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Coluna | Prosa Caipira & Cia
Sátiro dos Reis
conexaocaipira@bol.com.br
Jornalista e Filósofo caipira formado nas barrancas do Rio Verde, é contador de causo e gosta duma boa pescaria de beira de rio. Jura de pé junto que em vidas passadas já foi violeiro, peão boiadeiro e sanfoneiro nordestino. Atualmente cultiva abobrinhas, e outras sátiras a mais, no terreno fértil do humor descompromissado e da livre imaginação. * Preste atenção: qualquer semelhança com fatos ou pessoas pode não ser mera coincidência, hein!
 
Ô, Trem Doido!
06/09/2010
 
Tava lembrando cumo era bão anda di trem: tôfraco – tôfraco, tôfraco – tôfraco, e lá ia o trem. Contá um causproceis, num a di vê qui quando ieu era criança pequena conteceu di entrá um cisco no meu zóio! Gritei i o pessoar qui mi acudiu tá qui sópra daqui, i sópra di lá i nada do danado saí. Intão quando ieu já tava ficando bem abespinhado da vida, chegô tia Zurmira qui o pessoar dizia qui era benzedera di mão cheia i dissi: “Dexá ieu oiá qui trem é essi nu teu zóio, mulequi!” Meio sem intendê como podia um cisco virá trem duma hora pá ôtra dexei ela ôia o meu zóio. Uai, inté levei um susto, ela mi deu uma sacudida, jogô uma água no meu zóio, i pronto! Num a divê qui o tar do trem sumiu! Depois dessa ieu qui gostava muito di ôiá o trem quando vinha apitando, tratei di fechá o zóio inté quieli passase. Sê bobo né, vai qui um delis arresorvi entrá num meiu ôio di novo! Ta rindo, né! Num abre muito a boca não, vai qui um trem entra nela.

Ieu num négo pá ninguém qui vô votá im muié. Hómi tô fora, muié tô dentro, uai! Falando sério, cumpadi Hilário tava dando idéia di qui nas porpaganda das foto do Zé Serra divia vim iscrito:“o Ministério da Saúdi Adivérti – essi faz mar pás vista –”. Vá sê feio lá nus cafundó do Juda, uai! O hómi na hora di nascê deve tê entrado na fila da feiúra umas par di veiz!

Nem tudo na roça tem sido como era antigamenti, hoje o trem tá feio pás nossas banda tamém. Im antis ocê ovia falá das droga i parecia qui era coisa dotro mundo, agora na roça tá assim di genti dando um “tapa na pantera” tamém. Cumpadi Irineu tava mi contando qui ali pás banda di Santumé, diz qui uns cabocro tavam lá pertim da Gruta do Carimbado fumando umas erva, i num a di vê qui não si sabi di ondi surgiu um sujeito muito isquisito juntim deis. Diz qui eis oiarô pá tudo qui é lado num intendero dondi pareceu o tar lienígena. Diz qui o tar ET oiava prelis i ria pá mais di metro, i eis pá num mostrá qui tava sustado ria tamém. Nisso um caipira qui ia passando ali perto ouvindo as risada proximô pá vê o qui tava acontencendo, quando eli oiô bem pros cabocro qui tava lá rindo, num deu otra, começô a ri tamém. E assim foi qui aquela noite ficô conhecida como a noiti dos cogumelo ingraçado.

Si é verdadi num sei, cumpadi Hilário tava contando qui a Gruta do Carimbado, chama assim, purcausidquê foi ali qui o cumpadi Raú compois a músca do carimbadô maluco. É tamém a mesma gruta qui um pessoar chapado di Varginha entrô pensando qui ia saí lá im Machu Picchu, i cabo vortando pá casa mutcho putcho!

Mudando di saco pá imbornau, óia como as coisa mudaro memo na roça. Essi causo disqui foi acontecido im Campanha aqui im Minas, pertim da casa do Bispo. Alinhais, dis qui im Campanha é proibido i recramá cum o Bispo. Dois caipira arresorverô assartá a igreja di noite, na hora qui o padre tava dormindo. Só qui o padre iscuntando o baruio acordô, acendeu as luiz i priguntô:

– Quem está aí?

Os dois caipira ficaram quietim quietim, então o padre priguntô di novo:

– Quem está aí??

Um dos caipira arrespondeu:

– Nóis é anjo.

Intão o padre já bem desconfiado diz:

– Então vôa.

O otro caipira bem qui depressa respondeu:

– Nóis num pódi, nóis é fióti!!!

Já que tamu aqui pá contá causo, essi é pura verdadi, genti! Pois é né! Tem umas coisa qui pareci só contéci aqui pá nossas banda. Cumpadi Irineu inté mi dissi qui já tava prevendo qui essi negóço di trem um dia ia dá errado, i num é qui deu! O acontecido foi lá pás banda de São Domingo da Prata, ali pertim de Itabira. A noticia qui si ispaiô pela cidadi foi qui na delegacia a muié di um dos preso, chamada Leididai Sueli Araujo, num dia di visita foi fragrada cum “trem” dentro da vagina. E logo qui a notícia correu a cidadi todo mundo ficô sem sabê qui trem era essi qui a muié tava carregango pá dentro da cadeia. A verdadi é qui a muié do preso tentô iscondê no dito lugá um apareio chamado ipod qui aqui na roça nóis chama di Uaipódi. O delegado intão tentô ixprica a situação:"É o seguinte, o nosso carcereiro fez a revista na senhora em questão, ok? Ao fazer a revista, ele encontrou o tal aparelho que eu nunca tinha visto na vida. Daí peguei aquele trem... E em Minas quando a gente não sabe o nome de alguma coisa, a gente chama de trem, né!". Pois é, mais o causo num cabô por aí não, a muié Leididai Sueli decrarô qui si sentiu prejudicada i qui vai processá a polícia, óia o qui ela falô pás imprensa: "Olha, tá certo que eu estava fazendo uma coisa errada, tá. Mas, tipo assim, o delegado falou mentira, tá. Denegriu minha imagem e ainda disse que tenho um pererecão que serve de túnel de trem, tá. Agora, lá na rua, tão até me chamando de Gamela". To falando, tem males que vem pá pior!

Si oceis gostarô num sei, ieu já tô gostando muito, manda um imeio pá nóis ou prô Yorkuti(sem víru), quieu tô ino cumê uma traira das boa lá no Cumpadi Ernesto, ocê já foi? Inda não? Ô coitadu! Cumpadi Irineu é quem diz: “nem só di pão vive o hómi, é perciso passá mantega tamém”. Nóis é bão di filosfia tamém! Larga meu pé narfabeto ambientar! Sô brasileiro, uai! Nosso gosta di muié, nóis vota na Dilma. Quem polui o meiambienti acaba cum a vida da genti. Pópará di poluí, sujão! Òia os musquito da dengui di novo! Bem quieu tô avisano, hein!Tempocabô!

Pó ôiá i segui o meu brógui:

http://www.broguicaipira.blogspot.com

Psiu: quarqué erro qui oceis notá, num arrepára não!

 
 
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