Varginha está com ressaca eleitoral nesta semana! Depois de 45 dias de eleições onde muitas ofensas e promessas foram ditas a exaustão chegou o resultado oficial, Leonardo Ciacci (PSD) venceu a disputa com números robustos, quase 80% dos votos validados. Zacarias Piva (PL) e Fabiano Almeida (PV) tiveram 10% dos votos cada. Embora Piva tenha conseguido o segundo lugar, com muito menos votos que o esperado, a ínfima diferença entre o candidato do PL e Fabiano Almeida (PV) mostra que ambos empataram, e mais alguns dias de campanha poderiam dar a Fabiano Almeida o segundo lugar oficialmente. O resultado das eleições mostra sobretudo que o eleitor não gosta de (muitos) ataques, mas sim de propostas (que foram poucas), o que talvez tenha refletido a baixa votação do PL, que foi o candidato que mais gastou na eleição! Outro ponto importante e preocupante foi o alto índice de abstenção nas eleições em Varginha. Mais de 30 mil eleitores não compareceram às urnas, muitos estavam na cidade e ainda assim, não compareceram às urnas. Outros milhares foram viajar em razão do feriado de 07 de outubro, aniversário da cidade, na segunda-feira, o que fez do final de semana das eleições um feriado prolongado. Para se ter uma ideia dos números da abstenção, o número de eleitores que não compareceu às urnas foi mais que o dobro da soma de votos de Zacarias Piva (segundo) e de Fabiano Almeida (terceiro) lugar nas eleições de prefeito. Ou ainda, o número de eleitores que não compareceu às urnas foi praticamente o dobro do número de votos de todos os vereadores eleitos somados! É muita coisa! Isso mostra que a população não deu a importância devida às eleições municipais e isso pode ter um preço caro para o futuro das próximas gerações! Praticamente um terço dos eleitores de Varginha, que não votaram, ou votaram em branco ou nulo, não terão o direito de reclamar do governo municipal nos próximos 4 anos! Isso é um fato cívico real e preocupante!

Muitos nomes famosos e com perspectivas de vitória eleitoral decepcionaram nas urnas. Além da baixa votação do segundo e terceiro lugar na disputa de prefeito, o baixo desempenho de alguns candidatos a vereador despertou ira e risadas na cidade depois da apuração. Candidatos que gastaram muito dinheiro, prometeram mundos e fundos tiveram menos de 450 votos, número mínimo de corte para entrar no Legislativo. O resultado deve sepultar de vez o desejo de muitos voltarem para a política e afastar os muitos que tentaram pela primeira vez. Ainda assim, a Câmara de Vereadores reelegeu 8 de seus integrantes, (mais de 50%, pois temos 15 vereadores no Legislativo). O vereador mais votado foi Dandan (PL) com 1.358 votos o que surpreendeu muita gente que esperava ver Dudu Ottoni (Avante) na liderança pela disputa ao Legislativo Municipal. Mesmo desbancando Dudu Ottoni, Dandan chegou a liderança da disputa pela Câmara com menos votos do que muita gente previa, visto que neste ano tivemos menos candidatos e mais eleitores aptos, o que dava previsão de candidatos a vereador com mais de 3 mil votos. Isso não aconteceu! Se em 2020 tivemos a pandemia de Covid 19 que matou, impossibilitou e assustou eleitores de irem às urnas, neste ano de 2024 tivemos o feriado que levou milhares de eleitores à praia e fez naufragar o dever cívico de pensar no futuro da cidade! A ressaca eleitoral foi grande para estes muitos candidatos que esperavam a vitória que não veio. Após a apuração, a surpresa também de candidatos que tiveram zero votos, ou seja, nem mesmo o seu próprio voto. Isso é grave e pode ensejar que alguns nomes foram colocados nas chapas apenas para “cumprir exigências de cotas eleitorais ou mesmo para pegar recursos do fundo eleitoral e os casos serão analisados pela Justiça e Ministério Público. Embora isso possa causar, inclusive a anulação de votos de toda a chapa, não se acredita que tais penalidades sejam aplicadas”. Mas fica a dica, pois dois vereadores eleitos pertencem a partido que se enquadra no caso de candidatas com zero votos! “A Justiça Eleitoral e o Ministério Público, como disse a coluna, pouco fizeram e deixam a bola rolar em campo, entre chutes e carrinhos, apitaram pouco e focaram no resultado”

