A morte já não tem surpreendido ninguém no Brasil. Nos conformamos com a cultura do velório. Estamos velando todos os dias. Deixar de acompanhar o defuntômetro é um jeito de tentar salvar a esperança para muitos. Mas não basta. O ator Paulo Gustavo morreu representando a si mesmo tentando sobreviver a uma doença letal. Não teve sorte. Se todos morremos, por que dar atenção maior a uma pessoa do que a outra? Perguntam. Tem mortes que atravessam as nossas bolhas, os nossos jantares, os nossos trabalhos, o nosso olhar no espelho. Para mim, a morte do ator Paulo Gustavo é uma dessas, atravessou minha noite, minha manhã e meu dia porque me fez lembrar que poderia ter sido eu, me fez lembrar que política mata sim, me fez lembrar que o Brasil é mais de quatrocentas mil vezes menor, mais de quatrocentas mil vezes mais triste (e contando).
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