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Coluna | Periscópio
Wender Reis
wendernew@hotmail.com
Wender Reis é pedagogo, mestre em Gestão Pública e Sociedade pela Unifal/MG, Analista de Educação no Sesc MG e apresentador do programa Bem Brasil na rádio Educativa Melodia FM. Atua na articulação entre educação e cultura em Varginha.
 

Afinal, nós somos do mal?
24/01/2017
 
Você, enquanto pai de família, quer mesmo ter como referência de conduta moral um sujeito que diz preferir ter um filho morto a um filho gay? 

Você, enquanto trabalhador, quer mesmo ter como modelo de honestidade um político de carreira, que acredita que um parlamentar é mais importante que o seu eleitor e que por isso não pode andar de ônibus? 

Você, enquanto marido, companheiro ou namorado, quer mesmo ter como porta-voz um sujeito que diz que uma mulher para ser estuprada precisa merecer? 

Você, enquanto ser humano, prefere mesmo acreditar em uma pessoa que diz que o problema da ditadura foi não ter matado mais gente?

Se as suas respostas foram afirmativas, eu tenho pena da sua família, tenho pena da educação que dará aos seus filhos, tenho pena dos seus colegas de trabalho e tenho pena da sua mulher. Tenho pena porque sei que o mundo que você defende é um mundo da violência, um mundo da barbárie. Um mundo de intolerância e guerra, mundo em que a história da humanidade já cansou de dar exemplos de que enquanto as pessoas comuns matam e morrem em razão da pobreza, seja para sair dela, seja para se vingar de uma consequência dela, ignoramos que apenas oito caras, repito (o que deveria ser repetido à exaustão), oito caras, têm juntos mais dinheiro que a metade mais pobre do mundo. Você acredita mesmo que 3,6 bilhões de pessoas não entenderam que precisam trabalhar para ganhar dinheiro?

Com a brutalidade a qual temos nos deixado levar somos conduzidos por um caminho sombrio de estrangulamento de valores e quebra de convenções fundamentais para o convívio. Passamos a venerar as prisões, as condenações, os “bandidos bons, os bandidos mortos”, os negrinhos amarrados no poste, o linchamento em praça pública. Desprezamos os nordestinos, os gays, os pretos, os pobres, os “bolsa-família” vagabundos e, ia esquecendo, o voto da população.

Estamos nos tornando zumbis do ódio, famintos e sedentos por pescoços. 

E se querer um mundo em que se combata as verdadeiras causas de nossos problemas, as razões de apenas oito caras terem mais dinheiro que metade do planeta, se querer isso merece linchamento, corro risco de vida. 

 
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