Passada as eleições foi promovida carreata, queima de fogos e muita algazarra por apoiadores dos candidatos eleitos. Neste momento nem sombra dos perdedores ou seus apoiadores. As eleições transcorreram sem nenhuma ocorrência grave ou ação de destaque da Justiça Eleitoral ou Polícia Militar, isso mostra amadurecimento dos candidatos e seus apoiadores, embora as provocações tenham sido diversas durante as eleições. Alguns dos candidatos eleitos ao Legislativo foram vistos comemorando pelas ruas já no domingo. Quanto ao agora novo prefeito Leonardo Ciacci, este ficou mais sereno no primeiro momento, comemorou discretamente entre aliados e depois se retirou para descansar depois da intensa disputa. Mas certamente Ciacci terá que dedicar tempo para responder às diversas felicitações que recebeu desde que foi proclamado o resultado oficial. Certamente que o prefeito Vérdi Melo, de “alma lavada com o resultado” também foi muito felicitado pelo resultado. A diversos aliados e candidatos que fazem parte do governo municipal, Verdi já convocava para o retorno ao trabalho já na segunda de feriado, a fim de articular os pouco mais de dois meses de governo que ainda lhe restam. A comemoração de Ciacci e Verdi se dará nos próximos dias, com a mudança de atuação nas negociações futuras que se seguirão. Verdi tem planos para 2026 e vai conversar com Ciacci antes de qualquer oficialização para o novo governo. Já Ciacci, agora eleito prefeito, vai negociar com os grupos políticos que o apoiaram e sobretudo com os 15 vereadores vencedores do pleito eleitoral, muitos já foram procurados no domingo de eleição. As mágoas ficaram para trás e a oposição sai enfraquecida, mas diversificada.

Por certo que os novos vereadores eleitos foram muitos felicitados e já procurados por interlocutores do novo governo. A gestão Ciacci, em tese, terá mais apoiadores no Legislativo do que teve a gestão Verdi. Isso em tese porque a oposição fez apenas 4 vereadores. Ou seja, os partidos fora do arco de aliança que elegeu Ciacci, elegeram 4 vereadores, o que não significa que serão oposição ao novo governo, mas foram eleitos pela oposição! Já entre os 11 vereadores eleitos por partidos que apoiam Ciacci, não podemos dizer que serão intensos apoiadores do novo governo, mesmo porque muitos dos eleitos já possuem grande experiência e podem ser mais “difíceis para o governo que os vereadores eleitos pela oposição”. Certo mesmo é que Ciacci tem força política para eleger o próximo presidente da Câmara, o que vai garantir segurança política para a próxima gestão. Há rumores que nomes eleitos pela oposição já estariam negociando amigavelmente com o novo governo e até mesmo o ex-vereador petista Rogério Bueno, que retornará à Câmara de Vereadores não deve ser um adversário ferrenho do novo governo. Há quem diga que Dudu Ottoni (Avante) seja o nome do governo para a presidência da Câmara em 2025, o que contradiz a notícia de bastidores de que Dudu Ottoni poderia ser chamado para ser secretário na nova gestão Ciacci. Dudu não foi o mais votado como esperava, mas é com certeza o nome do Legislativo que “mais projetos têm para o futuro, ao lado de Rogério Bueno, que também tem muitos projetos para as próximas eleições”. A oposição saiu das urnas em 2024 menor para a Legislativo dos próximos 4 anos, mas agora diversificada com a participação de Rogério Bueno (PV). A bancada feminina cresceu 100%, antes sozinha no Legislativo, agora Zilda Silva terá a companhia de Ana Rios (União Brasil). Outra bancada que cresceu muito foi a bancada evangélica, que terá no mínimo 4 integrantes.

