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Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
fabiobritocritica@gmail.com
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
 
Salvador, 3 de julho de 2004, 8h da manhã
30/09/2020
 

 Do terraço do hotel do sétimo andar do deselegante Edifício Arthemis, obra horrenda do arquiteto Oscar Niemeyer no Território Soteropolitano, avisto a belíssima paisagem da Baía de Todos os Santos. Aliás, trata-se de uma baia na Bahia.

A luz que entrecortava o horizonte, através de nuvens espessas de um cinza-claro, trazia um efeito mágico que eleva o viajante à reflexão sobre as maravilhas do Planeta.

O mar estava calmo e o azul de suas águas abrigava navios e cargueiros pontuados entre o continente e a histórica Ilha de Itaparica.

A brisa constante denunciava o inverno baiano. Chuvas esparsas, o firmamento povoado nos céus com nuvens mirabolantes, através de formas e desenhos insinuantes sob a silhueta de igrejas seculares, testemunhos de uma época áurea de quando Salvador era a Capital do Brasil, de 1549 a 1763.

Os "meninos de rua" do Centro Histórico Pelourinho continuavam soltos e gentis, embora insistentes na mendicância contínua que garantia a sua sobrevivência.

Carregava em mim o sonho de levar adiante o projeto "Guardiães do Pelourinho" que previa o abraço fraterno, o leito cômodo e uma nova vida a estes pequenos excluídos da sociedade brasileira.

No mesmo dia, segui para o bairro do Rio Vermelho e estivemos na residência do renomado escritor Jorge Amado, que ali passou parte de sua vida e ai criou personagens que ocupavam o seu cérebro e transitaram em versões de suas obras literárias; com versões para vários idiomas e assim invadiram lares brasileiros e de estrangeiros quando foram eternizadas as exuberâncias de Dona Flor e seus Dois Maridos e de Tieta do Agreste, as quais levavam a todos o sonho promíscuo e sensual da bigamia.

Ainda no terraço de onde avistava ao longe o Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat fazendo fundo às torres da Igreja Nosso Senhor do Bonfim, busquei imaginar outras andanças que me permitiram desvendar a Serra da Mantiqueira, sentir os odores de lavandas em montanhas do Principado de Andorra ou ainda lembrando-me dos momentos de êxtase ao vislumbrar as pequenas casas da espanhola Ibiza.

Rapidamente desapareceu de meu cérebro essas visões pois surgia em meu pensamento a mensagem "Sorria, você está na Bahia".

Tudo isso ocorreu há cerca de 15 anos...

 
 
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