Poluição visual das fachadas de estabelecimentos comerciais na Praça Vila Boim. |
- Qual é o melhor bairro de São Paulo?
- Higienópolis, sem dúvida!
- Que nome estranho! Por que se chama assim?
- Antes de te explicar, quero observar que a história do bairro remonta a Martin Afonso de Souza, que doou aos Jesuítas as terras que hoje abrigam as ruas mais civilizadas da capital paulista. Após a expulsão desses religiosos do Brasil e da pátria-mãe, Portugal, todos os bens pertencentes à Ordem foram confiscados e, mais tarde, transformados em propriedades, chácaras e residências utilizadas para o descanso da aristocracia local.
Pouco caso das autoridades para com o patrimônio histórico de Higienópolis: o triste fim de uma bela fonte. |
Na Praça Bueno Aires, homenagem ao tango argentino. |
Fachada imponente do Edifício Piauí, símbolo de elegância e de bom gosto em Higienópolis. |
- Mas quando surgiu o bairro?
- Bem mais tarde. Durante o Ciclo do Café, esses terrenos foram loteados, e surgiu então o empreendimento imobiliário dos alemães Victor Northnann e Martinho Burchard. Eles venderam, à burguesia de altíssimo poder aquisitivo da época, os terrenos já preparados para receber edificações luxuosas que poderiam contar com infra-estrutura urbana só encontrada nas melhores cidades do mundo: água encanada, iluminação a gás, arborização, e até uma linha de bonde elétrico. Tudo isso propiciaria a criação de um dos mais elegantes bairros da Terra da Garoa.
- E nos anos 50?
- Se me fez essa pergunta, é porque tem alguma noção sobre a evolução de Higienópolis. Pois bem, nos anos 50 apareceram os prédios residenciais, com apartamentos grandes e área comum de lazer, o que criaria novo conceito de bem estar numa metrópole. Hoje em dia, o bairro é um exemplo para as cidades brasileiras: ruas bem pavimentadas, calçadas uniformes, fiação elétrica subterrânea... Há ainda as arvores frondosas, que embelezam as vias movimentadas e os imponentes edifícios da Fundação Armando Álvares Penteado; da Universidade Presbiteriana Mackenzie – um exemplo do cuidado que se deveria ter para com o patrimônio histórico da capital –; e o Colégio Sion, defronte a um dos mais polêmicos e espetaculares conjuntos residências de São Paulo, o Edifício Bretagne, do arquiteto Jorge Artacho Jurado. Suas frondosas mangueiras à beira da piscina lembram os quintais de outrora, e seu jardim suspenso nos leva a um outro mundo, onde a convivência com a urbe se torna mais prazerosa. E é por tudo isso que eu adoro Higienópolis!
Um dos últimos casarões do loteamento das chácaras pertencentes aos aristocratas paulistanos. | Um dos mais elegantes centros comerciais de São Paulo onde a arquitetura está em sintonia com a elegância de Higienópolis |
- Tudo bem, mas você não me disse o significado da palavra Higienópolis...
- “Cidade da higiene”. Tem tudo a ver, não é mesmo?
- Parece que sim! É, meu amigo... Este País está precisando de muitas Higienópolis...
- Se está!
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