Entre os novos vereadores temos aqueles que foram reeleitos e devemos destacá-los aqui pois darão contorno especial a nova legislatura, que pode ser bem mais madura e experiente que a que se encerra em 31 de dezembro de 2024. O vereador mais votado de 2024, e reeleito, foi DanDan (PL). O edil vai para o segundo mandato e embora seja hoje da oposição, dizem que deverá ter postura “amena na próxima legislatura”. Dandan ainda deve conversar muito com seu padrinho político, o deputado federal Dimas Fabiano (PP) para saber como caminhará em seu próximo mandato. O segundo mais votado nestas eleições foi Dudu Ottoni (Avante), também reeleito. O edil é presidente do Avante, está em ascensão política e deve ser um homem forte no futuro governo Ciacci. Seja na Câmara onde tem chance de ser eleito presidente do Legislativo ou mesmo como secretário, já que o Avante terá espaço no primeiro escalão do novo Governo. O terceiro vereador mais votado nestas eleições também foi um edil reeleito. Dr. Lucas (PRD) o médico obteve 1.181 votos e (juntamente com Dr. Guedes e Joãozinho Enfermeiro) deve ser defensor da saúde e do funcionalismo público. Dr. Lucas não se destacou nesta legislatura mas tem condições de, agora reeleito, deixar sua marca no Legislativo municipal, a conferir!

O quarto vereador mais votado foi Dr. Guedes, também médico e reeleito para o próximo mandato, Guedes é próximo de Ciacci e deverá ser apoiador forte do governo, mas tem suas convicções e precisa ser convencido em seu voto no plenário. Guedes pertence ao grupo de “cabeças pensantes do novo Legislativo que pode influenciar a nova Legislatura e mesmo, agindo nos bastidores, pode despontar. Seu ponto negativo é a sistemática defesa cega do funcionalismo público, que precisa ter mais eficiência e cortar benesses dadas as castas mais favorecidas do setor como procuradores, médicos e altos cargos da gestão”. O quinto vereador mais votado também é um reeleito, Thulyo Paiva é nome novo no Legislativo e vai para seu segundo mandato. O jovem não tem experiência política, mas mostra-se corajoso para embates e tomadas de decisões importantes. Não apresenta projetos políticos superiores ao Legislativo municipal, mas pode vir a crescer se mantiver a independência e boa análise dos projetos que passam pela Câmara. O sexto candidato mais votado também é um vereador que foi reeleito. Joãozinho Enfermeiro (DC) conseguiu 992 votos e representa um eleitorado humilde. O edil tem sua principal bandeira na defesa da Saúde, mas mostra grande preocupação social. Joãozinho é um vereador mediano, honesto, mas pouco preparado para grandes desafios políticos. Tem condições de preparar-se e até mesmo assumir postos mais altos no Legislativo, o que não se acredita. Mas certamente é um merecedor da vitória que obteve, deixando nomes tradicionais e ricos para trás na disputa eleitoral. O sétimo candidato mais votado para a Câmara de Vereadores foi Pastor Faustinho (PSD) estreante na política, Faustinho contou com o apoio do pai e também pastor Fausto, que já foi vereador em outras legislaturas e foi seu principal cabo eleitoral. Pastor Faustinho tem tudo para fazer um bom mandato, descolado de governo ou oposição, aprendendo com os erros e acertos do próprio pai que tem experiência e será seu principal mentor. Faustinho é integrante da bancada evangélica que tem mais integrantes na próxima legislatura e terá muitos desafios pela frente. Mudanças de lei e interpretação legislativa estão na pauta para serem apreciadas pela próxima legislatura.

O oitavo vereador mais votado é Alexandre Prado, advogado, ex-presidente da OAB Varginha, Alexandre foi uma surpresa no resultado das urnas, pois mesmo com uma esperada boa votação, muitos não acreditavam que o advogado desbancaria outros nomes, inclusive do Direito, que participavam da disputa. Embora seja um líder classista do Direito, Prado entra agora num novo mundo: a Política. Neste novo mundo diversos advogados experientes já transformaram-se em líderes nacionais e também já tiveram sua derrocada social e profissional. Cabe a Alexandre Prado, com humildade e sabedoria, ler, olhar e escutar muito antes de começar a caminhar neste novo mundo. O nono vereador mais votado foi Rogério Bueno (PV), que retorna a Câmara de Varginha depois de muitos anos fora do Legislativo. Rogério Bueno tem experiência legislativa e política. “É alguém que aprendeu mais com derrotas do que com vitórias, mas retorna ao Legislativo com mais bagagem que muitos que apenas venceram até aqui”. Bueno é a fagulha de oposição inteligente que restou eleita da esquerda local, tem enorme responsabilidade para manter seu grupo político vivo nos próximos 4 anos em âmbito municipal. Rogério tem muitas ambições, mas nenhuma para curto e médio prazo. O futuro vereador sabe que sozinho não pode muito, mas vai tentar ampliar seu pequeno, barulhento e controverso grupo político para os desafios que virão pela frente.