Ao mudar de hotel, de local, de rua, de bairro e de frequência usual a lugares e estabelecimentos privados ou logradouros públicos, tenho a impressão de ter trocado de destino, de cidade, de vivências e de sensações, de ser levado a outro universo físico, humano e portanto culturalmente por mim desconhecido.
Sob o impacto de uma noite curta, mal dormida, e de um agitado e traumático voo aéreo, senti o cansaço e a fome invadirem o meu ser.
Veio-me à mente perguntar à rechonchuda e mestiça servente:
- "Quem foi Batista Campos?".
Logo a seguir, ao redor da Praça Batista Campos, fui de barraca em barraca, de loja em loja: "Quem foi Batista Campos"?. Nadie lo sabía.
O vento soprava suavemente naquela noite iluminada por uma discreta lua no céu amazônico infinitamente negro e misterioso.Senti-me "o viajante aprendiz", acostumado a descobrir, constantemente, os segredos de parte desta porção de Brasil equatorial e tropical.
Timidamente, de forma reclusa e introspectiva, fui perambulando... Ora admirando os túmulos do centenário cemitério, ora reconhecendo os semi-abandonados casarões, frutos do período áureo da indústria gomífera, no auge do ciclo da borracha, até deparar-me com o belíssimo Theatro da Paz, legado do intendente Antônio Lemos que sonhou em transformar Belém na "Paris N'América", quando a cidade estava elegante e se projetava para um futuro promissor.
Hoje, no mês de agosto de 2016, Belém está descosturada, mal vestida, desmembrada da estética das belas e elegantes capitais terrestres, desfigurada e arrogantemente violenta e cruelmente violentada.
Belém, a minha adorada Belém do Pará, tem o seu semblante elegante e histórico maculado pela ganância da especulação imobiliária, pela voracidade de seus incompetentes políticos, pelo descaso da população inculta e sem afeto para com os belíssimos acervos histórico-cultural e arquitetônico, testemunhos de seus quatro séculos de trajetória.
- Belém, a Princesinha da Amazônia, desfalece! Belém pede socorro!
- Mas quem foi o cônego Batista Campos? O que é a Cabanagem?
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