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Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
fabiobritocritica@gmail.com
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
 
Belém, 21 de agosto de 2016
06/09/2016
 
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Ao mudar de hotel, de local, de rua, de bairro e de frequência usual a lugares e estabelecimentos privados ou logradouros públicos, tenho a impressão de ter trocado de destino, de cidade, de vivências e de sensações, de ser levado a outro universo físico, humano e portanto culturalmente por mim desconhecido.

Decidi explorar o lado "burguês" de Belém do Pará e saí caminhando do Hotel Princesa Louçã (antigo Hilton) em direção à Praça Batista Campos que é considerada um dos logradouros públicos mais aprazíveis da capital paraense e nortista.


Sob o impacto de uma noite curta, mal dormida, e de um agitado e traumático voo aéreo, senti o cansaço e a fome invadirem o meu ser.

Dirigi-me a um charmoso e pequeno café-bar onde devorei uma pequena torta com a pincelada gastronômica local (o delicioso jambú), que induziu-me ao labirinto  de lembranças longínquas do extraordinário complexo natural fluvio-marinho,o maior do mundo, a Ilha de Marajó.


Veio-me à mente perguntar à rechonchuda e mestiça servente:


- "Quem foi Batista Campos?".


Logo a seguir, ao redor da Praça Batista Campos, fui de barraca em barraca, de loja em loja: "Quem foi Batista Campos"?. Nadie lo sabía.

O vento soprava suavemente naquela noite iluminada por uma discreta lua no céu amazônico infinitamente negro e misterioso.Senti-me "o viajante aprendiz", acostumado a descobrir, constantemente, os segredos de parte desta porção de Brasil equatorial e tropical.


Timidamente, de forma reclusa e introspectiva, fui perambulando... Ora admirando os túmulos do centenário cemitério, ora reconhecendo os semi-abandonados casarões, frutos do período áureo da indústria gomífera, no auge do ciclo da borracha, até deparar-me com o belíssimo Theatro da Paz, legado do intendente Antônio Lemos que sonhou em transformar Belém na "Paris N'América", quando a cidade estava elegante e se projetava para um futuro promissor.


Hoje, no mês de agosto de 2016, Belém está descosturada, mal vestida, desmembrada da estética das belas e elegantes capitais terrestres, desfigurada e arrogantemente violenta e cruelmente violentada.


Belém, a minha adorada Belém do Pará, tem o seu semblante elegante e histórico maculado pela ganância da especulação imobiliária, pela voracidade de seus incompetentes políticos, pelo descaso da população inculta e sem afeto para com os belíssimos acervos histórico-cultural e arquitetônico, testemunhos de seus quatro séculos de trajetória.


- Belém, a Princesinha da Amazônia, desfalece! Belém pede socorro!


- Mas quem foi o cônego Batista Campos? O que é a Cabanagem?

 

  

 

  

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