Estimado Sr. Fernando Abrucio,
Li com atenção o seu artigo "O conceito de público precisa ser reconstruído" pois o título pareceu-me esclarecedor ou, pelo menos, indutor à leitura de um conteúdo sério e coerente.
Porém qual não foi a minha decepção à medida em que buscava compreender o seu raciocínio. Tive a impressão de estar sendo levado à cegueira por um teórico defensor de políticas públicas e do papel do Estado.
Porque digo isso?
Vamos lá: o senhor afirma que "para sairmos dessa enorme crise, será preciso fortalecer o conceito de público, tão vilipendiado e esquecido nos tempos mais recentes".
- Que tempos recentes são esses? Os tempos de mensalão, de petrolão, de BNDES e sua caixa preta, de enriquecimento ilícito às custas do erário público e de capangas do Estado e da iniciativa privada no conluio de malditas negociatas em detrimento do bem estar da população?
O senhor sublinha "a saúde foi uma das áreas mais afetadas pela concepção minimalista de Estado e a crise do coronavírus fez com que muitas pessoas pelo mundo afora ficassem à mercê de governantes cujo discurso era o de que o governo sempre atrapalha".
- E não é verdade??? Não atrapalha não??? Quantos bilhões de reais foram investidos, no Brasil, em inúteis estádios de futebol e em "cidade olímpica" através de um ardiloso esquema de corrupção incentivado pelo Estado e a má iniciativa privada?
- Os governos anteriores tiveram ações governamentais efetivas, competentes e justas de combate às fragilidades coletivas ou à desigualdade social?
Como o senhor bem sabe, os últimos governantes brasileiros se enriqueceram ilicitamente e provocaram o toma-lá-da-cá e, despudoradamente, desrespeitaram a população brasileira ao impor, com dinheiro sujo e mal empregado, a sua leitura político-partidária sórdida e desumana para embrutecer as áreas cultural, educacional e intelectual de nosso país. Que horror!!!
O senhor cita a necessidade de ter-se um governo legítimo e efetivo. Qual é a sua real sugestão ou proposta?
O seu raciocínio não me parece claro.
O poder estatal foi deslegitimado durante mais de 15 anos de desvio de recursos da Nação Brasileira para países com regimes políticos nada democráticos, através de ações totalitárias e ditatoriais de nações do "terceiro mundo" e sob o comando de gangsters falcatruadores.
No Brasil, durante este período de corrupção endêmica, não tivemos políticas públicas de qualidade.
Vale ressaltar que a polarização "estéril" se deu através de um egocêntrico mandatário que criticava o setor produtivo ao denominá-lo "zelite" e do qual se beneficiou para enriquecer a si, sua família e seus comparsas, de forma brusca, inidônea e bastarda. Este mesmo senhor e sua equipe nefasta nunca se importaram com a desigualdade social ou com os mais pobres, ao agir como agiram.
Os morros cariocas, caro senhor Fernando Abrucio, são fruto da ignorância e arrogância de Darcy Ribeiro e de Leonel Brizola. O senhor sabe bem disso e desde então... que triste cenário!!!
Seu artigo é dúbio, tendencioso ou de má fé. O leitor atento se revolta com tanta demagogia.
Já fui assíduo leitor do Jornal Valor mas sinto-me desestimulado a continuar-lhes fiel pois vocês estão chatos!!! Vocês estão sem discurso!
Nunca subestimem os seus leitores.