A iluminação tênue dos lampadários seculares - sinônimo da vida e da boemia paulistana de outrora - iluminam a área sombria do Centro Velho da Capital Sulamericana. Estamos no Terceiro Mundo, na antiga e esquecida região da outrora moribunda Terra da Garoa.
O dia está terminado, com temperatura amena, quando o céu acinzentado despeja a chuva que umedece e faz brilhar o solo coberto por pedras portuguesas dispostas ao longo do Viaduto do Chá – o coração da Metrópole.
O reflexo prateado das luzes no chão molhado atrai e envolve o olhar do transeunte, do passante solitário, da alma errante, do cérebro constantemente pensante e nostálgico das sensações anteriormente vividas na localidade onde passou seus tempos áureos nos anos 60 e 70 do último século.
Terra de escritores, filósofos, atores, amantes da estética, do belo, do sensual, do intelectual, do superficial, do artificial e do genial, do Ser Paulistano em outras épocas.
" Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe que faz a palma,
É chuva que faz o mar."
O poeta Castro Alves já sonhava com a urbe onde formigava, em pleno século 19, a vida cultural, quando fumegavam os cérebros dos escritores e dos artistas que acreditavam que aquela aura permanente emoldurada pela bruma, pela cerração e bendita por fina garoa, ainda seria o epicentro cultural da nação gigantesca que herdara a morosidade da burocracia íbero-lusitana.
Mais de um século depois, a fétida e super-povoada cidade desmorona ao ser engolida por sua incapacidade de sobrevivência para garantir qualidade de vida a milhões de forasteiros provenientes de centenas de países e de dezenas de unidades federativas empobrecidas pela falta de educação de seus habitantes.
São Paulo agoniza!
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