Lavadores de carros utilizam a mina d´água da parte alta da rua |
- Parabéns!
- Parabéns por quê? Fiz apenas o que era necessário junto à Prefeitura de São Paulo para que o plantio urbano de árvores ocorresse finalmente em minha rua!
- Qual é a sua rua?
- Marquês de Leão. Um pedacinho especial da capital paulista onde convivem imigrantes italianos, paulistanos legítimos, feirantes, fãs da Escola de Samba Vai-Vai e estudantes endinheirados da Fundação Getúlio Vargas.
- Nossa! Que caldeirão!
- Eu que o diga! Aos domingos, ouço os ensaios barulhentos da música que acompanhará o desfile dos integrantes da Vai-Vai no sambódromo paulista; de segunda a sexta-feira, acompanho o agito das crianças que logo cedo vão àescola ou, no final do dia, brincam nas calçadas como se estivessem numa cidadezinha do interior. Nos fins de semana, vejo passarem jovens afoitos e casais de idade em busca de cantinas, restaurantes ou bares das redondezas, onde o samba, o forró, o jazz e o pagode convivem harmonicamente, esbanjando alegria pelas ruelas tortuosas do bairro...
- Mas, e as árvores?
- Foi difícil consegui-las através da Prefeitura! Na verdade, foi um verdadeiro parto! Durante exatos nove meses, e após muita insistência através de dezenas de telefonemas, tentei e, finalmente, consegui que trouxessem vida às áridas calçadas da rua que sufocavam parte da alma do bairro.
O harmônico casario preservado. |
- Foi penoso, também, convencer alguns moradores a aceitarem o plantio de árvores dentro de um espírito de convivência harmônica com os traços arquitetônicos, culturais e estéticos do bairro que passaria a conviver com o encanto de copas verdes, repletas de folhas e flores, de plantas adequadas ao clima e ao ecossistema ainda existente por estas paragens.
Ainda existem manifestações culturais na rua como este ateliê. | Recuperação de cores vivas e apreço pelo patrimônio podem salvar os casarios abandonados. |
- Pois é, meu amigo! Soube que, antes de conseguir o plantio, você se confrontou com vinte e três solicitações para corte ou poda de árvores na Subprefeitura da região.
|
- A impressão que se tem é que os habitantes não gostam da Natureza.
- É verdade! Para muitos, ainda persiste o espírito português, desbravador, quando era necessário proteger-se da mata, da natureza bravia, da floresta, dos animais e dos índios para garantir a sua sobrevivência.
- A atitude ainda é a mesma, porém os tempos são outros.
|
Vendinhas fazem parte do universo da Marques de Leão. |
- Pois é! Hoje em dia, a Bela Vista convive com agressões ao meio ambiente, lixo nas ruas, tráfico de drogas, muito trânsito e uma enorme poluição sonora.
- Como reverter esse quadro?
Resquícios da influência européia na Metrópole. |
- Plantando árvores, convivendo com pássaros, levando luz elétrica às ruas ermas e trazendo sombra das ramadas aos moradores e visitantes da Bela Vista e da rua Marquês de Leão. Enfim, criando uma associação de amigos que zelaria constantemente pelo bem-estar de todos nós!
Siga o Varginha Online no Facebook, Twitter
Varginha Online - © 2000-2024