Verdi caminha para terminar sua gestão com alta aprovação, muitas obras a entregar e a esperada vitória do seu candidato à sucessão. Além disso, o prefeito terminará sua gestão com muitas perspectivas para 2026, além de fortes e novas amizades em BH e Brasília. Mas no caso de Verdi, se realmente for continuar na política (como parece), é bom saber que “depois da bonança vem a tempestade”. Isso porque, logo na próxima semana depois das eleições, terá que rearrumar seu governo já com o resultado das eleições municipais, equacionando as “dívidas políticas e esqueletos nos armários”. Embora na prática termine seu governo em 31 de dezembro de 2024, a provável vitória de seu candidato implica em “preparar o terreno para o novo governo que terá forte influência de Verdi. Caberá ao atual prefeito as “demissões pós eleição, os desgastes referentes aos acordos negociados, a mudança na estrutura pública que necessitará passar pela Câmara, entre outras tempestades, para assegurar o mínimo de desgaste ao sucessor, que deve até herdar obras de Verdi para inaugurar no primeiro trimestre de 2025”. A coluna sabe que tem secretários e muitos cargos de confiança que devem ir pra rua logo após o resultado das urnas, e isso vai gerar “tempestades”. Trocando em miúdos, já que Verdi deseja continuar na vida pública após deixar a Prefeitura em 2024, deverá assumir trabalhos extras de bastidores, que serão bem mais complexos e trabalhosos do que tem sido nesta campanha eleitoral”.

Emprego, renda, desenvolvimento e disputa velada

Varginha foi destaque na geração de empregos no mês de agosto entre as principais cidades da região. Embora tenha perdido espaço na Indústria com o volume de recursos investidos, perdendo por exemplo, para Pouso Alegre. Nossa cidade vem se destacando no setor de Serviços. A disputa saudável entre Varginha, Pouso Alegre, Extrema, Poços de Caldas e outras cidades da região só mostra que todo Sul de Minas vem ganhando espaço no cenário econômico nacional. Talvez isso sirva para equacionar as forças na região de forma que as cidades passem a se complementar no desenvolvimento regional e não apenas competirem entre si na busca de investimentos e criação de empregos. A vocação de Varginha é ligada à agroindústria, claramente o Café, com crescimento destacado nos serviços. Já Pouso Alegre vem crescendo na Indústria mecânica e farmacêutica, enquanto que Poços de Caldas, além do turismo, vem crescendo no comércio e mineração. As três cidades sempre vão concorrer, mas em algumas áreas estratégicas é possível que tenhamos trabalho conjunto. Varginha, por sua localização geográfica, pode ser polo nas questões aeroportuária, logística e alfandegária. Enquanto Pouso Alegre caminha para concentrar os maiores investimentos industriais da região, na casa dos bilhões de reais só neste ano de 2024. Já Poços de Caldas é referência no turismo e gastronomia e vem crescendo na mineração. Difícil será convencer os líderes dos três municípios a trabalharem de forma integrada!

Orçamento e Política

No governo e na campanha do PSD já tem quem pense em “ajustar agora o orçamento de 2025, que será enviado à Câmara. Com a força do resultado das urnas que teremos em breve e a derrota esperada da oposição, há quem diga que é melhor já aprovar na Câmara as medidas orçamentárias, fiscais e políticas agora, do que esperar a nova legislatura tomar posse ano que vem”. Tem muitos empreendedores aguardando na fila a Secretaria de Planejamento fazer andar projetos estruturais da cidade, sob a desculpa de período eleitoral. Certo mesmo é que o governo só faz andar aquilo que lhe interessa. Este hábito de “cozinhar definições para privilegiar apenas temas de interesse político pode ser um tiro no pé, ainda mais se o próximo governo não contar com a força que acredita que terá em 2025”. A conferir

Segurança

Segundo dados de 2023 do IBGE e do Ministério da Saúde, a cidade de Varginha ocupa o segundo lugar no ranking das cidades mais seguras de Minas Gerais. A primeira colocada é Araxá, com 3,6 assassinatos a cada 100 mil habitantes, Varginha vem em segundo com 5,7 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Na região as outras cidades melhor colocadas são Lavras (9 colocada) com 11,1 seguida de Poços de Caldas (10 colocada) com 11,8 e por último, Pouso Alegre (15 colocada) com 14,9 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Sem dúvida isso é um dado social e econômico importante, pois a Segurança pública é fator que interfere no desenvolvimento econômico da cidade e recai sobretudo na qualidade de vida dos cidadãos. Ao mesmo tempo que comemoramos os índices menores de violência em Varginha, também fica a pergunta: qual o índice de solução dos crimes, julgamento e prisão dos assassinatos ocorridos em nossa cidade? Será que são todos investigados, encontrados os assassinos, julgados e presos? Infelizmente não! Na verdade, a maioria dos assassinos destes crimes ocorridos em Varginha e região não estão presos. Boa parte dos homicídios nem mesmo tem a investigação concluída ou seus criminosos presos. Talvez esta seja a informação que precisamos saber e corrigir. Fica a dica para todo o sistema de Segurança e de Justiça! Afinal, a Justiça realizada tardiamente é uma grande injustiça com a toda a sociedade!

