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Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
 
Acho que o Brasil ainda tem jeito!
23/02/2007
 

Harmonia entre a maior festa pagã do mundo e a fé religiosa em Brazópolis-MG

Resgate do carnaval de rua em Monteiro Lobato-SP

Decoração carnavalesca do Clube Social de Itajubá-MG

- Você não seguiu para o Carnaval de Salvador! O que aconteceu?

- Desisti de embarcar para a Bahia após obter a informação, pela internet, de que haveria um trio elétrico em forma de lata de cerveja o qual acolheria um bloco carnavalesco da Skol. Renunciei definitivamente ao carnaval soteropolitano! Desmarquei minha passagem aérea e resolvi seguir em busca de algo mais autêntico, mais brasileiro e, sobretudo, mais cultural.


Os habitantes deLuminosa procuram adequar suas residências em acomodações para viajantes e turistas

- O que fez, então?

- No sábado, logo cedo, seguimos para a pacata, bucólica e simplesmente maravilhosa Luminosa! Distrito de Brazópolis, em plena Serra da Mantiqueira mineira! Desenha-se entre as montanhas o pequeno aglomerado de cerca de 2.000 habitantes. Antes, porém, passamos pelas cidades de São Bento do Sapucaí e Sapucaí Mirim, onde ouvimos a conversa de dois cavaleiros que tomavam uma pinguinha no botequim da esquina. Dizia um deles:


O carnaval interiorano reúne a comunidade na praça principal de Cristina-MG

- “Essa abobrinha é pra mim?”

- “É sim, senhô!” – respondeu o outro.

- “Eu só cômu abobrinha caipira. Frângu tamém tem qui sê caipira!”

- “I as fruta?”

- “Laranja, só caipira; melão, caipira; coco, caipira; tudo caipira! Eu sô da roça!”

- “E muié?” – quis saber o outro.

- “Muié num priciza sê caipira não!”


Um dos botecos tradicionais de Brazópolis, em imóvel tombado pelo Patrimônio Histórico

- A gargalhada foi geral. Daí, continuamos nossa viagem. E no caminho encontramos uma antiga fazenda, em ruínas, onde habitava um simpático senhor magro, negro, amante daquele lugar que outrora havia sido uma promissora e rentável plantação de café pertencente à família Rennó, de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais. Tentaram transformá-la em um restaurante de beira de estrada, mas as chuvas castigaram a antiga edificação e o teto ruiu. E, com ele, foram-se as esperanças de um bom negócio.

- E depois?

- Seguimos por entre descidas e curvas, serra adentro, e avistamos, maravilhados, a pequena Luminosa que se apresentava como um pequeno vilarejo nos Alpes Suíços.
- Que exagero!

- Não é exagero, não! À esquerda, um pequeno cemitério todo caiado de branco. Ao centro, uma cidadezinha e a torre de sua igreja. Ao fundo, a silhueta ondulada da Serra da Mantiqueira, e, à direita, algumas casinhas encravadas nas encostas dos morros. 


Chegada a minúscula Luminosa, uma comunidade em paz na Mantiqueira

Após a maratona carnavalesca, os viajantes descansam em um sítio em São Bento do Sapucaí-SP

- Onde se hospedaram?

- Em uma pequena pensão que abrigava os peregrinos do Caminho da Fé. Eram pessoas tranqüilas que percorriam léguas e mais léguas em busca do domínio do tempo, da volta às origens tradicionais de sua cultura religiosa. Foi muito agradável conhecê-los!


O que restou dos esforços em vão para transformar a fazenda cafeeira em um restaurante

- E daí?

- Bom... No dia seguinte, domingo, iniciamos uma maratona que nos levou a Brazópolis, a Wenceslau Bráz – uma cidadezinha agradável, erguida em meio a uma topografia dinâmica, entre descidas, subidas e o rio que lhe dá a característica deleitosa de uma vida saudável nas terras de Minas Gerais –, Delfim Moreira, Maria da Fé, Cristina e Paraisópolis. Por fim, após descansarmos algumas horas no agradável sítio do amigo Galileu, de onde se avista a Pedra do Baú e todo o entorno inesquecível de paisagens e natureza da região de Campos do Jordão, retomamos a estrada para São Paulo.

- E o Carnaval?

- Nos deparamos com várias manifestações interioranas, porém a mais bela e salutar de todas foi a de Monteiro Lobato, no Estado de São Paulo. A administração local reuniu os foliões em uma festa agradável, onde o entoar das modinhas de carnaval nos levava a crer que o Brasil ainda tem jeito...

 
 
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