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Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
 
Lá em cima, o Ritual da Tucandeira em Terras Amazônicas
04/09/2007
 

Inicia o Ritual da Tucandeira

Crianças são preparadas para assistirem ao Ritual

Você é índio de verdade?”, indaga o pequeno mestiço parintinense

O índio deve passar pelo ritual cerca de vinte vezes em sua vida

Apresentação das luvas onde serão abrigadas as temíveis tucandeiras

- Vou apresentar a você uma das músicas do Boi Caprichoso, de Parintins, cuja temática aborda o aspecto interessantíssimo de uma tradição indígena praticamente desconhecida dos demais brasileiros.

- Quem são os autores?

- Ademar Azevedo e Davi Jerônimo.


Em 2007, um dos temas do Boi Caprichoso foi o Rito Saterê

- Vamos lá, então. Sou todo ouvidos!

“Cantos e danças sagradas
No rio da fé – Saterê Maué
A nação Maué Saterê
No ritual da iniciação

O chefe tuxaua traz o curumim

Enfeita o terreiro pra celebração
As mãos do menino entreguem ao ferrão
Ao som do iambé, sá ari pé
Taóka ferrão agudo
Invasores da floresta-tucandeira
Tarakúas cordão de morte

Saracutingas amarelas-tucandira

A tribo se separou

O remo mágico anunciou

O grande pajé

Iacoamã Icumaató

Com a força do Porantim

Inicia o curumim

A tribo a noite inteira

Festejam todos os guerreiros

Na dança da tucandeira
Tem caxiri, tarubá e guaraná-çapó óóó”


No Dia do Índio, uma escola municipal foi contemplado com uma encenação indígena

- Consegui, finalmente, convencê-lo a escrever sobre o ritual da Tucandeira, não é mesmo?

- Conseguiu sim, senhor! Fico impressionado com a coragem dos meninos valentes que se deixam picar pelas vorazes formigas! Mas, qual é a razão deste acontecimento?


As luvas abrigam centenas de formigas

- Em plena Amazônia brasileira, entre os Estados do Pará e do Amazonas, a tribo Saterê Maué resiste às influências colonizadoras e transmite, de pai para filho, a necessidade de aprendizado de como superar as agruras da vida.

- De que maneira?

- Inicialmente, expondo os adolescentes a picadas doloridas de centenas de formigas. Isto, segundo a crença, permite que os iniciantes se preparem para a vida e possam um dia chegar a cargos de chefia na Comunidade. Além do mais, alguns estudos parecem confirmar que estas pessoas se tornam imunes a algumas doenças tropicais, graças à resistência que adquirem após as sessões de treino para seguir seus destinos.

- Mas como acontece?


Índio Saterê provoca as tucandeiras

- Os adolescentes devem pôr a mão em contato com as formigas, que ficam presas dentro de uma luva tecida em cipó. E elas provocam ferroadas muito dolorosas! É um sofrimento enorme que é repetido por 20 vezes para que, com o galgar do tempo, eles consigam o respeito dos mais velhos, através da sofrida prova.

 - Nossa, que esquisito!

 - Não acho. É fantástico! Foge da nossa compreensão, pois nossos dias são repletos de tensões ao conviver com a pressão do dia-a-dia na cidade grande. E muitas vezes não recebemos nenhum preparo filosófico para enfrentar os altos e baixos de nossa existência. Deveríamos passar por vários rituais que nos permitissem uma melhor compreensão dos caminhos a serem percorridos em nossa existência.

 - Tudo bem! Preparo filosófico eu até concordo, mas sem picadas de formigas, está certo?

 
 
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