Novo Governo, perspectivas e arranjos; Demanda e oferta; Salgado e azedo; De volta ao poder?; Crescimento e questionamento; Inflação acumula alta; Sumidos e calados
Novo Governo, perspectivas e arranjos
Continuando nossa análise do resultado eleitoral e os nomes escolhidos para o governo municipal, em especial o Legislativo, vamos falar sobre o vereador Marquinho da Cooperativa. O vereador é mais um dos nomes que foram reeleitos para o próximo mandato. Marquinho representa um eleitor simples, boa parte do seu eleitorado é vinculado à cooperativa dos trabalhadores do serviço de reciclagem, instituição que tem recebido o apoio do edil. Poucos acreditavam na reeleição de Marquinho, que neste mandato mostrou-se um vereador submisso ao governo, tendo em vista sua umbilical ligação e dependência com a administração municipal e apoio ao governo. Agora mais experiente e num segundo mandato, Marquinho não mais vai brigar com a imprensa ou “boiar nos temas analisados pelo Legislativo. Incentivado por colegas mais experientes da próxima gestão, talvez o edil possa até ser mais independente”. Outro nome que chegou ao Legislativo nesta eleição é Davi Martins. Eleito pelo Partido Liberal, ou seja, oposição ao próximo prefeito, o novato pertence a “bancada evangélica e obteve 924 votos, não será oposição declarada apenas por ter sido eleito pelo PL, mas tende a ser questionador e ativo na fiscalização, comportamento comum dos novatos no Legislativo. Certamente será cortejado na oposição e no governo, tem potencial de crescimento na próxima legislatura integrando a mesa diretora.
Novo Governo, perspectivas e arranjos – 02
De volta ao Legislativo depois de muitas tentativas frustradas, José Morais venceu desta vez. Carismático e sempre governista, José Morais será um vereador mediano, sabe fazer o “arroz com feijão no relacionamento com o eleitor e com o governo. José Morais tem experiência Legislativa, mas não cobiça cargos altos como a presidência da Câmara ou candidatura em 2026. Vai ser um leal vereador governista e terá ótima relação com a oposição. A novata Ana Rios venceu as eleições com 738 votos e comporá a próxima Legislatura que terá duas mulheres (Ana Rios e Zilda Silva). A novata também pertence a bancada evangélica, tem tudo para fazer um bom mandato, Ana venceu as eleições pelo União Brasil, partido de apoio ao próximo prefeito, mas não se acredita que será menos fiscalizadora ou criteriosa nas análises e votações. A novata não tem experiência política, mas possui sensibilidade social, o que é um grande mérito para ocupantes do Legislativo. Quem também vai integrar a nova Legislatura é a atual vereadora Zilda Silva, que foi reeleita pelo Partido Progressista, da oposição ao próximo governo. Zilda Silva era esperada na próxima composição da Câmara, muitos apostavam que a edil seria reeleita com muito voto, mas foi por pouco, muito pouco, obteve apenas 721 votos! Zilda é uma vereadora discreta e combativa, não deve perder estes atributos, mas deve ser “menos oposicionista neste início de governo. Não por conta do governo, mas pelo necessário rearranjo que a oposição e o Partido Progressista devem ter neste início de governo”. Zilda já foi presidente da Câmara, é carismática, se tiver a oportunidade de voltar a integrar a mesa diretora, certamente que não vai perder a chance.
Novo Governo, perspectivas e arranjos – 03
E por fim, fechando a lista dos eleitos para a próxima Legislatura da Câmara de 2025 a 2028 está Bruno Leandro, Coletor, eleito pelo PSDB. O servidor público Bruno Leandro também é um nome novo, sem experiência política, mas com grande sensibilidade social e por ter sido eleito por partido governista e possuir umbilical relação com o próximo governo, tudo leva a crer que será da base do Executivo na casa. Os novatos eleitos já foram procurados por interlocutores do governo logo que saiu o resultado. Muitos até já caíram no “canto da sereia, outros já foram cortejados e vivem tratamento especial por conta das novas responsabilidades que terão”. O papel do Legislativo é muito importante e acreditamos que a nova composição da Câmara eleita em 2024 é mais experiente e preparada que a atual. Quanto ao governo municipal eleito, temos que dar aos escolhidos tempos para mostrar serviço. Por ser um governo de continuidade, a temporada de “lua de mel do eleitorado com os eleitos não será longa”. Quanto à oposição, reduzida e (até) humilhada em alguns casos, é fato que também está mais experiente e diversificada. Vai atuar melhor na próxima legislatura e certamente vamos encontrar nomes da oposição atuando forte em Varginha com foco nas eleições de 2026, que está logo ali!
