- Dizem que o Estado mais negro do Brasil é a Bahia.
- Depende. Quem diz? O Maranhão se autodefine como o verdadeiro estado afro-brasileiro.
- Pernambuco também ergue a bandeira da negritude e o Rio tem movimentos étnicos poderosos, que defendem as causas e direitos da raça negra em horizontes fluminenses.
- Mas as baianas em Soteropolus...
- Baianas de Salvador? Elas são maravilhosas e competentes, têm consciência de seu papel na cultura da Bahia dentro dos contextos regional e nacional. Representam uma verdadeira posição político-cultural para salvaguardar o que persiste, resiste e maravilha o mundo em suas manifestações familiares, folclóricas e religiosas, em atitudes genuinamente brasileiras.
- Emocionei-me ao encontrá-las durante os festejos de 20 de Novembro em comemoração ao Dia da Consciência Negra do Brasil.
- Do Brasil ou no Brasil?
- Sua pergunta é impertinente, mas tem fundamento. No dia da Consciência Negra no Brasil ocorrem manifestações esparsas, sem o verdadeiro respaldo e participação popular. Em 9 de Janeiro de 2003 foi estabelecido que no dia 20 de Novembro fosse prestada a homenagem a Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares.....
- Trata-se pois de um esforço para que todos tenham consciência da importância das culturas africanas na formação da Nação brasileira.
- Mas não seria mais interessante se as comemorações ocorressem no dia 13 de Maio, data da Abolição da Escravatura no Brasil que ocorreu em 1888?
- Acho que não. Zumbi representa o mártir da resistência à escravidão naquele período sombrio de nossa historia de colonização. Ele combateu os portugueses nos abusos e massacres contra os quilombolas em Pernambuco. Era um guerreiro e um líder militar que comandava a luta, de Macaco, sede do Quilombo. Em 1695, então com 40 anos, morreu degolado.
- "Tem torso de seda tem!/Tem brincos de ouro tem!/Tem pano-de-costa tem!/Sandália enfeitada tem!". Essa música dignifica a também guerreira baiana, mulher negra batalhadora, que não se deixa engolir pela fome de consumismo e sede de falsa cultura enlatada, como o nada profundo, barulhento, promíscuo e indesejável axé, ritmo musical de péssima categoria e de gosto duvidoso.
- Por isso devemos lutar para que nossas baianas continuem a dignificar o verdadeiro esforço de manter nossas raízes e tradições.
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