Em primeiro momento, intitulei este texto de terrorismo invisível, o que me pareceu um pleonasmo já que no imaginário coletivo a imagem que temos construida de terrorismo é de algum homem bomba do oriente médio, que despercebido, se explode em um metrô ou praça pública de algum país desenvolvido do ocidente.
Hoje, quando falamos em terrorismo estamos falando de atentados contra um determinado Estado, em geral, contra países desenvolvidos. Portanto, o terror parece distante de nós. Mas será mesmo?
Considerando que a natureza da morte não se distingue, qual, então, a diferença entre mortos na Inglaterra, Síria, numa chacina no Rio de Janeiro ou índios sendo mortos por fazendeiros?
Quais mortes são relevantes e quais não são. Por quais você se sensibiliza. Por quais você se manifesta? Por quais você se omite?
Mas atenção, não se iluda, não existe distinção entre os assassinatos praticados por terroristas, grupos milicianos, fazendeiros, poderosos, empresários ou pelo próprio Estado por meios indiretos. São crimes contra a vida e contra a humanidade. Não se deixe enganar, pessoas estão sendo mortas todos os dias por defensores de uma ideologia, por defensores de uma determinada “justiça”.
Os pequenos massacres contra minorias, contra os mais fracos, contra os que se opõe a latifundiários, que lutam contra o aparelhamento do Estado por grupos empresariais que se apropriam da administração pública para legitimar seu domínio e poder não são também terrorismo? Também a violência do próprio Estado contra os cidadãos que se opõe a uma administração surda para os anseios da sociedade não pode ser considerada terrorismo?
Cuidado ao endossar, por exemplo, o caso de tortura contra o adolescente que, após ter cometido um crime, teve sua testa tatuata, pois quando um grupo se sente no direito de impor justiça a um outro, ignorando a lei, está nitidamente legitimando crimes humanitários. Pois se você pensa assim, lembre-se que sua ingenuidade e inobservância apenas justifica o estado de bárbarie do qual você pode ser uma vítima.