Demanda e oferta
O colapso da empresa de transportes Gardênia, que fazia a linha entre Varginha e outras cidades do Sul de Minas com a Capital Belo Horizonte trouxe muitas oportunidades para outras empresas e pessoas. São diversas pessoas que estão faturando por meio de caronas pagas no trajeto entre Varginha e BH. Além disso, a Azul também ampliou a oferta de voos para a Capital, agora serão três voos semanais. A demanda crescente de passageiros possibilita este crescimento, mas os valores ainda são altos para os voos da Azul, o que ainda vai garantir por muito tempo a prosperidade dos motoristas que estão oferecendo caronas pagas para BH. A tecnologia dos aplicativos está trazendo oportunidades antes impensáveis para muitos empreendedores individuais!
Salgado e azedo
Mas a ida para Belo Horizonte ou São Paulo não está mais cara apenas para quem deseja deslocar de avião, o salgado pedágio na MGC 491 entre Varginha e a Rodovia Fernão Dias vai ficar ainda mais caro. O aumento inflacionário está no contrato da concessionária EPR e o Governo Estadual, ou seja, mesmo sendo um preço salgado o reajuste é legal, imoral certamente, mas legal! Isso vai azedar ainda mais a relação do governo municipal e principalmente da população com o governo estadual. O remédio é a cobrança para que a empresa concessionária EPR cumpra logo todos os investimentos descritos no contrato, como a finalização da duplicação da MGC 491 entre Varginha e a Fernão Dias, a construção da trincheira na entrada da cidade e muitas outras obras. Agora sem eleições para atrapalhar, veremos nitidamente quem é contra ou a favor do pedágio e das obras.
De volta ao poder?
As eleições municipais mexeram com o poder em âmbito estadual e federal. Diversos prefeitos eleitos agora, que tomarão posse em 01 de janeiro de 2025 são deputados ou suplentes de deputado, o que implica na reconfiguração da Assembleia Legislativa e da Câmara dos Deputados a partir de 2025. Entre as mudanças importantes de se destacar está o retorno para a Assembleia do deputado estadual Adalclever Lopes. O político tem grande experiência no Legislativo Estadual, tendo sido presidente da casa e com muitas ligações políticas na região.
Esquecido de vez?
Já em Boa Esperança o resultado das urnas trouxe amarga decepção ao ex-deputado estadual Dilzon Melo (PL) que moveu mundos e fundos como candidato a prefeito na cidade, mas perdeu ficando como segundo colocado. Dilzon era visto como nome competitivo para a disputa e pelo forte apoio político que reuniu acreditava-se que o poderoso ex-político iria voltar ao poder, mas não foi desta vez! Depois do resultado das urnas na cidade vizinha, dizem que Dilzon Melo agora foi em Boa Esperança esquecido de vez, como aliás já aconteceu em Varginha! Será mesmo?
