2020, o ano que, infelizmente, não acaba no dia 31 de dezembro, nos privou de tantos pequenos desgastes que lembro, com saudade, por exemplo, do garçom esperando a divisão da conta, fingindo paciência; e também das garimpadas marotas de um lugar para sentar no mercado municipal e comer um pastel, tomando uma cerveja como recompensa por ter ido até o centro da cidade acompanhando minha noiva. A pipoca que pagamos mais caro que o valor da entrada do cinema do shopping para assistir filmes que nem gostamos. Nem rolou de ir ao Braz – SP – fazer a desgastante micareta de sacoleiro, mas voltar para a casa com o guarda-roupa renovado por apenas 200 reais. Saudade imensa de fugir de convites para excursões para a praia. Os convites nem chegaram. Também não foi possível me acotovelar na fila da quermesse para comprar canjica. Não teve o bêbado que não resiste e, na roda de samba, vem chorar no seu obro, justificando que a música da vez fala fundo ao seu coração. 

2020, para mim, deixou claro que o futuro não é infinito. O calendário não parou, mas temos bem menos pessoas para contar os dias. Nós, que ainda estamos “contando”, que história queremos contar para os dias que virão, para as pessoas que virão? Meu muito obrigado a você que acompanhou esse espaço neste ano, espero que 2021 nos de a vacina que nos possibilite voltar a abraçar e estar junto novamente. Que este ano entenda que ele é o bêbado no final da festa, ele precisa ir embora. Aproveito para agradecer a equipe do Portal Varginha Online, em nome de seu idealizador, Márcio Borges, pela cessão do espaço. A Coluna Periscópio seguirá observando tudo em 2021. A gente se encontra lá.