Certa vez tive um cliente dependente químico que, durante algum tempo, ao fim de cada sessão, me dizia: “... o que é que eu tenho que mentalizar para mudar minha autoestima?”. E eu sempre lhe respondia: “Não basta apenas mudar o pensamento, é preciso também realizar mudanças, mesmo que pequenas, em suas condutas diárias visando manter seu bem-estar”. Quando passou a agir assim, abandonando gradativamente os pensamentos e as posturas que não lhe eram saudáveis, ele resgatou, juntamente com a sobriedade, o seu equilíbrio existencial.
Às vezes, autoestima é compreendida pelas pessoas sob diversas formas, algumas a veem como um dom ou valor que uns poucos possuem, outras acreditam poder obtê-la através de mudanças superficiais, ou que ela possa ser conquistada apenas através da mentalização de sentenças positivas, etc. É até possível que esta última prática ajude, mas, efetivamente a autoestima se realiza, num primeiro momento, pela transformação interior onde a elaboração mental consciente é fundamental, e, depois, pela prática de ações afirmativas que demonstrem, por exemplo, consciência, autoconfiança e, sobretudo, amor e respeito pela própria vida.
A autoconfiança é um importante elemento da autoestima, não possuí-la significa viver sob a influência do derrotismo, do fracasso antecipado. Daí que para se instituir autoconfiante, antes é necessário confiar realisticamente em seus próprios valores e ideias, além de estar convicto de sua competência pessoal, pois, só assim haverá motivação suficiente obter conquistas e mantê-las. Demonstrar confiança em si próprio é fundamental para que as pessoas também confiem em você. Da mesma forma, é necessário respeitar-se a si mesmo, para que os outros também o respeitem. Os que estão à sua volta, na maioria das vezes, tratam-no da maneira como você se trata.
Em síntese, não há como negar que qualidade da autoestima tem profunda influência em todos os setores da existência humana, seja na família, no trabalho, no trato com as pessoas em sociedade, nas relações íntimas e pessoais, enfim, em todo tempo e lugar. Observe: quando sua autoestima está baixa você tende a ser pouco exigente com o que dá para si mesmo e com o que recebe dos outros; contenta-se com pouco e não se sente merecedor de algo mais. Por outro lado, quando sua autoestima está em equilíbrio você se sente estimulado a buscar novos desafios, a ser mais exigente, a estabelecer objetivos mais elevados e de maior relevância, a valorizar e cuidar melhor de você.
Enfim, a autoestima, além de ser determinante para o equilíbrio psíquico-emocional e físico, está intimamente ligada ao grau de satisfação das mais diversas necessidades humanas. Então, se o seu propósito é obter da vida o maior grau de autossatisfação, renove e qualifique o conceito que tem de si próprio, deixe fluir suas qualidades e realize ações produtivas e edificantes que reforcem sua autoestima todos os dias. Isto não é receita pronta, mas é um bom princípio.