Às pressas me locomovi até o aeroporto internacional de São Paulo. O cansaço, resultado do grande numero de viagens incessantes pelo território brasileiro não permitiu-me gozar daquele precioso momento de uma retirada momentânea do quotidiano, interessante porém massacrante,que me propiciaria buscas de novos horizontes para o meu universo editorial e cultural.
O voo, tranquilo pela noite adentro e rumo ao Velho Mundo, levou-me ao fantástico aeroporto Charles de Gaulle-Roissy onde, tranquilamente e ainda sonolento, aguardei a chegada da mala, sem alça, que não suportou o peso dos livros em seu interior.
Ao perceber que a conexão por internet, wi-fi gratuito, disponibilizada no aeroporto me permitiria dialogar virtualmente com meu filho, resolvi então degustar meu primeiro café expresso em território gaulês.
Tomei a seguir o ônibus que me conduziria ao coração de Paris, junto ao espetacular Théatre National de l'Opéra.
Tudo fluiu tranquilamente e em meu labirinto sentimental senti o reencontro com a Cidade Luz, ponto de referencia em minha formação intelectual e humana.
Ao chegar meu filho, seguimos para o bairro onde eu encontraria o charmoso local onde me hospedaria por um mês.
O simpático proprietário do charmoso apartamento deu-me dicas de como usufruir das facilidades e dos encantos daquele bairro nobre da capital francesa. Estaria então mergulhando no labirinto de minha existência quando, com apenas 19 anos de idade , adentrei a alma parisiense. Isso ocorreu em 1973, há 46 anos ...
Após ter as chaves do apartamento e liberar-me do peso das bagagens, fui festejar, em um simpático café-bar tipicamente parisiense, o reencontro tão esperado com meu único filho e melhor amigo .Brindamos assim o reencontro, "les retrouvailles"...
Ao seguir meu filho para sua casa, senti a sensação estimulante e profunda de encontrar-me novamente na mais excêntrica, exótica, misteriosa e fantástica capital do planeta Terra. Terra de pensadores, de amantes da cultura...Terra de inspiração do genial escritor português Eça de Queiroz, de Émile Zola, de Honoré de Balzac ou de Hemingway que, entre tantos outros amantes da vida e da cultura, se tornaram imortais através de suas obras que transitam na busca da percepção da complexidade da essência humana.