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Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
fabiobritocritica@gmail.com
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
 
Santana de Parnaíba e o Corpus Christi
02/06/2010
 

A igreja matiz de Santana de Parnaíba data de 1882

  O coreto na praça surgiu em 1892

Motivos bíblicos e religiosos compõem o tema do feriado

Estátua viva nas ruas da cidade
O realejo alegrava o espírito dosvisitantes

- Como foi o seu feriado na última quinta feira?

- Quinta-feira Santa? Acordei cansado. Desejava passar o dia em casa, lendo, percorrendo as páginas do excelente livro sobre uma breve história da  Argentina onde o autor, de forma clara e precisa, narra como o país vizinho tem sofrido nas mãos dos políticos oportunistas, populistas, militares, torturadores, sindicalistas e jovens despreparados.

Tranquilamente as pessoas assistem à procissão

- Você esteve então na Argentina neste dia de descanso e de festividade cristã?

- Não, estava em São Paulo. Após lutar contra a vontade de ficar em casa, resolvi seguir para Santana de Parnaíba. A pequenina cidade histórica, quase um presépio, está situada às margens do Rio Tietê, onde infelizmente, as águas estão fétidas e poluídas. Em seus arredores e bairros periféricos são tristes e sobem e descem os morros sem planejamento, de forma desordenada. Ali impera a insegurança, a sujeira, a poluição visual e o mau gosto. Entretanto, naquele dia ensolarado, a população e o visitante extasiavam-se com a beleza dos tapetes coloridos os quais foram criados pelos habitantes para festejar o dia de Corpus Christi: motivos florais, cenas bíblicas, contornos coloridos e muita imaginação popular em homenagem ao Filho de Deus, Jesus Cristo. Sessenta dias após a Páscoa, na quinta feira após a Santíssima Trindade o precioso Centro Histórico estava preparado para receber milhares de fiéis, turistas ou mesmo curiosos.

Milhares de pessoas participaram da procissão do Corpus Christi

- Conheço bastante Santana de Parnaíba a antiga Vila foi fundada por Suzana Dias e seu filho André Fernandes no século XVI. A localidade tornou-se importante por causa da busca desenfreada de ouro e outros metais preciosos, além da busca insana de captura de mão de obra indígena destinada ao trabalho escravo. Os temíveis bandeirantes, falsos heróis, invadiram a região e sacrificaram uma boa parte daqueles que ali viviam há séculos ou milênios. Em nome do desenvolvimento os índios eram enganados e assim surgiu o mito de Anhanguera, o detestável Bartolomeu Bueno da Silva cujo nome pomposo representa hoje o espaço cultural do Museu Histórico e Pedagógico.

- Passei uma tarde tranquila. Não presenciei nenhuma cena de violência, consegui assistir a procissão e caminhar pelas ruas antigas, pelos becos históricos apreciando também as construções seculares, a Igreja Matriz ( cuja última construção data de 1882) e também  o pequeno coreto Maestro Bilo que recebeu da Inglaterra a sua estrutura de ferro em 1892.

Artesanato e fofocas

- Nossa, quanta informação em um único dia não é mesmo? Você sabia que as primeiras manifestações em homenagem ao Corpo de Cristo ocorreram em 1264? Graças ao Papa Urbano IV muito povos de diferente países se lembram do sofrimento de Cristo e de sua passagem por este planeta. Você fez bem em não perder este dia especial onde, em centenas de cidades brasileiras, os cristãos se manifestam para homenagear o corpo e o sangue de Cristo. Em Minas Gerais , quando puder, vá a Mariana em uma quinta-feira Santa e você sentirá então o fervor da crença do povo mineiro.

O  imaginário popular em uma manifestação folclórica Adultos e crianças participaram das festividades cristãs
 
 
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