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Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
 
Sorocabanos desvairados! Repaginar ou morrer? Vamos repaginar!
26/08/2007
 

A região é de extrema importância no contexto brasileiro

Linhas clássicas dos tempos áureos de outrora

Desrespeito e poluição visual sobre o casario histórico

Sorocaba está maculada com publicidade indevida

O patrimônio histórico de Sorocaba necessita ser recuperado

Terra dos Tropeiros, a Manchester paulista acolheu imigrantes

“– Deste arroz com fava, nem em Paris, Melchior amigo! O homem sorria, inteiramente desanuviado:

– Pois é cá a comidinha dos moços da quinta! E cada pratada, que até suas incelências se riam... Mas agora, aqui, o Sr. D. Jacinto, também vai engordar e enrijar!

O bom caseiro sinceramente cria que, perdido nesses remotos Parises, o senhor de Tormes, longe da fartura de Tormes, padecia de fome e minguava... E o meu príncipe, na verdade, parecia saciar uma velhíssima fome e uma longa saudade de abundância, rompendo assim, a cada travessa, em louvores mais copiosos. Diante do louro frango assado no espeto e da salada que ele apetecera na horta, agora temperada com um azeite da Serra digno dos lábios de Platão, terminou por bradar: ‘É divino!’ Mas nada o entusiasmava como o vinho de Tormes, caindo do alto, da bojuda infusa verde – um vinho fresco, esperto, seivoso, e tendo mais alma, entrando mais na alma, que muito poema ou livro santo. Mirando, à vela de sebo, o copo grosso que ele orlava de leve espuma rósea, o meu Príncipe, com um resplendor de otimismo na face, citou Virgílio:


Acordem Sorocabanos: sua cidade tem história!

Quo te camina dicam, Rethica? Quem dignamente te cantará, vinho amável destas Serras?”

– Não entendi nada! Estamos aqui em Sorocaba, na centenária cidade paulista, e você resolve, como se estivesse asfixiado, ler páginas de A Cidade e as Serras, de Eça de Queiroz!

– Asfixiado? Mais uma vez estou atônito. Fala-se em Rota dos Tropeiros, em cidade pacata e interiorana, e o que vejo? Em pleno sábado, motoristas apressados contornam a cidade, passam diante da belíssima e maltratada Estação Ferroviária, afoitos, como se o entorno não tivesse a menor importância! Como se Sorocaba fosse apenas um local de passagem, uma cidade dormitório, sem passado, sem presente e com um futuro desagradável, pois pretende transformar-se em metrópole, repleta de centros comerciais, de grandes avenidas, de edifícios com ares suburbanos - construções mal acabadas – com arquitetura duvidosa e com paredes cobertas por propagandas indecentes de companhias de telefonia, de marcas de bebidas, enfim... Sorocaba, como está, não atrai.

– É o fim, então.

– Não. Em 1564, a Terra Rasgada – “sorocaba” em Tupi Guarani - recebeu a família de Baltazar Fernandes que aí se instalou e iniciou o povoamento da região. Quase cem anos depois, o coronel gaúcho Cristóvão Pereira de Abreu, acompanhado de sua tropa, pisou o solo sorocabano, iniciando assim o ciclo do Tropeirismo. Sorocaba passou então a ser um ponto estratégico que ligava o Norte ao Sul, quando, posteriormente, ocorria a Feira de Muares, onde animais eram comercializados e distribuídos por todo o País.


Estação Ferroviária de Sorocaba da Grã-Bretanha

– Entendo. Interessantíssimo! Porém o tempo passa, a civilização se instala, o progresso muda a vida cotidiana, os hábitos...

– Esse é o problema. O que chamam de progresso, a meu ver, é um retrocesso cultural, uma “involução” acompanhada de um crescimento demográfico insano – Sorocaba é a cidade que mais cresce no Estado de São Paulo - e a administração local se sente orgulhosa por pertencer a  uma das 50 maiores cidades do Brasil! Sorocaba perdeu a tradição. Sorocaba está sem rumo.

– Tudo bem. Porém deixe-me listar alguns pontos interessantes da cidade.

– Vamos lá.

– O Pelourinho, por exemplo.

– Pelourinho? Você não está confundindo com Salvador, a capital baiana?


Com cerca de 500.000 habitantes, Sorocaba deve controlar o seu brutal crescimento

– Lá se vão 208 anos desde que o Governador da Província instalou o Pelourinho, que foi sendo levado a outras localidades para, por fim, ser fincado em Sorocaba. No centro, encontra-se o monumento a Baltazar Fernandes, importante personagem regional, nascido no século 16 quando os primeiros movimentos de desbravadores ocorreram na região. O Mercado Municipal, obra-prima em art déco, o marco da Revolução Liberal, o Casarão de Brigadeiro Tobias, o Museu da Estrada de Ferro Sorocabana, a Usina Cultural, a Capela do Divino, a Catedral Metropolitana, enfim, concordo com você que Sorocaba deve urgentemente frear o crescimento desordenado e enaltecer as suas raízes; o seu rico passado.

– Mas como?

– Contratando profissionais competentes para rever e prever uma harmonização paisagística, urbanística, que permita a repaginação da cidade.

– É isso aí! Kassab neles!!! Abaixo a poluição visual e sonora em Sorocaba. Para cima a auto-estima dos sorocabanos, através da revitalização verdadeira do patrimônio histórico desta urbe secular!

 
 
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