Certo dia, após uma palestra, uma senhora aproximou-se e me disse: “seria bom se meu filho tivesse uma conversa com o senhor, pois ele é muito inconformado...”. Eu respondi-lhe: “Que bom, seria ruim se ele fosse conformado”.
Um tanto quanto surpresa com minha resposta, ela agradeceu a minha atenção propondo-se a analisar o inconformismo do seu filho sob outra ótica. Uma das razões da citada resposta decorre de que inúmeras pessoas foram, ou ainda são educadas sob a égide de valores distorcidos ou de práticas manipulativas. Situação em que aprendem a obedecer cegamente a regras e preconceitos que funcionam, vida a fora, como bloqueadores da criatividade e da coragem, o que as impede de ousarem ser diferentes. Em síntese, isso as conforma a representarem papéis menores na vida.
O conformismo, então, resulta desse processo pseudo-educativo limitador, que não leva em consideração o indivíduo em sua singularidade, e nem o estimula a conhecer a sua essência que é plena de potencialidades a serem exploradas para que cumpra com maior excelência o seu papel existencial.
O conformado, normalmente, é nulo em sua vontade, não quer e nem faz nada para mudar. Às vezes, até faz jogo de cena para parecer atuante, mas, no final conforma-se no que acredita ser o seu limite. Culpa o destino, os outros, o acaso, o azar, e até a justiça divina pelos seus fracassos. Vive preso numa teia de justificativas discordantes ou esfarrapadas, sem o mínimo teor de verdade; tudo isso para continuar sendo o mesmo que sempre foi.
O inconformado, ao contrário do acomodado ou do rebelde inconsequente, dá rumo positivo às suas insatisfações. Aprende, por consequência, a valorizar os elementos positivos da sua individualidade, fazendo do seu inconformismo o elemento motivador de sua busca para ocupar melhor o seu espaço no mundo e mudar a rota da sua existência. E com essa atitude afirmativa rompe seus limites, transformando criatividade, intuição, coragem e tenacidade em instrumentos do seu sucesso.
Se mudança, crescimento e evolução, fazem parte da essência do ser humano, porque, então, permanecer sendo parte da multidão anônima e conformada? Pense nisso!