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Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
 
As últimas viagens da dupla de Pombos do Correio do Sul
16/01/2006
 

A bela arte em papel de Mário Luiz Silva, em Conservatória.

Conservatória, a Capital da música.

Silvio Caldas, Vicente Celestino, Nelson Gonçalves e outros grandes nomes da música no espaço cultural de Wolney Porto.
- Você se lembra? No dia 30 de dezembro passado, uma sexta-feira, tivemos de evitar a rodovia BR 267 que nos levaria até a cidade mineira de Juiz de Fora... A estrada estava intransitável!

- Se me lembro! Mas, agora, parece que o governo federal despertou para a situação e liberou uma gorda verba para a "operação tapa-buracos" em nossas rodovias... Pois sim! Mais uma atitude eleitoreira, que apenas comprova o absoluto descaso com que têm sido tratados os assuntos vitais para o País nestes últimos três anos... E olha que, em 2006, teremos de escolher novamente quem comandará esta nossa nação desgovernada, sem rumo, nas mãos de políticos irresponsáveis...

-Xi! Não me venha de novo com essas discussões sem fim... Sei que você tem razão, mas eu prefiro conversar sobre esta nossa viagem, uma das últimas...

- Uma das últimas? Como assim?!

- Bom... depois eu lhe explico melhor... Tinha começado a chover, recorda-se? Então decidimos tomar a bela estrada de terra entre a Serra do Rio Bonito e a Serra da Taquara... Ela nos levaria terras fluminenses adentro, rumo à cidade de Conservatória...

- Nossa! Como poderia me esquecer, cara! Vêm-me à mente lembranças incríveis! Havia um trecho da estrada, pouco habitado, em que podíamos contemplar a exuberância natural da Serra da Mantiqueira, com sua encantadora Mata Atlântica... De Bom Jardim de Minas, passando por Santa Rita do Jacutinga, paramos na belíssima, singela - e infelizmente desativada - estação ferroviária de Santa Isabel do Rio Preto onde, mais uma vez, me senti mergulhado no Brasil profundo...

- Foi agradável presenciar aqueles jovens - estudantes, talvez - passeando tranqüilamente pelas ruas pacatas da cidadezinha, e os casais de namorados trocando confidências, olhares e juras de amor, ou apenas conversando animadamente, nos bares ao redor da antiga linha do trem...

- Pois é! Mas o que mais me impressionou foi quando chegamos a Conservatória, a capital da música e dos músicos. Bom... teve aquele jantar no restaurante Dom Beto - um lugarzinho até que simpático, com decoração agradável... mas com uma música ambiente tão insuportavelmente alta, que nos impedia de conversar, lembra? Então... Saímos depois a pé pelas ruas calçadas de paralelepípedo, e nos deparamos com um grupo de animados cantores que perambulavam pela noite a fazer serenatas...


Wolney Porto o incansável curador em seu Museu.

Divindades Católicas esculpidas em papel.

- Que beleza, né! Cheguei a ficar emocionado - sabia? - diante daquela tradição local... Logo em seguida conhecemos o sr. Wolney Porto, aquele bravo sonhador que mantém a duras penas o Museu Vicente Celestino, além de outros pontos de interesse cultural da cidade, como o curioso restaurante Alhos e Bugalhos, em cujas paredes se encontram fotos, desenhos e caricaturas daqueles que, através de suas vozes e instrumentos musicais, tanto colaboraram para que o Brasil tivesse sua verdadeira vocação e identidade culturais...


Taberna Dom Beto - Alberto Figueiredo prometeu música ambiente audível em seu restaurante

 

- Veja: não sejamos, porém, apenas saudosistas! Em Conservatória, dentro de seu ateliê-residência, Casa D´Arte , Mário Luiz Silva dá vida - e que vida! - a seus santos esculpidos em papel machê... Obras delicadas, elaboradas com extrema sensibilidade, e que fizeram com que o artista se tornasse conhecido nacional e internacionalmente. Você viu os trabalhos dele na igreja matriz do vilarejo? Jamais alguém diria tratar-se de escultura feita com material tão frágil! É mesmo uma coisa de gênio!

- Você está vendo? Afinal, nem tudo está perdido, não é mesmo? Existem aqueles indivíduos que, na contramão da maneira superficial e frenética atual de sobrevivência, ainda conseguem nos trazer uma leitura simples e mais nobre da Vida - viver de arte, fazendo arte, como diria minha saudosa mãe...

- E depois disso... Para onde fomos, mesmo?

- Seguimos para Barra do Piraí, em direção à Fazenda Ponte Alta, uma construção histórica da época áurea do Ciclo do Café. Fomos depois para a maravilhosa cidade imperial de Vassouras, lembra? Bom... mas disso trataremos nos dois próximos e últimos artigos, tá legal?

-Ok!

 
 
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