Até hoje, muitas das práticas contumazes utilizadas para educar os filhos, embora aparentemente inofensivas, acabam transformando-se em verdadeiros bloqueios na vida da pessoa quando adulta. Por exemplo, a velha prática de obrigar a criança comer através de algum artifício que crie medo, como: “se você não comer vai ficar doente”; “se você não comer o bicho papão vai te pegar”. Falas assim até parecem ingênuas, mas, podem instalar o medo na vida da pessoa pelo resto da vida, ou causar outros tipos de distúrbios emocionais ou compulsividade.
Um exemplo dessas ocorrências veio à tona quando atendia um grupo terapêutico em Belo Horizonte. Certo dia, durante uma sessão de renascimento, uma cliente que estava tentando resolver uma situação corporal de obesidade, contou que, durante o trabalho, recordou da seguinte cena da sua infância: Ela tinha de cinco para seis anos de idade e estava sendo alimentada pela mãe. Como não estava aceitando a comida por causa do gosto que não achava bom, a mãe lhe dizia: “come menina, come se não você vai virar um palito”, e a cada colherada a frase era repetida. Segundo ela isso ocorria em quase todas as refeições quando, por algum motivo, ela se negava a comer. A partir da descoberta desse instante traumático, essa pessoa conseguiu minimizar a ocorrência da obesidade, uma vez que ela reaprendeu a alimentar-se de maneira adequada mudando o centro das suas necessidades, ou seja, não comia mais por medo de que algo lhe acontecesse, sim porque necessitava nutrir-se de maneira saudável. Foi, também, a partir dessa nova consciência, que ela resgatou sua autoestima e os outros setores da sua vida também foram harmonizados. Além desse exemplo, é possível afirmar que outros tantos bloqueios ou traumas podem ser resolvidos, a partir do momento em que a pessoa descobre e confronta a origem daquilo que a desequilibra.
Sob ótica da exposição acima, é possível entender que devemos analisar e confrontar, muito do que aprendemos desde a mais tenra idade, pois, nem sempre tudo o que nos foi ensinado é saudável e nos faz bem. Por outro lado, é possível que muito desse aprendizado possa nos ser benéfico, mas, é preciso fazer o bom uso racionalidade para desenvolver o senso crítico, buscando conservar apenas os ensinamentos que proporcionam bem estar e auxiliam o nosso progresso. Nem tudo que aprendemos é definitivo, sempre existirão hábitos e posturas a serem aperfeiçoadas. Sempre há o que melhorar em nossa existência.
Boa Reflexão e viva consciente.
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