– Após Glaura, Acuruí e os inúmeros núcleos de paz no município de Ouro Preto, cheguei a Lavras Novas, o paraíso em extinção. Era um domingo de verão e entre céus azuis, nublados e trovoadas, entristeci-me ao constatar, mais uma vez, o descaso das autoridades mineiras e dos habitantes para com o patrimônio histórico regional.
As estradas, esburacadas, me levavam a cantos insólitos com uma natureza exuberante nesta estação chuvosa onde os ventos sussurram histórias de negros, brancos e os destemidos valentes do período colonial.
Lavras Novas do Coronel Furtado foi um dos primeiros locais aonde se iniciou a busca e exploração do precioso metal nas Minas Gerais.
O povoado servia também de local de pouso aos extenuados viajantes que tinham como destino Ouro Branco. Em Lavras Novas foi erguida a capela em homenagem a Nossa Senhora dos Prazeres, uma jóia do belíssimo acervo de edificação religiosa existente no Município de Ouro Preto. Ali se festeja o dia de São João, no dia 23 de junho, quando os habitantes abrem as portas de suas casa e cozinhas para que todos possam estar em família e prosear entre amigos. Entretanto Lavras Novas está sendo gradativamente desfigurada pelo turismo. Os novos habitantes pintaram as fachadas das modestas casas de cores berrantes, os “endinheirados” constroem casas que não respeitam o padrão singelo do espírito do vilarejo e as autoridades fazem vista grossa a esta invasão nefasta que permite a ocupação desordenada, sem critérios ou respeito aos habitantes locais, como ocorreu com a Praia do Forte, na Bahia, e Porto de Galinhas, em Pernambuco.
Urge frear a descaracterização de Lavras Novas para salvaguardar o potencial turístico que reside em sua majestosa simplicidade regional.
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