- Como foi a 16ª Parada do Orgulho Gay de São Paulo?
- Há controvérsias.
- O representante do movimento fala em 4 milhões de pessoas presentes no evento. A Folha de São Paulo, através de tecnologia avançada declara que o evento reuniu 270 mil pessoas.
- Na verdade somos megalomaníacos. 270 mil pessoas equivale ao tamanho de uma “cidade de porte médio no Brasil ou de um município grande para os padrões europeus.
- Como estamos acostumados com exageros, balbúrdia, desordem e violência, quando um evento em São Paulo não sai na mídia por razões negativas – roubo, assassinato, agressões e falta de espaço – consideramos que não foi um sucesso.
- Concordo com você. Porém, a Parada Gay desta vez decepcionou: a trilha sonora estava caótica. O som, péssimo. Houve também falta de criatividade e em nenhum momento tínhamos a impressão de ter uma manifestação com alma brasileira, tendo em vista a ausência de elementos nossos, seja nas vestimentas, nas músicas e na forma comportamental dos frequentadores daquele momento.
- Os argentinos já nos chamavam de “macacos”. Macacos somos e macacos seremos, enquanto não tivermos a hombridade de pensar em Brasil como uma nação que reúne povos e culturas oriundos das mais diversificadas áreas do planeta e do próprio país. Sem dúvida é importante pensarmos nos direitos e na criminalização do preconceito de uns para com outros. Entretanto, os discursos políticos que ocorreram não eram convincentes.
- Brilhou como musa da identidade gay a senhora Marta Suplicy que, como todos sabemos, tem tido uma atitude ambígua no que concerne a sua leitura sobre São Paulo e o seu real envolvimento com a bandeira do partido do qual faz parte. Teria sido uma grande oportunidade para ela lembrar que o Brasil tem cara, tem cultura, e mais do que nunca, necessita de educação. Qual é então, ou melhor, quais são os resultados efetivamente positivos desta manifestação pretensamente folclórica e politicamente confusa?
- Não tenho conhecimento suficiente para opinar de forma clara, porém, concordo com você que estamos perdendo a oportunidade de aproveitar estes momentos que reúnem uma grande massa de público jovem, de homens e de mulheres em busca de lazer, para que assimilem ao mesmo tempo os aspectos relevantes de nossa cultura
- Continuo perguntando: Por que não permite outras manifestações na Avenida Paulista, como por exemplo, a parada tropeira? Por que não temos representantes da cultura rural e interiorana em movimento em manifestação do mesmo porte, que contem com o auxílio de bancos e entidades estatais que nos devem satisfações sobre brasilidade?
- Entendo e assimilo a sua indignação. Estas mesmas empresas e/ou entidades públicas de grande porte se fazem de surdos ao projeto de uma verdadeira ocupação cultural do centro histórico de São Paulo, o qual abrigaria artistas em áreas diversas como cinema, teatro, música, artes visuais e dança. A capital de São Paulo é um caldeirão multicultural, nas veias de suas 31 subprefeituras pulsam verdadeiros universos culturais através dos migrantes, imigrantes e assimilados que convivem em uma comunidade de mais de 12 milhões de pessoas. Por que tanta dificuldade em conscientizar os representantes legais, políticos e grandes empresas sobre a “importância do patrimônio histórico, cultural e humano desta cidade pujante que abriga todas as crenças e todas essas pessoas em busca de uma vida melhor?
- Não somos contra a Parada Gay, porém, o evento não está claro em seus propósitos e merece uma verdadeira curadoria para melhorar a qualidade e o nível de suas “apresentações.”
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