Meio ambiente: Vai continuar pela metade!

Chegamos praticamente ao fim do período eleitoral em Varginha. Uma das eleições mais xoxas que tivemos! “Ninguém ganhou, parece que todos perderam, principalmente a sociedade”! Isso porque perdemos uma oportunidade única de debater e firmarmos compromissos de solução com temas importantes como Gestão Pública, Saúde, Infraestrutura e Meio Ambiente, entre outros. No caso do Meio Ambiente não tivemos qualquer debate técnico ou compromisso assumido por qualquer dos candidatos majoritários. O Rio Verde vai continuar recebendo toneladas de poluentes, o saneamento público não foi debatido com a Copasa e sociedade, o aterro sanitário municipal caminha para seu limite máximo sem perspectiva de alternativa definitiva, vamos continuar sem um cemitério municipal para acolher os muitos sepultamentos mensais ocorridos em Varginha. Enfim, o Meio Ambiente passou batido nas eleições, vai continuar pela metade!

Contraditório

O deputado federal Dimas Fabiano (PP) conversou brevemente com a coluna para trazer seu ponto de vista a respeito de uma nota divulgada neste espaço. Na nota, a coluna diz que, “a julgar pelo resultado político municipal que se desenha para domingo, o grupo político do deputado federal Dimas Fabiano sairá menor da disputa”. Neste ponto, o parlamentar disse que discorda e que “vem fortalecendo seu grupo neste ano”, e que a candidatura do PL/PP em Varginha enfrentou “todo mundo e ainda alcançará destaque no resultado”. A coluna pontuou ao deputado que o ângulo de análise do parlamentar e da coluna são diferentes e, depois de falar com o deputado, viu que ele também tem uma opinião válida para o caso. Dimas disse que seu grupo é hoje “leal e focado no PP e seu candidato majoritário na cidade, o que o torna ainda mais eficiente nas disputas eleitorais”. Na verdade, o que a coluna disse é que o grupo político de Dimas Fabiano sai menor das eleições e isso é claramente comprovado pelo número de lideranças que estavam apoiando o PP no passado e hoje apoiam Verdi e Ciacci, inclusive no apoio político nestas eleições. A análise da coluna tratou de volume de apoio, não da qualidade e lealdade dos apoiadores! Ou seja, em número de apoios, o PP perdeu lideranças para Ciacci nesta eleição. Contudo, com a “debandada dos viciados em Poder” o grupo do PP, liderado por Dimas Fabiano fica mais autêntico e fiel ao partido e ao deputado. É mesmo provável que, mais enxuto e focado, o grupo político de Dimas Fabiano venha a ser mais eficiente nas próximas eleições, pelo menos, será com certeza mais barato que quando abarcava diversas lideranças que acompanhavam o grupo por oportunismo. Mas ainda assim, será um grupo menor do que Dimas contou na eleição de 2022. Vale ainda pontuar que a observação quanto ao grupo político de Dimas Fabiano é semelhante à análise do grupo político do também deputado federal Odair Cunha (PT). O parlamentar apoiou uma candidatura do PV/PT a prefeito em Varginha que “apenas cumpriu tabela”. Mas ficou claro para o mundo político, principalmente as lideranças do entorno do deputado petista na cidade, que Odair foi o baluarte/fiador político da campanha do PV/PT, o que certamente trará maior consolidação ao parlamentar no seu grupo político de esquerda local. Parafraseando a ex-presidente Dilma, “Odair e Dimas podem perder, mas vão ganhar”. Vou logo explicar-me antes que confundam-me com a ex-presidente petista. Ocorre que neste processo político municipal de 2024, muito difícil e desgastante para o PP de Dimas e para o PT de Odair, ambos os partidos se depuraram no âmbito municipal, enxugaram as bases e aprenderam a manter os apoiadores leais. Uma eventual vitória de Ciacci e do PSD de Diego Andrade neste momento, significa que em 2026, vão encontrar os grupos políticos do PP de Dimas e do PT de Odair, muito mais preparados e focados nos resultados. Afinal, 2024 foi muito mais “educativo do que sangrento, como se esperava”.
 
 
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