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Coluna | Cidadania Reativa
Willes Silva Geaquinto
Psicoterapeuta Holístico, Consultor e Palestrante Motivacional, Escritor - Autor dos livros "Cidadania, O Direito de Ser Feliz” e Autoestima – Afetividade e Transformação Existencial

Interatividade: Os textos desta coluna expressam apenas a opinião do autor sobre os assuntos tratados, caso o leitor discorde de algum ponto ou, até mesmo, queira propor algum tema para futura reflexão, fique a vontade para comentar ou fazer a sua sugestão.

Site: www.viverconsciente.com.br
 
Tá ligado ?
14/04/2022
 
Meu codinome não é beija flor, mesmo se fosse eu não revelaria. Nem sei se és confiável. Faço parte de uma galera do bem, pelo menos acredito que faço, nada oficial, mas, ainda é meio segredo, confio em ti, tá ligado?

Fui convocado para a ação pela primeira vez esta semana, antes só estudava. Meus pais não sabem de nada, não posso revelar. Para eles sou um cara normal, bem comportado. Também não revelo onde moro, vais ter que se contentar com o que conto, que não é muito e nem pouco, o suficiente. 

Hoje cumpri a minha primeira missão que foi bem sucedida; é o que penso, tá ligado! Não foi nada de mais, consistia apenas dizer olá para algum vivente no supermercado, cumprimentá-lo.  O que? Você não entendeu? Eu não disse que faço parte de um grupo do bem? Então é óbvio que essa foi uma boa ação. O que você esperava? Que eu libertasse todo mundo da matrix da paspalhice ou da ignorância? Em que mundo você vive? 

Você sabia que as pessoas não dizem mais olá, oi, ou algo semelhante? Dizem que esse gesto foi abolido na pandemia, na quarentena, isso é meia verdade, tá ligado? Já vinha acontecendo, as pessoas estavam preferindo ficar em companhia dos computadores e dos celulares. Tinha gente que nem olhava alguém nos olhos, mesmo estando juntos, no mesmo espaço, até em casa com a família. Aliás, é evidente que a pandemia assustou e ainda assusta as pessoas. Porém, penso que o fato de terem de ficar isolados e juntos assombrou e chocou muito mais, tá ligado!  

Bem, como vimos a pandemia não foi, e nem é, “uma gripezinha”, como disse por aí um imbecil, doutor em fezes nenhuma. Lá se vão quase dois anos e ela continua a ceifar vidas. Somente no Brasil, até o momento desse escrito, são mais de 646 mil mortes que continuam a ocorrer paulatinamente, dia sim e outro também. Aí entra um outro componente nessa grotesca cena, como a maioria dos viventes já tinha desenvolvido o vício de ser apenas expectador, isso estendeu-se à vida de modo geral. Razão pela qual todas essas mortes já não sensibilizaram quase ninguém, a ponto de algumas criaturas, amparadas num negacionismo burro e tosco, ainda virem a colocar em risco a vida de mais viventes, tá ligado?

E as novas cepas da covid? Bem, em síntese, o que posso lhe adiantar é que elas continuarão a se multiplicar até que aprendamos a dar um novo sentido à vida no planeta. E isso pode demorar muito tempo, já que nem mesmo a dor ou sofrimento tem sensibilizado a maioria das pessoas. Visto que elas continuam presas a paradigmas que bloqueiam o entendimento de que a vida acontece numa teia onde estamos todos “juntos e misturados”, tá ligado? É muita ignorância para pouca vida.

E o que isso tem a ver com o oi ou olá da minha primeira missão no grupo do bem? Calma, que voltaremos lá. Como temos insistido a querer voltar ao idiotizante normal de outrora, sem ao menos melhorar a nossa performance como seres humanos, agora todos temos que aprender de novo a boa convivência., temos que ressignificar a solidariedade, a cooperação, antes que, digamos, seja tarde.  Entendeu a missão? 

Você precisava ver, quando eu disse o primeiro olá para o primeiro vivente que encontrei no supermercado, ele levou um baita susto, ficou boquiaberto, e os que estavam do lado dele também, tá ligado?  Tiveram até que dar um copo d’agua com açúcar para ele; dizem que isso acalma. Se é vero não sei, mas, eu até já tomei quando certa vez cai de uma jabuticabeira. O que? É assim que chamam o pé de jabuticaba; sim aquela fruta redonda freta em forma de uma bola de gude, com uma polpa branca doce quando está madura. Dela fazem licor, vinho e até geleia. Faz muito bem para a saúde, possui inúmeras boas propriedades.  É muita informação, né? Ninguém tem tempo para isso, pelo menos é o que dizem alguns fartos de preguiça para aprender, tá ligado?

Você deve ter percebido que temos muita coisa para fazer, eu e o grupo do qual participo. Você também poderia vir a fazer parte dele. Como é que fui escolhido? Esta é uma boa pergunta, mas, hoje nem eu mesmo sei muito a respeito. Estava em casa assistindo um vídeo sobre desdobramento e adormeci, quando acordei já estava na missão lá no supermercado cumprimentando as pessoas, incrível, né! A próxima missão será cumprimentar algumas pessoas na rua. Para isso ainda terei que treinar. Tem vivente que nem lembra mais como é, força do desábito, entendeu? ausência de costume, tá ligado?

 

 

 
 
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