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- Como foi sua viagem para Cuiabá?
- Bastante calor, muitas chuvas e uma emoção enorme.
- Emoção?
- Pois é! Tenho afeição por aquela região do Brasil. Cuiabá guarda em seus muros seculares histórias de aventureiros paulistas, sorocabanos que viajaram léguas e mais léguas à busca do metal precioso. O Estado do Mato Grosso já teve o seu período áureo, literalmente falando, e hoje a capital está indefinida e hesitante entre resgatar o seu passado e projetar o seu futuro de uma maneira sábia, sem se deixar contaminar pelo excesso de influências sulistas, capitalistas e puramente consumistas.
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- Como assim?
- O cuiabano se sente honrado em convidar o visitante para almoçar no Shopping Pantanal, enquanto o real interesse do forasteiro é o de conhecer e apreciar as raízes locais, admirar o patrimônio histórico e degustar os pratos variados à base de peixes e de produtos regionais.
- Tente motivar-me. Por que em vez de evitar Cuiabá, conforme insinuou o cronista Diogo Mainardi, da Revista Veja, eu deveria me deslocar até lá só para visitar a capital mato-grossense?
- As razões são múltiplas. Comecemos pela Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, divinamente restaurada e que é uma das mais belas relíquias do mundo sacro brasileiro. Um espetáculo! De cima do morro, à esquerda, avista-se a Mesquita que ilustra o espírito tolerante e receptivo dos cuiabanos. Em seguida, mantenha seus olhos abertos e passeie pelo centro histórico que, aos poucos, recupera sua dignidade através do restauro iniciado, recentemente, de seus casarões, de suas igrejas e das inúmeras fachadas que gradualmente vão devolvendo ao habitante o orgulho de ser cuiabano. A Catedral Metropolitana de Cuiabá, em seu estilo despojado – e muito contestado –, tem um interior alegre onde há nuances de diversos tons coloridos em função dos vitrais e da luz do dia. À medida que os raios solares se intensificam, o dourado da pintura atrás do enorme crucifixo parece eternizar a magia daquele momento.
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- É a “Notre Dame Tropicale”?
- Pois é! Cuiabá tem a sua versão brasileira da mais bela catedral do mundo; a de Paris. Já a Igreja Bom Despacho, edificada em 1720, é um dos cartões postais da cidade. Os museus, aos poucos, vão organizando seus acervos para tornar ainda mais atraente o roteiro turístico-cultural dametrópole.
- E o patrimônio imaterial?
- Você fala das inúmeras manifestações folclóricas, das formas de cantos e danças?
A Justiça é cega: tema da estátua em praça pública. | Igreja do Rosário e São Benedito: uma jóia na arquitetura sacra brasileira. |
- Exatamente! E então, as festas populares, como são?
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- O Cururu, o Siriri, a Dança de São Gonçalo,
o Boi à Serra, entre outras manifestações,realçam o lado humano, popular e cultural do autêntico mato-grossense e de sua capital em seus quase 300 anos de existência. Seja homenageando o espírito firme e decidido do Boi, animal parceiro dos senhores dos engenhos de açúcar, seja louvando o Senhor Divino e outros santos através de modinhas que realçam a graça e a pureza das intenções.
Visual bucólico de uma Cuiabá autêntica e histórica. |
Elegância nos traços arquitetônicos de outrora |
- Nossa! Você me surpreende. Sempre que volta de alguma viagem o seu espírito crítico fica aguçado. Por que está protegendo Cuiabá?
- Não é isso, meu amigo! Por enquanto, trago comigo apenas as boas recordações. Aguarde até a próxima semana, quando terei a oportunidade de externar as constatações que fiz ao perceber que os cuiabanos ainda não se despertaram totalmente para a redescoberta e o reencontro do seu patrimônio histórico-cultural...
- Sei... Ainda não estou convencido...
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