Creio ser oportuno neste momento crucial pelo qual passamos, onde a exacerbação do egoísmo e da falta de consciência ecológica nos remete à falta de consideração para com a vida no planeta, avivar a nossa atenção para a preservação e o uso consciente deste líquido essencial e insubstituível, a água. O enfoque é sempre atual, mas o problema não é novo. Há muito tempo no Brasil, ambientalistas, entidades não governamentais e, até mesmo, alguns órgãos de governo sob direção mais lúcida, vêm trabalhando a favor do uso racional da água e da proteção dos seus mananciais. Porém, como se vê, há muito por fazer, pois, embora nos consideremos racionais, somos contraditórios: sabemos que a água é preciosa, mas, mesmo assim, não lhe damos o devido valor.
Entre todos os recursos naturais renováveis do planeta, a água é o único indispensável para nossa sobrevivência. Muito mais do que dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, ela é um elemento vital. E, talvez, por a considerarmos tão presente, tão simples e abundante, não estejamos dando a devida atenção no quanto a desperdiçamos e a poluímos. Você sabia que pelo menos 2 milhões de pessoas, principalmente crianças com menos de 5 anos de idade, morrem por ano no mundo devido a doenças causadas pela água contaminada? Que por dia por dia, cerca de 25.000 seres humanos morrem de fome ou de sede? Será necessário que sintamos a sua escassez, para aprendermos valorizá-la?
A água está intimamente ligada ao direito natural de todo ser humano que é o direito à vida. Porém, é importante compreender urgentemente que somos parte integrante de um todo: do mundo de todos os seres vivos que, independentemente da sua espécie, necessitam da água para viver. A água é a seiva do nosso planeta, a condição essencial para a existência e o fluir da vida. Sem ela não haveria, por exemplo, atmosfera, clima, vegetação, agricultura, etc. Ela não é somente um bem, uma dádiva que recebemos, é, sobretudo, um legado que temos a responsabilidade moral de preservarmos adequadamente para deixarmos às futuras gerações.
Entendo que de posse das muitas informações já conhecidas, deveríamos todos saber que, independentemente do tipo e tamanho da ação e, até mesmo, pela negligência ou omissão, quando poluímos as águas dos rios e os lençóis subterrâneos, quando destruímos nascentes ou depredamos outros cursos d’água, estamos atentando contra todas as formas de vida, inclusive a nossa. Daí a necessidade de agirmos racionalmente desenvolvendo e estimulando atitudes práticas que resultem no uso adequado da água e na sua preservação. Urge que tenhamos a consciência de que nesta tarefa toda forma de ação vale a pena e que a contribuição de cada um faz muita diferença.
Lao Tsé, no clássico livro da tradição chinesa, Tao Te King, afirmava: “O maior bem é como a água. A virtude da água está em beneficiar todos os seres sem distinção.” Que aprendamos esta lição, e em agradecimento a Deus, Criador e Fonte de todas as águas, possamos fraternalmente preservá-las para o bem de todos nós, para o bem de toda vida.
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