Não faz tempo, mas em breve fará, que enfeitávamos as ruas do bairro com bandeirinhas para marcar os festejos juninos. Competições de alto nível entre uma rua e outra celebravam o espírito comunitário dos bairros cidade afora.
Cadê o espírito comunitário?
Não faz tempo, mas em breve fará, que ficávamos a madrugada inteira em uma maratona incansável de confecção de tapetes para o feriado de corpus christi. O espírito comunitário ultrapassava as barreiras das religiões e muita gente, mesmo não católica, se empenhava em fazer da serragem e do sal grosso verdadeiras obras de arte.
Cadê o espírito comunitário?
Não faz tempo, mas em breve fará, que nós, crianças à época, nos reuníamos a noite para assar batatas em fogueiras improvisadas com gravetos e qualquer tipo de pedaço de pau. O espírito comunitário fazia com que compartilhássemos nossas batatas igualmente entre todos, sem distinguir donos ou não donos das raízes.
Cadê o espírito comunitário?
Não faz tempo, mas em breve fará, que os Chaves e os Kikos do bairro se encontravam nas ruas para brincar até tarde sem medos ou preocupações. O espírito comunitário mantinha todos empenhados nas brincadeiras até que o coletivo se cansasse.
Cadê o espírito comunitário?
Não faz tempo, mas em breve fará, que havia ocupação das ruas de maneira saudável, em breve caberá apenas as memórias falar desses momentos, pois quanto mais nos fechamos em nossas casas, quanto mais abdicamos de disputar os espaços públicos, de ocupar as ruas, mais espaço cedemos para o tráfico, para usuários de drogas, mais espaços cedemos para o crime.
Em tempos de desconstruções, precisamos pensar em reconstruir laços e vínculos.