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Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
fabiobritocritica@gmail.com
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
 
Jataí e Maria Carlota de Ávila Lima
05/04/2013
 

Foram dezesseis horas de viagem, de São Paulo-capital para Jataí, Goiás. O ônibus foi parando, de cidade em cidade, e parando, e parando... 

-“Vou para Rondônia. Meus netinhos estão muito doentes. Há 15 anos que não via minha filha, ela mora aqui em São Paulo. Agora tenho que voltar, meu netinho está morrendo”, disse a robusta senhora, com sotaque nordestino, tez clara e face com traços negróides.

 - “Sigo até o Acre. Sou metalúrgico. Meu filho foi de avião. Saiu mais barato. Mas eu gosto mesmo é de viajar de ônibus. Sacumé? E o senhor? “ 

- Sou uberabense, respondi. Mineiro da gema. Brasileiro de estatura mediana, gosto muito de fulana mas ... 

-“Cicrana é quem me quer”, complementa sorrindo o avô metalúrgico. “Meus netos me esperam. Sou melhor pai como avô. O senhor endente?”

 - A letra da música que o senhor também conhece foi escrita por um primo meu, uberabense. Ele se chamava Cacaso. Faleceu prematuramente aos 42 anos de idade. Cacaso era poeta, compositor, mineiro até a alma. Como bom mineiro, amava o Rio de Janeiro.

 Às cinco da manhã me acordaram. “ O senhor é da poltrona nove? Vai para Jataí ?”. A gargalhada foi geral. 

- “Ô cabeludo que ir pra Rondônia cumnóis ?”, alguém perguntou. Percebi então que já estava em Jataí. Fantasiei. Imaginei que o hotel onde me hospedaria teria a lâmpada pendurada por um fio elétrico e manchas na parede. Qual não foi a minha desilusão: havia frigobar e parecia um hospital com sua cerâmica – no solo e nas paredes – impecavelmente limpa. Era insosso, sem graça, sem personalidade.

 No dia seguinte acordei cansado sem saber para onde ir, como ir, com quem ir. Senti um pequeno calafrio e um enorme gozo por ter que achar a solução. Onde seria a festa dos 80 anos de Carlota de Ávila Lima? Como estaria a nossa inesquecível Dindinha, a fada de nossa infância?. 

Após descobrir Onofre e Maria Inês Brito, primos barretenses, em um hotel próximo à rodoviária, segui para o belíssimo local da festa.

 O hotel, agradabilíssimo tinha em sua entrada um curral preservado o qual nos chamava ao aconchego rural em um estabelecimento turístico de bom gosto, onde a vista era privilegiada em 360 graus:  verde em qualquer raio da circunferência que deslumbrava os parentes presentes naquela tarde ensolarada do sudoeste brasileiro.

 

- “Agora, algumas palavrinhas: vamos chamar o nosso primo Fabinho, sobrinho de mamãe e grande amigo da família. Fala Fabinho.”

 - Meus avós eram irmãos. Meus pais, primos-irmãos. Portanto, sou primo de todos vocês ao quadrado. Na minha infância, a felicidade tinha nome: Barretos. E Dindinha era o ser mais importante de nossas vidas. 

A festa rolou solta. Música sertaneja, catira, discursos emocionados porém pontuais e no ar pairava o amor, a harmonia, o respeito. Viva Maria Carlota de Ávila Lima!!!

 - Viva até os 90 anos, até os 100 anos. Viva !!!!!! 

 

 
 
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