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Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
fabiobritocritica@gmail.com
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
 
Encantos e Desencontros
07/11/2011
 

- Em 10 de Outubro de 1986, vocês ainda eram muito jovens. Você recém-chegado da África e ele, Alexandre Dórea Ribeiro, dono de um pequeno restaurante e funcionário público da EMPLASA. O que os uniu naquela época ?

- A sua mãe, Déa Dórea Ribeiro, era um ser exótico, extrovertido, feliz, amante da vida cultural
paulistana, baiana nas origens e na alma. Destruiu corações, construiu amizades sólidas e faleceu prematuramente em um acidente automobilístico na Rua da Consolação.
Sua imagem me acompanha até os dias de hoje quando sinto-me embrenhado no Brasil profundo, em terras onde as raízes estão ainda sólidas e indestrutíveis.

- Vocês ainda são amigos ?

- Não tenho resposta para esta pergunta. Há muito não o vejo. Nossas vidas tomaram rumos distantes embora o norte seja o mesmo: somos editores. Sinto muita pena não conseguirmos mais dialogar pois cada qual em seu caminho tem sido útil à sua maneira. E, no final, ganha o leitor, o viajante, o curioso, o brasileiro e os amantes do Brasil. Porém, com a cabeça repousada poderíamos nos tempos atuais, ter conversas de valor, diálogos profícuos e, sem dúvida, trocar conhecimento face às experiências que adquirimos com o decorrer de um quarto de século.

- Um quarto de século ?

- Sim senhor. Há exatamente 25 anos nasceu a editora Empresa das Artes. Há 25 anos busco entender o Brasil em sua magnitude.
- Você comemorou esta data tão especial para você ?

- Comemoro todos os dias o fato de enxergar . Em minha casa, os objetos, embora silenciosos, dizem muito. São peças em marfim do Togo, do ex-Zaire (atual Congo) e da Costa do Marfim, tapetes persas que percorreram um longo caminho até aqui chegar, fotografias de infância, dos antepassados e de minha família que se despedaçou, amigos, amigas, paisagens, pessoas ...

- Você é nostálgico ?

- Não, não sou nostálgico. Porém mantenho sempre um olhar atento ao que me rodeia. Grafites, pinturas murais, plantas, edificações, ambientes de vida, pessoas, animais, vida; pura vida.

- O canto do encanto. Há algum desencanto ?

- Houve um grande desencontro com esse amigo, Alexandre, que há 25 anos associou-se a minha idéia para mergulhar no mundo da cultura.
- E o encanto ?

- O encanto está no dia a dia. No saber viver de forma prazerosa o nosso quotidiano.

 
 
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