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Minha filha Carolline tinha seis anos quando numa tarde de domingo, ao voltarmos de um passeio juntamente com Danielle minha outra filha, ela jogou pela janela do carro um papel de bala no chão da rua. Alguns metros à frente eu parei o carro e pedi que ela voltasse e o juntasse para jogar adequadamente no lixo. Senti que naquele momento ela não gostou da minha atitude, mas, meio que brincando, eu perguntei-lhe: “minha filha, como será que ficaria o meio ambiente se todos resolvessem jogar os seus lixos na rua?”, ela respondeu: “é pai, ficaria um lixo só.” Para mim o importante naquele momento, foi que ela falou com o a expressão de quem tinha entendido o sentido daquela pequena lição.
Alguma vez você já percebeu que a solução encontrada para resolver um problema foi mais simples do que imaginava? Ou que mais valeu uma ação, mesma que pequena, do que um grande discurso vazio? Eu já vivenciei isso. E como sou otimista acredito que grande parte da solução das questões ambientais está relacionada com o nosso próprio comportamento. Sendo assim, precisamos urgentemente abandonar a cômoda posição de que alguém, algum órgão ou entidade, vai resolver tudo sozinho, para assumirmos como cidadãos o papel ativo e responsável de agentes da preservação ambiental.
Educação. Esta é, sem dúvida, a ferramenta mais adequada para qualquer projeto de transformação; nenhuma mudança se realizará se não aprendermos ou reaprendermos novas posturas. Como já diziam os antigos, educação vem do berço, e vem mesmo. É no meio familiar que principia todo o processo educacional, é ali que começamos a moldar nosso caráter, nossa personalidade e consciência. Por isso, desde cedo, é essencial que os pais ou seus substitutos, ensinem às crianças, entre outros valores, a importância de um meio ambiente preservado, pois, é inegável que o meio ambiente está intimamente ligado a fatores dos quais dependem todo o nosso bem estar. Multiplicar ações pedagógicas como a que aludi no início deste artigo, é essencial para o aprendizado sadio das nossas crianças e jovens.
Nas escolas, onde outra parte do processo educativo acontece, ou espera-se que aconteça, é necessário formar uma percepção mais profunda, racional, objetiva e conseqüente do meio ambiente. É uma exigência atual, por exemplo, agregar à educação ambiental valores e posturas com conteúdo ético e de cidadania. Posto que é pouco provável formar-se uma consciência ecológica duradoura limitando-se, por exemplo, o ensino apenas à subjetividade de matérias formais como geografia e ciências.
Acredito e defendo a mais de duas décadas, tempo em que despertei para a causa ambiental, a instituição de matéria específica e obrigatória no currículo do ensino básico ou fundamental sobre o meio ambiente. Mas, apesar de hoje existirem leis regulando essa matéria, os tecnocratas da educação e de setores afins, permanecem acomodados em seus paradigmas reducionistas e na falta de ousadia e criatividade que tanto necessita nossa realidade educacional contemporânea.
Concluindo, comemorar todo ano o Dia do Meio Ambiente, é muito pouco. Todo dia é dia do meio ambiente, todo dia é dia de viver. Daí a nossa obrigação de estar conscientemente vigiando e cuidando o tempo todo. O meio ambiente na sua diversidade e totalidade é o que nos mantém vivos: é ar que respiramos; a água que bebemos; a terra onde plantamos e colhemos; é tudo! Por isso precisamos, urgentemente, agir aqui e agora. Afinal, é a teia da nossa e de toda vida que está em perigo, é a nossa própria sobrevivência e das outras criaturas que virão depois de nós. Nós não somos os donos da terra. Apenas temos o usufruto dela. E, em sendo assim, é justo que a repassemos aos nossos filhos e aos filhos dos nossos filhos, conservada e sadia. Preservar o meio ambiente é preservar a vida!
Boa Reflexão e viva consciente.
* Este texto não é novo, mas, continua atual.
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