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Coluna | Prosa Caipira & Cia
Sátiro dos Reis
conexaocaipira@bol.com.br
Jornalista e Filósofo caipira formado nas barrancas do Rio Verde, é contador de causo e gosta duma boa pescaria de beira de rio. Jura de pé junto que em vidas passadas já foi violeiro, peão boiadeiro e sanfoneiro nordestino. Atualmente cultiva abobrinhas, e outras sátiras a mais, no terreno fértil do humor descompromissado e da livre imaginação. * Preste atenção: qualquer semelhança com fatos ou pessoas pode não ser mera coincidência, hein!
 
No mato sem cachorro
15/05/2022
 
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Ói pô cê vê! Que o cachorro é o mió amigo dus hómi, isso todo mundo sabe. Causa disso todo caipira que se preza não vai pros mato sem levá o cachorro. Asturdia, eu mais Cumpadi Onofre fumo pescá ali na pondusbueno e levamo junto o Biriba nosso cão destimação. Tava nóis lá meio disacorçoado sem pegá nenhum fiote de piaba, quando pá nosso ispanto, o Biriba desintocô da bera do rio uma traira prá mais de metro. Sê não tivesse levado o dito cão, nóis tinha vortado de mão abanando. Se besta, sô! Quem quisé leva um gato vai vortá arranhado, isso é véro.  

“O trem tá danado di bão” é o que diz Cumadi Jandira, que mora lá pás banda de Santumé. Todo dia logo de manhã bem cedinho quando vai coá o café ela sorta voz na estrada que nem o Bituca.  Asturdia, tava eu mais Cumpadi Irineu ouvindo fala da tar mineiridade. Ele disse que o povo mineiro é uma gente diferençada isso nóis e o mundo sabe, assim como a mineirice do caipira mineiro. Sê mineiro é toma café cum pão de quejo, da nó em pingo d’água, sê desconfiado dimais da conta e apreciá um bom causo na bera do fogão de lenha. Mais não é só isso, é tamém tê inteligência além da conta pá descobri que o mundo é como um trem doido  desembestado e sem maquinista indo lá pras banda de Barbacena.

Tá no mato sem cachorro é coisa de caipira paulista que ainda costuma amarrá cachorro cum linguiça. Em Minas nóis usa linguiça pá fazê feijão tropero dusbão, e até tutu cum torresmo. Minero é simples, mas não é simprório, tem nome limpo no cartório e num adoça cardicana.

Cumpadi Hilário que é um cabocro gozador, diz que o pobrema do pessoar da cidade é que eles não sabem apreciá a correnteza do rio, por isso vivem nadando contra a corrente; correndo atraiz do vento inveis de deixá que ele vá na frente limpando os caminho. Ficô meio poético isso, mas, é verdade verdadeira. 

Cumpadi Irineu diz que quando arguém pergunta pro minero como vai a vida ele responde ligero que tá tudo mais ou menos, que vai pelejando; módiquê se dissé que tá tudo bem corre o risco dessi arguém pedi dinheiro emprestado, sê besta, sô!  

Fernando Sabino, escritor minero dusbão, diz que pá sê minero num basta só tê nascido em Minas Gerais, tem que incorporá o espírito minero. De modo bem resumido ele diz que: “sê mineiro é esperá prá vê cor da fumaça. É dormi no chão prá não cai da cama. É plantá verde prá coiê maduro. É não metê a mão em cumbuca. Não dá passo maió que as perna. Não amarrá cachorro cum linguiça”.

Si oceis gostarô num sei, ieu gostei muito Se quisé comentá pó comentá quieu tô indo cumê uma traira da mió qualidadi ali no Cumpadi Ernestu, ocê já foi? Inda não? Ô coitadu! Cumpadi Irineu é quem diz: “Divagar é qui num si vai a lugá nenhum”. Nóis é bão di filosfia tamém! Larga meu pé narfabeto ambientar! Sô brasileiro, uai!  Quem polui o meiambienti acaba cum a vida da genti. Pó pará di poluí, sujão! Aqui na roça nóis tá cuidando da saúde. Tempocabô!
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