Paço Municipal, a antiga prefeitura |
Produtos para todos |
Festival de inverno |
Curitiba. 8 graus centígrados. Era uma noite de um sábado chuvoso e os hotéis estavam lotados. Sob as gotas frias que castigavam os transeuntes, encontrei finalmente uma pequena pousada onde consegui deixar os meus pertences e alojar-me. Resolvi sair para comer algo e subitamente encontrei-me em um bar popular, onde bêbados e bêbadas compartilhavam as mesmas impressões sobre os jogos da Copa do Mundo. O proprietário, moreno, baixinho, barbudo e mal encarado, falava em árabe com uma bela mulher que, aparentemente, era a sua companheira. Procurei abordá-lo de forma gentil e lhe perguntei qual era a sua origem.
Praça General Osório |
Olhou-me bem nos olhos e, espontaneamente no idioma francês, disse: “Je suis du Maroc” (sou do Marrocos). A partir daquele momento, ao responder-lhe no mesmo idioma, um largo sorriso o transformou no ser mais gentil do planeta.
- Sobre o que conversaram?
- Sobre o Marrocos, sobre Marrakech, sobre sua vida e sua vinda para o Brasil.
- Você havia então esquecido completamente o falecimento do pai do marido de sua prima que, na véspera, nos deixara vítima de um câncer fulminante que o martirizou durante meses?
- Não, não o havia esquecido. Estava com a sensibilidade na flor da pele, pois perder um pai é como despertar para a dura realidade da vida que não poupa ninguém. Lembrei da tentativa de suicídio de meu pai, há anos atrás, em um hospital de São Paulo, pois não suportava mais as drogas que injetavam no corpo a fim de prolongar a sua já frágil existência. Mais uma vez, percebi de maneira profunda a minha responsabilidade como pai de um filho único, cujo lar rompeu-se por falta de estrutura, pois na época, não soube lidar com o destino de forma serena quando as dificuldades se apresentaram naquele ano terrível – e temível – de 1998. Por isso, fiquei extremamente sensibilizado com esta notícia recebida em Umuarama.
Os paralelepípedos na lembrança de Curitiba |
- Estou tentando compreende-lo. Iniciou a conversa contando-me sobre a sua passagem por Curitiba e, em seguida, relata questões interessantes, porém pesadas, dentro do contexto de nosso diálogo. Você voltou a encontrar-se com o dono do bar, de origem marroquina?
- Não, não o vi mais. Aproveitei o dia seguinte em Curitiba para percorrer o centro histórico e constatar os grandes esforços que estão sendo realizados pela administração local, para recuperar e revitalizar aquela área da capital paranaense. No belíssimo edifício, arquitetura francesa, que abrigava anteriormente a Prefeitura, foi instalado um centro cultural e um café, de onde se avista o pequeno mercado de flores o qual alegra, colore e atrai os visitantes para a exuberância da flora que ali está exposta. Curitiba tem o centro histórico mais freqüentado do Brasil. Competentemente, a população resolveu prestar atenção no seu acervo arquitetônico e aos poucos veio a afeição do habitante por sua cidade. Pequenos hotéis charmosos, bares e restaurantes instalados no calçadão da Rua XV, recuperação de fachadas por grandes empresas e aglomerados financeiros, além do extremo cuidado que a Prefeitura tem com os bancos e as floreiras ao longo da extensa rua. No início dela, na Praça General Ozório, a Feira de Inverno: quentão, pamonha, milho cozido, pinhão, cachorro quente e artesanato para todos os gostos se encontram nas pequenas bancas multicoloridas neste ano atípico, onde predominam as cores verde e amarelo por causa da Copa do Mundo.
Cúpulas de Curitiba | Universidade Federal do Paraná |
- Acho interessante o seu relato sobre Curitiba, porém gostaria de ouvi-lo falar sobre Umuarama.
- Está bem, aguarde até a próxima semana. Hoje, o Brasil joga contra a Coréia do Norte e o jornal Correio do Sul, de Varginha, Minas Gerais, tem pressa em receber o artigo desta coluna. Porém fique tranquilo, pois até a próxima semana encaminharei impressões e vivências da trajetória Umuarama – Maringá – Curitiba.
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