O parque Fernando Costa sedia a maior exposição de zebu do mundo.

- Uberaba?

- Sim! Triângulo Mineiro ou Triângulo Paulista.

- Triângulo Paulista? Isto é uma provocação? O uberabense é autêntico, contribuiu para a formação do povo de Minas Gerais e também para a sua delimitação geográfica quando Goiás deixou de interferir nas questões vizinhas...
- E Uberlândia?

- Ah! Aí já é outra história! Muitos dizem que esta é a “Dallas Brasileira”. E Uberaba, sua vizinha, a “Paris Regional”.

- Eta povo pretensioso, sô! Uberaba está cada vez mais descaracterizada! Os casarões estão sendo sistematicamente destruídos, e o seu passado ficará apenas em alguns relatos preservados desde as andanças pela região do furioso mercenário bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva.

O Museu do Zebu promove palestras, pesquisas além de exposições sobre o assunto.

- Tribos indígenas inteiras foram dizimadas e a população negra relegada a quilombos de onde buscaram enfrentar e suportar as agruras de um cotidiano injusto. Ouviu falar da matança dos Carajás ou do quilombo de Ambrósio, figura símbolo daquelas terras mineiras?

- Vamos, então, ver o lado positivo dos aventureiros, agricultores, fazendeiros e pecuaristas que souberam levar progresso ao município onde hoje ocorre a mais renomada feira de gado do continente latino-americano...

- No mês de maio você freqüenta o Brasil que deu certo e, entretanto, são estas mesmas pessoas que permitiram que se apagassem os vestígios de história e de cultura de uma das regiões mais tradicionais das Minas Gerais.

Catedral Metropolina de Uberaba.

- "Uberaba! Bão demais, sô!" diziam os saudosistas, filhos ilustres que buscaram sucesso financeiro em paragens paulistas, goianas, mato-grossenses e nos cafundós do mundo; que usaram o Triângulo Mineiro como fonte de riquezas, atacaram a fauna e a flora do Cerrado, fizeram tombar as palmeiras imperiais em nome do progresso, erigiram edifícios mal planejados e de gosto duvidoso, obras de empresas de engenharia ou de incorporadoras sem escrúpulos e sem nenhum laço afetivo com a cidade...

- Pois é! Veja então o horrível coreto de cimento para se teruma idéia da irresponsabilidade da municipalidade e de seus representantes.

Os rumores de desvios de dinheiro público assustam as poucas boas almas que sobraram dos antigos habitantes. Uma invasão desenfreada de outdoors e de propaganda abusiva polui o visual outrora harmônico da antiga vila de Santo Antônio de Uberaba, que completou 150 anos no verão de 2006. Quando da Proclamação da República, o trem de ferro passou a fazer parte das viagens que levavam à cidade-sonho, capital cultural da região.

O resultado é até mesmo casarios históricos tornando-se "casa-outdoor".

Igreja de São Domingos construída em estilo neo-gótico.

- Deveríamos então convocar os verdadeiros amantes de Uberaba, os filhos da terra e os forasteiros bem-sucedidos para que exigissem um maior respeito à alma uberabense, à sua cultura e ao seu patrimônio arquitetônico. Salvemos o pouco que resta desta cidade desfigurada e horrivelmente maltratada por seus atuais habitantes.

- Eta Uberaba feia, sô! Que tristeza!...