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Coluna | Periscópio
Wender Reis
wendernew@hotmail.com
Wender Reis é pedagogo, mestre em Gestão Pública e Sociedade pela Unifal/MG, Analista de Educação no Sesc MG e apresentador do programa Bem Brasil na rádio Educativa Melodia FM. Atua na articulação entre educação e cultura em Varginha.
 

Cada um com seus decretos
27/03/2021
 

Um ano de pandemia, repito, UM ANO de pandemia, e advinha qual o único país do mundo que ainda alimenta uma falsa divergência entre saúde e economia? 

Caímos no passado, estamos caindo no presente e vamos continuar caindo no futuro nessa armadilha que as ideias dos ricos armaram sem dificuldade no Brasil: "se a gente trabalhar, conquistar o que é nosso, podemos tudo". 

Mas no meio do caminho... 

Acontece que o “Eu” no Brasil transbordou o seu espaço. Aqui, nossa liberdade não termina onde começa a do outro, aqui, nossa liberdade começa, ultrapassa e se sobrepõe a dos outros.

Não existe pátria, existe patrão e o desejo de ser patrão. Se você não o é, problema seu.

Nossos sistemas escolares, estúpidos e amesquinhados se perdem em burocracias burras, vivem a alimentar uma ideologia meritocrática e quando se veem encurralados pelos problemas que ajudou a criar, se colocam na defensiva e não se enxergam como parte do problema.

Não existe mundo para onde voltar, essa é a nossa casa, sempre foi. Outras pandemias virão e não existe saída pela cultura do individualismo.

As cidades estão inseridas em regiões, as regiões em Estados, Estados em países, países em continentes, continentes no planeta. As fronteiras são cada vez mais porosas.

E como não existe tragédia sem um bode expiatório, a culpa é nossa por aprender que se eu tenho dinheiro para fazer festa, eu devo fazer festa. A culpa é nossa por sermos condenados a trabalhar demais para pagar uma recompensa pelo sacrifício. A culpa é nossa por ouvir de um fantoche transvestido de presidente que a gente precisa é trabalhar mais e morrer, caso precise, fazer o que, afinal? Pois a culpa é nossa.

Mas não, essa culpa não é minha.

Eu me recuso a me sentir culpado. Mesmo me sentindo responsável, não me sinto culpado. Cabe gritar e não surtar: EU NÃO SOU CULPADO!

Em um mundo plural, os coletivos são cada vez mais de um. No país mais desigual do mundo, é um mito acreditar em Brasil. O que existe aqui são brasileiros, que não vivem no mesmo país. Aos brasileiros que estão morrendo, infelizmente, ao que parece, estão morrendo em vão. 

E no Brasil de alguns brasileiros que, mais armados, estão se preparando para matar outros brasileiros, a ordem da vez é o caos. Pois se, nós, brasileiros, somos os culpados, a guerra civil é um suicídio coletivo purificador. Trama perfeita para um apocalipse.

 
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