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Coluna | Periscópio
Wender Reis
wendernew@hotmail.com
Pedagogo e Orientador Social, curioso observador de tudo que causa espanto no mundo.
 
Enem da Ocupação
02/11/2016
 

Crise do sistema educacional, geração de emprego e renda, imigração, violência, tudo isso possíveis assuntos do tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Assuntos que, mesmo a sociedade querendo ou não discuti-los, estão aí. O contexto da realização da prova de 2016 certamente será assunto da história em exames posteriores, as famosas atualidades nunca se transformaram tão rapidamente em conteúdos históricos nos livros didáticos. É fácil perceber que as disciplinas têm tentado absorver simultaneamente os acontecimentos históricos, de maneira a problematiza-los no bojo de seus saberes. Se estão sendo bem sucedidas é outra questão. Fato é que as centenas e centenas de escolas e universidades ocupadas por inúmeros estudantes que, convivendo com um cenário de sucateamento das instituições de ensino públicas, não devem admitir nenhuma política que sinalize uma piora no quadro, coisa que o estúpido e desavergonhado Michael Temer não conseguiu convencer que não haverá, muito pelo contrário, está explicito: o pior está por vir. 

Pois bem, que as ocupações de hoje ganhem conotação e denotação de luta por seguridade nas políticas públicas do Estado. Que este não se isente de ofertar o mínimo de qualidade em educação e que não desassista os mais vulneráveis em prol de políticas que só favorecem os mais ricos. Que ocupação conote e denote movimentos sociais nas provas de linguagens, códigos e suas tecnologias. Para os entendedores que insistem em querer não entender, que as milhares de ocupações bastem. 

Que entendam ainda que a matemática que tira do pobre para capitalizar interesses externos e financiar políticas de grandes grupos empresariais não é a mesma admitida pela população de um país assolado pela corrupção. Que nas provas de matemática e suas tecnologias nossos estudantes possam perceber que a conta deve ser dada a quem ela pertence: os bancos (que não estão em crise). 

Que entendam que as ciências humanas e suas tecnologias servem, sobretudo, para nos fazer compreender a atividade humana através da história, como pensamos, agimos e como chegamos até aqui. História, Geografia, Sociologia, Filosofia, enfim, não podemos ignorar as causas e efeitos das nossas crises, e principalmente não podemos ignorar o quanto sofremos com muitos “ajustes político-ideológicos” feitos no passado para nos tirar de uma crise para logo depois nos atirar em outra pior. E que está consciência esteja presente para entender o nosso presente e indicar caminhos possíveis para nossa sobrevivência no futuro, nos valendo assim das ciências da natureza e suas tecnologias para promovermos uma vida mais sustentável.

Por fim, que as redações dos inconformados se tornem não só documentos históricos para retratar nosso tempo, mas também manifestos que injetem ânimo na eterna luta por um país melhor e mais justo. 

#ForaTemer

 
 
 
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