Crescimento e questionamento
O PSD foi um dos partidos que mais cresceu nestas eleições. A legenda reúne boa parte do chamado “centrão” e tem em seus quadros políticos poderosos nacionalmente como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e o ex-ministro Gilberto Kassab, que preside a sigla. Em Varginha o PSD fez o novo prefeito Leonardo Ciacci, mas elegeu apenas um vereador. O curioso é que o partido obteve grande votação, quase 80% dos votos válidos para o Executivo! Partidos menores como o Avante, que tiveram menos votos, elegeu mais representantes na Câmara e isso está sendo questionado pelo PSD na Justiça Eleitoral. O presidente do PSD em Varginha, o médico Armando Fortunato enviou ofício à Justiça Eleitoral questionando a “matemática criativa da Justiça” que não teria computado regularmente os números na distribuição das vagas. “A Justiça odeia ser questionada, ainda mais a Justiça Eleitoral que já não tem a confiança dos brasileiros. Mesmo claramente distorcida a distribuição dos cargos frente aos votos recebidos por cada legenda, é pouco provável que algum erro seja reconhecido pelo Judiciário, o que ficaria ainda mais feio para a magistratura. Isso apenas mostraria que, na verdade, a Justiça escolhe a seu bel prazer os critérios que adota nos casos que lhe convém atuar e se auto favorecendo na escolha daqueles que mais lhe são afáveis”. A conferir o resultado deste questionamento!
Varginha: Inflação acumula alta de 8,7% em um ano
A inflação de Varginha, medida pelo Grupo Unis, teve alta de 0,35% no mês de setembro em comparação com agosto. Os números foram divulgados pelo UNIS considerando o período de doze meses, a inflação acumulada em Varginha está em 8,75%, e analisando apenas o ano de 2024, o aumento atinge 5,55%. O Índice Municipal de Preços ao Consumidor – IMPC-Unis, é um indicador calculado pelo Departamento de Pesquisa do Unis e Geesul – Grupo de Estudos Econômicos do Sul de Minas, e demonstra o comportamento da inflação geral na cidade de Varginha. São coletados os preços de 5 grupos de gastos: Alimentação, Habitação, Transporte, Educação e Comunicação. O grupo com maior elevação nos preços médios em setembro foi alimentação (0,90%) com destaque para óleo de soja (13,45%), carne bovina (6,95%) e carne suína (4,18%). As quedas mais consideráveis ocorreram com os hortifrutigranjeiros: cebola (-27,46%), tomate (-23,76%) e batata (-19,46%) em função de aumento na oferta devido à intensidade das colheitas. Dois grupos tiveram estabilidade em seus valores médios: transporte e educação. Para o curto prazo a previsão dos economistas envolvidos na pesquisa é de que a inflação continue acelerando em virtude de fatores como a alta nas cotações de alguns produtos agrícolas, a finalização da colheita de alguns hortifrutigranjeiros e a bandeira vermelha na conta de energia elétrica.
Sumidos e calados
Passadas as eleições não tivemos nenhuma manifestação pública sobre o resultado por parte de algumas figuras públicas conhecidas em Varginha, como os deputados Cleiton Oliveira (PV), Odair Cunha (PT) ou Dimas Fabiano (PP). Também não sabemos se os dois candidatos a prefeito derrotados Fabiano Almeida (PV) e Zacarias Piva (PL) ligaram para o vencedor Leonardo Ciacci para reconhecer o resultado e felicitá-lo pelo resultado, como deveria ocorrer em disputas saudáveis e educadas. Certamente que nos bastidores muita roupa suja foi lavada, principalmente em partidos como PCdoB e PP. No PT o clima já não estava pacificado desde a escolha abrupta de Fabiano Almeida. Políticos como Dimas Fabiano e Odair Cunha pouco serão impactados com o resultado de Varginha, mas a derrota na cidade impôs a seus grupos locais um amargo sabor. Já Cleiton Oliveira está postergando encontros com apoiadores depois do resultado. Oficialmente estaria com Covid19, mas acredita-se que a razão do sumiço seria o resultado eleitoral. O vencedor Leonardo Ciacci “não tripudiou pessoalmente sobre os adversários derrotados depois do resultado. Esta maldade foi tarefa dos articuladores da campanha do PSD, que o fizeram nos bastidores, fazendo chegar aos (deputados) adversários do atual governo municipal todos os impropérios que não podem ser ditos em público. Mas todo cuidado é pouco, pois o próximo governo vai precisar dos parlamentares, o que enseja um novo rearranjo político e até possíveis aproximações no futuro. A conferir.