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Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
 
São Paulo - Arte e desordem por toda parte
20/12/2008
 
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Elegância de outrora na terra da garôa

- Já que você está tão distante e quase incomunicável nas ilhas caribenhas da Colômbia, decidi levar aos nossos amigos e leitores o que me surpreende pelas ruas de São Paulo.

- O trânsito caótico?

- Não. Algo que me intriga no dia-a-dia e, para que me compreenda, vou ler o que encontrei sobre o assunto. Preste atenção:


Mosteiro de São Bento, uma volta ao passado

-Vinte e duas horas e sete minutos do dia 9 de março de 1979. Um homem magro e cabeludo, trajando um sobretudo escuro, atravessa a Avenida Ipiranga empunhando em suas mãos trêmulas uma lata de spray vermelho-fogo. Seu olhar atento avista um muro grande bem pintado em branco. Observa à sua volta e, supondo-se sozinho, tão rápido quanto o pensamento, surge naquele muro: “Ah, Ah, Beije-me”, ao lado de uma enorme boca aberta, carnuda, exposta lembrando uma prostituta. Ao tampar a lata e deixar o local, olhando para os lados, leva um grande susto, pois quase que do nada, um outro homem pequeno e extremamente rápido havia já grafitado ao lado de sua bocarra uma intrigante botinha preta, cano alto e salto agulha. Quando este dobrava sua máscara (molde vazado sobre o qual se aplica tinta spray) é que percebeu a presença do primeiro. Entreolharam-se e falaram quase a um mesmo tempo: Ah, então é você? Nesse momento acontece o que, num futuro próximo viria a ser uma das mais fecundas identificações de propostas artísticas, uma sólida amizade entre dois dos mais apaixonantes artistas contemporâneos que esta cidade produziu. O primeiro é Hudinilson Hurbano Jr.; este artista é o que, juntamente com Mano Ramiro e Rafael Franca, formou o grupo 3NÓS3, que tinha como objetivo intervir na paisagem urbana propondo “intervenções”, como o próprio artista declara: “oferecer à cidade uma nova versão ao espaço urbano”.


Despreendimento na arte popular

Artista anônimo e brasilidade

Terraço Itália, um clássico paulistano

Expressão de cultura nordestina nas paredes

Expressão artística no túnel da Av. Paulista

- Que interessante! Porém, qual é o seu intuito ao passar-me esta mensagem? Quem é o autor desse texto lido por você?

- Primeiro desejo lembrá-lo de que não receberei as fotografias por você realizadas nesses últimos tempos e que poderiam ilustrar a nossa coluna dessa semana, pois está empenhado no registro visual de nossa querida vizinha Colômbia. Você está lá longe... (rsrs). Segundo porque me sinto motivado a buscar inspiração para o nosso diálogo com os leitores de BrasilZÃO. E terceiro, segundo o repórter fotográfico e crítico de arte Enio Massei, ao percorrer São Paulo em 1989: “São Paulo tem o privilégio de ser a única cidade do mundo a ter um grupo de artistas trabalhando dentro de uma coerência lingüística com homogeneidade que não se encontra nem mesmo em Nova Iorque. Conheço todas as capitais do mundo e posso garantir que São Paulo é o centro do grafite ocidental”, diz ele. Não é incrível?


Busca de estética no bairro da Bela Vista

- O que mais me intriga são os motivos, temas e assuntos retratados nos muros, paredes, postes, pilares e todo espaço disponível para que descarreguem suas emoções contidas em suas veias artísticas. São artistas anônimos, seres desconhecidos que, cada vez mais, constituem um grupo à parte por todo o planeta. Tenho curiosidade em saber como se expressam eles na Europa, na Ásia, e nos demais países onde seus trabalhos também são notados. Como seria no Oriente Médio? Será que há tolerância para esse tipo de arte em países onde a manifestação visual ocorre, certamente, com restrições devido à cultura e a religiosidade?

- Infelizmente não estou em condições de responder-lhe. Porém São Paulo, conforme comentei, acaba se transformando em uma galeria de arte a céu aberto. Posso ler um pouquinho mais?


Homenagem aos 100 anos de Imigração Japonesa

Buscando a segurança de sua loja

- Do pessoal do grafite, em grande escala feito à mão, apareceu também o genial grupo Tupinãodá (José Carratu, Rui Amaral, Jaime Prades e Carlos Delfino) que originou outras formações. Também a troupe dos grafites amricanos surgidos junto ao movimento hip hop em São Paulo. Quem não se lembra da São Bento, Thaíde Dj hum e outros precursores do som rap, aqui em Sampa? Dessa produção de grafites surgem Renato Del Kid, os Gêmeos, entre outros. Interessante lembrar que, nos EUA, o metrô novaiorquino é todo grafitado nesse estilo (letras e frases excessivamente coloridas à base de tinta spray, demonstrando primorosa técnica). Lá, o grafite surgiu como opção de mídia alternativa, ou seja, negros e hispânicos, precursores dessa linguagem, não tinham espaço na mídia americana, principalmente nas rádios que simplesmente deixavam de tocar o som rap. Em vista disso, os jovens artistas usavam o metrô para divulgar idéias e ideais, eventos e até óbitos. No Brasil, esse estilo não invadiu o metrô (nós sabemos que o metrô de São Paulo é um dos mais limpos do mundo), mas acontece nas ruas e túneis da cidade”.


Pouco sobrou da São Paulo clássica

Humor agressivo na grande metrópole

- Há muitos anos, tive a oportunidade de conhecer Alex Vallauri, o representante do grafite no Brasil, que faleceu em 26 de março de 1987. No mesmo ano nos aproximamos da atriz Mara Borba, que atuava na peça “A Rainha do Frango Assado”. Tudo isso, eu contarei a você depois de sua volta das terras colombianas. Há um belíssimo ensaio a ser feito para registrar estas manifestações pelas vias públicas de São Paulo, de Bogotá, de Caracas...

- Mas quem fotografará? Como ilustraremos o artigo dessa semana? De quem é o texto que foi lido? Você ainda não me respondeu!  


O grafite, arte ou invasão?

Transformista, humor e cores

- Meu caro amigo, tomei a liberdade de utilizar minha pequena máquina fotográfica e o meu celular para captar desenhos e pinturas que, desta vez, também serão encaminhados ao nosso artigo o qual tem sido desenvolvido conjuntamente (você fotografa e eu escrevo) por nós dois ao longo de todos esses anos. Confesso que estou curioso para ter uma pequena idéia do que está vivenciando nesse espetacular país caribenho banhado por dois oceanos. Até a volta! Ah, não sei quem relatou o que comuniquei a você. Tomara que ele acesse a BrasilZÃO e nos procure. É muito interessante o que nos apresenta pela internet...

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